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Actividade Rítmica Cerebral

A actividade rítmica cerebral é classificada de acordo com a sua frequência, amplitude, forma e local de origem. O significado do registo electroencefalográfico (EEG) varia de acordo com a idade do utilizador, estado de alerta, fadiga intelectual e morfologia do crânio. O córtex cerebral é constituído por cerca de 3010 neurónios (divididos em cinco tipo de células nervosas) das quais 65 a 75% estão orientadas perpendicularmente à superfície. A actividade rítmica cerebral captada à superfície é originada primordialmente por estas células. O sinal EEG é tipicamente descrito em termos de actividade (1) rítmica e (2) transitória. A actividade rítmica é dividida em bandas de frequência. Em algum sentido, tais bandas são apenas uma questão de nomenclatura, mas a sua definição provém das observações feitas, que demonstram que determinada actividade, como uma dada gama de frequências, mostra padrões na distribuição no escalpe ou alguma significância biológica. A maioria dos sinais observados no escalpe pertence à gama de 1 a 50Hz pelo que, ao nível da frequência, os ritmos cerebrais podem ser divididos genericamente em cinco classes: delta, theta, alpha, beta e ondas gamma.

Ritmos Delta
É a banda até aos 4 Hz (figura 1). São as ondas mais lentas, e tendem a ser as maiores em amplitude. São vistas normalmente em adultos, durante o sono profundo, e em bebés. Em adultos, ocorrem predominantemente no córtex frontal (FIRDA - Frontal Intermittent Rhythmic Delta), e em crianças no córtex occipital (OIRDA - Occipital Intermittent Rhythmic Delta).


Figura1: Ritmos Delta


Ritmos Theta
Na gama 4–7 Hz (Figura 2), estes ritmos encontram-se em crianças mais novas, e podem ser vistos como manifestações de sonolência ou excitação em crianças mais velhas e adultos; estão igualmente reportados durante a meditação, relaxamento ou estados creativos. Têm a sua origem no tálamo.



Figura 2: Ritmos Theta


Ritmos Alpha
Foi a primeira actividade rítmica cerebral observada[54] (Hans Berger), e diz respeito à gama 8–12 Hz (Figura 3). Pode ser encontrada:
- Nas regiões posteriores do escalpe, em ambos os hemisférios, tendo maior amplitude no lado dominante [9]. Estes ritmos são fortemente reduzidos fechando os olhos, ou mediante relaxamento, e desaparecem durante o sono profundo.



Figura 3: Ritmos Alpha

Ritmos Beta
Beta é o grupo de frequências comprendido em 12–30 Hz (Figura 4), visto nos dois hemisférios em distribuição simétrica, e mais evidente no lóbulo frontal, ainda que também se verifique na região parietal.
Normalmente distinguidos em três sub-bandas, 1 (13–18 Hz), 2 (18–24 Hz) e 3 (24–30Hz), com origens distintas, mas globalmente associadas ao processamento de informação exterior, resolução de problemas ou tomada de decisões; como tal, estão presentes em qualquer comportamento motor[62] e são, em geral, atenuados durante a execução dos mesmos[67].

Os de baixa amplitude, com múltiplas frequências (que inclusive variam no tempo), estão associados com pensamentos activos ou introspectivos. Fazem, assim, parte da concentração mental activa. A ocorrência de ritmos Beta numa gama dominante de frequências está, por outro lado, ligado a várias patologias ou ao efeitos de certas drogas, especialmente benzodiazepinas. Podem estar ausentes em áreas corticais danificadas e são o ritmo dominante nos pacientes, de
olhos abertos, em estados de alerta ou ansiedade.


Figura 4: Ritmos Beta


Ritmos Gamma
Pensa-se que intervêm na ligação de diferentes populações de neurónios, em redes cujo propósito é realizar uma certa função, cognitiva ou motora. Estão relacionados com processos mentais de complexidade elevada como é a consciência e percepção, ocorrendo desde os 30Hz até ao limite da banda determinada pelo filtro aplicado ao EEG (Figura 5). Suspeita-se que sejam os ritmos cerebrais que contêm a maior quantidade de informação; no entanto, poucos avanços
significativos foram ainda feitos na sua interpretação.




Figura 5: Ritmos Gamma






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Meditação: Mecanismos de acção

Mesmo um breve treino (3 sessões de 20 minutos por dia) em meditação mindfulness foi eficaz para reduzir a dor e a ansiedade em indivíduos que participaram em estudos que envolveram a estimulação dolorosa eléctrica.[4] 
Anteriormente considerou-se que praticar meditação induzia essencialmente estados de relaxamento passivo, principalmente por mudanças ocorridas no sistema nervoso autónomo. No entanto, descobertas recentes, recorrendo a eletroencefalogramas (EEG) e a exames de neuroimagem, sugerem que a meditação está associada a estados activos de consciência que envolvem a reestruturação cognitiva, aprendizagem e mudanças na estrutura do cérebro.

Enquanto um breve treino de meditação pode afectar o processamento de estímulos afetivos, permitindo que as as emoções não sejam mais esmagadoras, praticantes de longo prazo também têm mudanças na estrutura do cérebro e nas reacções à dor [1].

Num estudo que utilizou a ressonância magnética estrutural (MRI), com scanners magnéticos em 17 praticantes de meditação Zen, em comparação com 18 sujeitos de controlo, submetidos a estímulos de calor capazes de evocar  dor moderada, a prática da meditação a longo prazo foi associada com a redução da sensibilidade à dor e a uma maior espessura cortical nas regiões do cérebro relacionadas com a dor, incluindo o córtex cingulado anterior e ínsula anterior [2].


Numa comparação de meditadores avançados e novatos, houve uma redução significativa no desagrado auto-relatado, mas não na intensidade da dor, o que sugere que a consciência não julgadora pode mitigar os efeitos negativos da experiência sensorial da dor [3]. Um estudo dos efeitos analgésicos dos estados ‘mindful’ (atenção plena) em 13 meditadores Zen experientes sugeriu que a modulação da dor pode ser explicada, em parte, pelas mudanças nos ritmos respiratórios [3].

Estados electrofisiológicos observados em meditadores avançados contra meditadores novatos correspondem aos estados que parecem ser únicos. Tais padrões alterados de EEG fornecem evidências adicionais para o conceito de plasticidade neuronal [5]. Enquanto que os estudos de EEG na prática da meditação Zen encontraram um aumento da actividade alfa e teta, geralmente relacionadas ao relaxamento em certas regiões do cérebro, incluindo o córtex frontal. A actividade teta foi associada com um maior grau de experiência em meditação [6]. No entanto, mesmo um breve curso de 4 sessões de meditação mindfulness foi suficiente para aumentar a capacidade de sustentar a atenção, por melhorar o processamento visual-espacial, trabalhando a memória e o funcionamento executivo [7].

Estudos de neuroimagem evidenciaram correlatos neurobiológicos da meditação, com destaque para as regiões do cérebro que regulam o controlo da atenção e do afecto - um dos principais objectivos da instrução e da prática da meditação [8].

Considera-se que a meditação promove ligações sinápticas mais eficazes entre a amígdala (estrutura do cérebro principalmente responsável pelo processamento da emoção e da ansiedade) e o processamento do pensamento no córtex [9].  

Tais estudos sugerem que a prática da meditação Vipassana está associada com a activação do córtex pré-frontal e cingulado anterior, bem como com o aumento da espessura em áreas corticais relacionadas com a atenção e aumento da matéria cinzenta subcortical no hipocampo e na ínsula direita em meditadores de longa data [10].

A partir de um estudo, que analisou a forma como a meditação afecta os parâmetros do sistema cardiovascular, baseado principalmente na avaliação das formas de onda de pressão sanguínea, inferiu-se que a meditação Zen podem melhorar as características do sistema [11]. Da mesma forma, mudanças no fluxo sanguíneo cerebral têm sido observadas durante cânticos meditativos [12].

Foi também proposto que a meditação mindfulness pode ter efeitos protectores no comprimento dos telómeros (protecção nas extremidades dos cromossomas) e, portanto, sobre o envelhecimento celular, por contrariar os estados crónicos de excitação provocado pelo stress.

Segundo este modelo, a meditação mindfulness altera as avaliações cognitivas de "ameaça" para "desafio", aumentando assim os estados mentais positivos e os factores hormonais que parecem promover a manutenção dos telómeros [13].

Conclusão
A meditação começa a ser amplamente aceite como uma técnica mente-corpo para manter a saúde holística e bem-estar. Na medicina, a meditação tem provado ser uma terapia adjuvante segura e eficaz para o tratamento de uma variedade de condições, nos efeitos psicológicos da doença crónica e nos efeitos da dor, muitas vezes ineficaz nos tratamentos convencionais. As evidências que sugerem que a meditação tem propriedades neuroprotetoras têm implicações para melhorar a cognição e a prevenção da demência [14].


Referências bibligráficas

1. Grant JA, Courtemanche J, Duerden EG, et al. Cortical thickness and pain sensitivity in Zen meditators. Emotion 2010;10:43–53.
2. Perlman DM, Salomons TV, Davidson RJ, Lutz A. Differential effects on pain intensity and unpleasantness of two meditation practices. Emotion 2010;10:65–71.
3. Grant JA, Rainville P. Pain sensitivity and analgesic effects of mindful states in Zen meditators: A cross-sectional study. Psychosom Med 2009;71:106–114.
4. Zeidan F, Gordon NS, Merchant J, Goolkasian P. The effects of brief mindfulness training on experimentally induced pain. J Pain 2010;11:199–209.
5. Fell J, Axmacher N, Haupt S. From alpha to gamma: Electrophysiological correlates of meditation-related states of consciousness. Med Hypotheses 2010;March 11:e-pub ahead of print.
6. Chiesa A. Zen meditation: An integration of current evidence. J Altern Complement Med 2009;15:585–592.
7. Zeidan F, Johnson SK, Diamond BJ, et al. Mindfulness meditation improves cognition: Evidence of brief mental training. Conscious Cogn 2010;19:597–605.
8. Rubia K. The neurobiology of meditation and its clinical effectiveness in psychiatric disorders. Biol Psychol 2009;82:1–11.
9. Mayo KR. Support from neurobiology for spiritual techniques for anxiety: A brief review. J Health Care Chaplain 2009;16:53–57.
10. Chiesa A. Vipassana meditation: A systematic review of current evidence. J Altern Complement Med 2010;16:37–46.
11. Liu CY, Wei CC, Lo PC. Variation analysis of sphygmogram to assess cardiovascular system under meditation. Evid Based Complement Alternat Med 2009;6:107-112.
12. Khalsa DS, Amen D, Hanks C, et al. Cerebral blood flow changes during chanting meditation. Nucl Med Commun 2009;30:956–961.
13. Epel E, Daubenmier J, Moskowitz JT. Can mindfulness slow rate of cellular aging? Cognitive stress, mindfulness, and telomeres. Ann N Y Acad Sci 2009;1172:34–53.
14. Xiong GL, Doraiswamy PM. Does meditation enhance cognition and brain plasticity? Ann N Y Acad Sci 2009;1172:63–69.

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Budismo - Verdade Absoluta vs Verdade Relativa

Para entender os aspectos profundos das quatro nobres verdades, a principal doutrina do budismo, é fundamental compreender o que é conhecido como as 'duas verdades'. 'As duas verdades referem-se à perspectiva filosófica budista fundamental que considera que existem dois níveis de realidade. Um é o nível empírico, fenomenal e relativo àquilo que nos parece ser, onde funções como causas e condições, nomes e rótulos, e assim por diante podem ser validamente compreendidos. O outro é um profundo nível de existência, para além do primeiro, o qual os filósofos budistas descrevem como o fundamental, ou final, a natureza da realidade, e que muitas vezes é tecnicamente referido como "vazio". A realidade absoluta não manifesta - Shunyata, Paramatman, Tao, Natureza de Buda, etc - é a base suprema de toda a realidade. O seu alcance é experimentado como Nirvana ou libertação ou auto-realização. O oposto deste estado é o mundo dos fenómenos, Maya, a verdade relativa, Ilusão, Samsara, "a roda do renascimento", sujeito à ignorância (avidya) da sua verdadeira natureza, o desejo, a infelicidade, e assim por diante.

Ao investigar a natureza última da realidade, os pensadores budistas tomaram as palavras do Buda, não tanto como uma autoridade suprema, mas sim como pistas para ajudar o seu próprio insight, pois a autoridade última deve sempre residir na própria razão do indivíduo e da sua análise crítica. É por isso que encontramos várias concepções de realidade na literatura budista. Cada uma é baseada num nível diferente de entendimento da natureza última. 


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Meditação e o sistema nervoso autónomo

O sistema nervoso, o qual é parte de um subtil e sofisticado mecanismo de controlo, é dividido em três componentes: o Sistema Nervoso Central, o Sistema Nervoso Periférico e o Sistema Nervoso Autónomo. Estes sistemas controlam a nossa acção e percepção do universo, através dos sentidos, e o sistema autónomo também rege o funcionamento automático do nosso corpo, controlando as indispensáveis tarefas não conscientes, tais como, por exemplo, o batimento cardíaco.

O sistema nervoso autónomo
Sistema nervoso autónomo (também chamado sistema neurovegetativo ou sistema nervoso visceral) é a parte do sistema nervoso que controla a vida vegetativa, ou seja, controla funções como a respiração, circulação do sangue, batimento cardíaco, temperatura corporal e digestão, entre muitas outras funções.

O desequilíbrio crónico do sistema nervoso autónomo sob a forma do aumento do tónus simpático e/ou da diminuição do tónus parassimpático é um poderoso factor de risco para a morbilidade e mortalidade cardiovascular [2] e [3]. A activação simpática cardiovascular aumenta a carga de trabalho e contribuem para a disfunção endotelial, espasmo coronário, hipertrofia ventricular esquerda, enfarte do miocárdio, arritmias e a morte súbita [3] . Diversos factores afectam negativamente o equilíbrio do sistema nervoso autónomo, incluindo resistência à insulina e síndrome metabólica, medicamentos simpaticomiméticos ou certas drogas e agentes psicossociais geradores de stresse agudo e crónico estão associadas ao aumento do risco de eventos cardiovasculares. Por outro lado, as terapias que oferecem um equilíbrio autónomo mais favorável, como o exercício físico, beta-bloqueadores e inibidores da enzima conversora da angiotensina podem reduzir a morbidade e mortalidade cardiovascular [3]. Descrito como um estado de hipometabolismo vigilante [4], as práticas de meditação podem agudamente exercer influência positiva e significativa sobre o tónus autónomo com activação parassimpática [5]. A prática regular da meditação pode influenciar favoravelmente o equilíbrio autónomo [6].

Variabilidade da frequência cardíaca e reflexos autónomos
A variabilidade da frequência cardíaca, uma medida da variação da frequência cardíaca instantânea ao longo do tempo, pode fornecer uma janela para o estudo do funcionamento do sistema nervoso autónomo e equilíbrio autónomo. Uma baixa variabilidade da frequência cardíaca tem sido associada com o aumento do risco de eventos cardiovasculares e mortalidade, e também tem sido associado a um mau prognóstico na insuficiência cardíaca e pós infarte do miocárdio [7], [8], [9], [10] e [11]. O aumento da variabilidade da frequência cardíaca aparece como cardioprotector na maioria, mas não em todos os grupos (por exemplo, aqueles com disfunção do nó sinusal), como demonstrado no estudo Rotterdam [12].

Três sub-bandas de variabilidade cardíaca de interesse particular incluem: oscilações de alta frequência (0,15-0,4 Hz), oscilações de baixa frequência (0,04-0,15 Hz) e oscilações de baixa frequência (0,3-0,04 Hz) [13]. Outra variável a ter em consideração é a arritmia sinusal respiratória (RSA). A RSA é um fenómeno fisiológico normal, durante o qual a frequência cardíaca aumenta com a inspiração e diminui com a expiração.

A respiração lenta, na freqüência de 0.1 Hz (seis ciclos respiratórios por minuto, um ciclo a cada 10 segundos), mostrou-se efectiva para aumentar a oxigenação sanguínea, a tolerância ao exercício e  a sensibilidade do barorreflexo [14] [15] , [16], [17], [18] e [19]. Esta é a mesma fisiologia que ocorre durante o treino de biofeedback para aumentar a variabilidade da frequência cardíaca [20].

Foi demonstrado que durante a recitação da Avé Maria em Latim e durante a recitação de um mantra de Yoga os praticantes diminuem espontaneamente sua taxa respiratória para 6 respirações por minuto, o que aumenta a variabilidade da frequência cardíaca e a amplitude das ondas de Mayer e até mesmo obteve-se variações rítmicas no fluxo sanguíneo cerebral.

Um dos benefícios da meditação é a redução da activação do sistema nervoso simpático e o aumento da actividade do sistema nervoso parassimpático. A meditação pode ajudar a prevenir e a tratar muitos sintomas negativos, desligando a resposta automática ao stresse.



Referências

[1] K. Rubia. The neurobiology of meditation and its clinical effectiveness in psychiatric disorders
Biol Psychol, 82 (1) (Sep. 2009), pp. 1–11.

[2] S. Emani, P.F. Binkley. Mind–body medicine in chronic heart failure: a translational science challenge
Circ Heart Fail, 3 (6) (Nov. 1 2010), pp. 715–725.

[3] B.M. Curtis, J.H. O'Keefe Jr. Autonomic tone as a cardiovascular risk factor: the dangers of chronic fight or flight Mayo Clin Proc, 77 (1) (Jan. 2002), pp. 45–54.

[4] R. Jevning, R.K. Wallace, M. Beidebach. The physiology of meditation: a review. A wakeful hypometabolic integrated response Neurosci Biobehav Rev, 16 (3) (Fall 1992), pp. 415–424.

[5] J.D. Young, E. Taylor. Meditation as a voluntary hypometabolic state of biological estivation News Physiol Sci, 13 (Jun. 1998), pp. 149–153.

[6] R. Sudsuang, V. Chentanez, K. Veluvan. Effect of Buddhist meditation on serum cortisol and total protein levels, blood pressure, pulse rate, lung volume and reaction time Physiol Behav, 50 (3) (Sep. 1991), pp. 543–548.

[7] H. Tsuji, M.G. Larson, F.J. Venditti Jr. Impact of reduced heart rate variability on risk for cardiac events. The Framingham Heart Study Circulation, 94 (11) (Dec. 1 1996), pp. 2850–2855.

[8] J.M. Dekker, R.S. Crow, A.R. Folsom et al. Low heart rate variability in a 2-minute rhythm strip predicts risk of coronary heart disease and mortality from several causes: the ARIC study. Atherosclerosis Risk In Communities Circulation, 102 (11) (Sep 12 2000), pp. 1239–1244.

[9] J. Nolan, P.D. Batin, R. Andrews et al. Prospective study of heart rate variability and mortality in chronic heart failure: results of the United Kingdom heart failure evaluation and assessment of risk trial (UK-heart)
Circulation, 98 (15) (Oct 13 1998), pp. 1510–1516.

[10] H.V. Huikuri, V. Jokinen, M. Syvänne et al. Heart rate variability and progression of coronary atherosclerosis
Arterioscler Thromb Vasc Biol, 19 (8) (Aug 1999), pp. 1979–1985.

[11] T.G. Farrell, O. Odemuyiwa, Y. Bashir et al. Prognostic value of baroreflex sensitivity testing after acute myocardial infarction Br Heart J, 67 (1992), pp. 129–137.

[12] M.C. de Bruyne, J.A. Kors, A.W. Hoes et al. Both decreased and increased heart rate variability on the standard 10-second electrocardiogram predict cardiac mortality in the elderly: the Rotterdam Study Am J Epidemiol, 150 (12) (Dec. 15 1999), pp. 1282–1288.

[13] B. Xhyheri, O. Manfrini, M. Mazzolini, C. Pizzi, R. Bugiardini. Heart rate variability today. Prog Cardiovasc Dis, 55 (3) (Nov-Dec. 2012), pp. 321–331.

[15] C.K. Peng, I.C. Henry, J.E. Mietus et al. Heart rate dynamics during three forms of meditation
Int J Cardiol, 95 (1) (May 2004), pp. 19–27.

[16] S. Phongsuphap, Y. Pongsupap, P. Chandanamattha, C. Lursinsap. Changes in heart rate variability during concentration meditation Int J Cardiol, 130 (3) (Nov. 28 2008), pp. 481–484.

[17] P. Lehrer, Y. Sasaki, Y. Saito Zazen and cardiac variability. Psychosom Med, 61 (6) (Nov-Dec. 1999), pp. 812–821.

[18] C.K. Peng, J.E. Mietus, Y. Liu et al. Exaggerated heart rate oscillations during two meditation techniques
Int J Cardiol, 70 (2) (Jul. 31 1999), pp. 101–107.

[19] D. Cysarz, A. Büssing. Cardiorespiratory synchronization during Zen meditation. Eur J Appl Physiol, 95 (1) (Sep. 2005), pp. 88–95.

[20] P.M. Lehrer, E. Vaschillo, B. Vaschillo. Resonant frequency biofeedback training to increase cardiac variability: rationale and manual for training. Appl Psychophysiol Biofeedback, 25 (3) (Sep. 2000), pp. 177–191.

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Em busca da paz mental

O mito da mente calma
Nas últimas décadas a 'paz mental/paz de espírito' tornou-se num termo extremamente difuso. Principalmente por causa de todas as imagens pouco úteis que evocam na mente da maioria das pessoas - muitas vezes incluindo monges com a respectiva indumentária, sentados em posição de lótus com um olhar sereno nos seus rostos. Porquê tão serenos? Principalmente porque eles conseguiram uma mente ‘vazia’, ‘vazia’ de pensamentos ou emoções? Isso poderá iludir muitas pessoas, já que vivem vidas frenéticas, num mundo moderno, impulsionado e guiado para e pela tecnologia, e desta forma a paz mental é vista como simplesmente fora do alcance.

Já desejou poder parar sua mente de trabalhar horas extras?
Acredita-se que cada pessoa tem milhares de pensamentos todos os dias. Isso é uma quantidade grotesca de pensamentos e mais de metade desses pensamentos é de natureza negativa. Estes números fazem qualquer tentativa de treinar o 'pensamento positivo' tendo apenas pensamentos positivos, uma tarefa monumental, senão impossível.

A paz mental é estar consciente da sua mente
Como sabe que tem uma mente? Está ciente disso? Então, por que razão, dentro de si, neste momento, existe uma consciência que está ciente de tudo o que está a acontecer, incluindo os seus pensamentos, emoções, sensações físicas e circunstâncias de vida. Por força do hábito (e porque não ensinaram melhores alternativas à medida que fomos crescendo) a maioria das pessoas coloca a maior parte da sua atenção sobre o que elas estão cientes de, em vez da consciência que está ciente de que elas estão conscientes. Ao fazer isso, elas perdem a 'consciência plena, calma, silenciosa e espaçosa' - que é naturalmente cheia de paz - porque elas colocam toda a sua atenção na sua mente. Infelizmente, tudo isto significa que elas nunca chegam a desfrutar da consciência calma que vive sempre dentro delas.

O Milagre da Paz com a Mente
O que isto significa em última análise, é bastante interessante. Devido ao facto da sua consciência atenta já ser inerentemente calma, pacífica e silenciosa, não será necessário tentar parar os seus pensamentos e as suas emoções para experimentar a paz. Em vez disso, tudo que poderá precisar fazer é aprender a estar em paz com a sua mente, redescobrindo e colocando a sua atenção sobre a sua própria consciência. Esta meta é possível para quem está disposto a interpretar uma nova forma de se relacionar com os seus pensamentos e emoções.


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Budismo - O Caminho Óctuplo

A palavra que o Buda usava para meditação era bhavana, desenvolvimento mental, uma tarefa que envolve, entre outros, a concentração correcta (o oitavo passo) e a atenção correcta (sétimo passo)...
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No budismo considera-se que a quarta nobre verdade dá origem ao que é conhecido como o "caminho óctuplo". São oito factores que não são vistos como consecutivos, mas sim complementares. São eles:

1) compreensão ou visão correctas;
2) intenção correcta;
3) fala correcta;
4) conduta correcta;
5) meios de subsistência correcto;
6) esforço correcto;
7) consciência correcta;
8) concentração correcta.
Segundo Stoddart (2004), os dois primeiros passos do caminho óctuplo dizem respeito à sabedoria, do terceiro ao quinto envolvem a moralidade e os três últimos a realização.
O caminho óctuplo, com três partes — sabedoria, realização e moralidade — exemplifica assim os três elementos que estão necessariamente presentes em todas as  religiões: a verdade, o caminho espiritual e a virtude (Stoddart, 2004).

A compreensão ou visão correctas dizem respeito a uma profunda compreensão das quatro nobres verdades.

A intenção correta (também apresentada em livros budistas como pensamento correto) diz respeito ao atingir um estado de consciência onde não há obstruções nos processos de pensamento. Thich Nhat Hanh explica que o processo de pensar é a fala da mente e como o pensamento conduz à acção, esta etapa é fundamental para que o budista possa ter uma acção correta.

A intenção correta diz respeito à ausência de todas as obstruções emocionais. (...) um estado de consciência límpido (...) livre das considerações limitadoras do auto-interesse, sem tensões. (...) a mente deveria ser pura e livre da 'sede' carnal, da malevolência, da crueldade e coisas semelhantes." (Saddhastissa, 1977)

A fala correcta, segundo Hanh (2001) envolve falar sempre a verdade, não dizer coisas contraditórias, não falar com crueldade e não exagerar nem retocar os factos. Uma fala caracterizada pela presença de sabedoria e bondade.

A conduta ou acção correcta, segundo Hanh (2001) teria como base a ideia da atenção plena baseada no princípio da não-violência tanto para si mesmo como para os outros. Saddhatissa (1977) enfatiza a ideia de compreensão dos motivos subjacentes às acções, não sendo possível a acção correcta sem uma compreensão clara e profunda do que motiva qualquer acção. Por meios de subsistência correctos entende-se a noção de encontrar uma profissão ou meio de ganhar a vida que não entre em conflito ou transgressão com a ideia de compaixão, de respeito a si mesmo e ao outro.

O sexto passo, o esforço correcto, enfatiza um aspecto importante do budismo, o da força de vontade. Ao lado do elemento sabedoria, aquele que Buda mais teria preconizado teria sido o da vontade. Toda e qualquer meta para ser realizada depende de um imenso empenho. Alcançar a iluminação, meta do budismo, requer o uso determinado da vontade. Buda forneceu uma série de orientações a respeito desse factor, ligadas à ideia de tempo e de equilíbrio. Ele sugeria um caminhar lento e constante no caminho ao invés dos exageros. Ou seja, o esforço correcto está ancorado na compreensão correcta.

Em relação aos dois últimos factores, consciência correcta e concentração correcta, Smith (2004) considera-os como os mais ilustrativos dos ensinamentos do Buda, ligados à importância da prática da meditação.
A palavra que o Buda usava para meditação era bhavana, desenvolvimento mental, uma tarefa que envolve tanto a correcta concentração (o oitavo passo) quanto a correcta atenção (sétimo passo). (...)
"Nenhum mestre deu tanto crédito à influência da mente sobre a vida quanto o Buda. (...) O Buda aconselha tanto a auto-análise contínua que parece desencorajadora, mas ele achava que ela era necessária por acreditar que a libertação da existência inconsciente é apenas alcançada pela consciência refinada. (...) A correcta atenção tem como objectivo testemunhar todos os eventos físicos e mentais, inclusive as nossas emoções, sem reagir a eles, sem condenar alguns nem se prender a outros.
(Smith & Novak, 2004).

Esses dois fatores juntos levariam à percepção de que todos os estados físicos e mentais são fluídos e não duradouros; que o apego a estes estados está na raiz de grande parte do sofrimento que experimentamos; que temos pouco controlo sobre esses estados mentais e sensações físicas, assim como pouca consciência das nossas reacções. O aprofundamento da prática nesses dois factores permitiria ao indivíduo uma crescente autonomia em relação aos seus estados mentais e domínio da própria consciência ou factores mentais em jogo nas percepções que o sujeito tem de si mesmo e do mundo.

O caminho óctuplo fornece, assim, os parâmetros básicos que orientam o praticante, tanto numa relação interna à própria prática da meditação, como num espectro mais amplo, ou seja, fornecem os critérios para a acção no mundo. Eles estabelecem uma dimensão de reflexividade à própria prática e à acção no mundo.


Referências

- Hanh, T. N. (2001). A essência dos ensinamentos de Buda. Rio de Janeiro: Rocco.
- Saddhatissa, H. (1977). O caminho do Buda. Rio de Janeiro: Zahar Editores.
- Smith, H. & Novak, P. (2004). Budismo: uma introdução concisa. São Paulo: Cultrix.
- Stoddart, W. (2004). O budismo ao seu alcance: princípios e expansão. Rio de Janeiro: Nova Era.

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Características centrais do Budismo



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“O Budismo não é uma religião que deva ser aceite cegamente, deve ser compreendido e constantemente questionado. O Buda disse, ‘aceitai as minhas palavras somente após terem examinado o seu sentido por vós mesmos; não as aceiteis apenas em nome do respeito que tendes por mim’. Embora com o decorrer do tempo o Budismo tenha sido, algumas vezes, afectado pela tradição, rituais, etc., o seu criador não formulou mais do que um método a ser experimentado.” (Saddhatissa, 1977, p. 18) 
Uma das características distintivas que merece ser salientada em relação ao Budismo é que Buda nunca pretendeu ser mais do que um ser humano. Buda, que significa o Desperto, é o nome que Sidarta Gautama ficou conhecido após ter alcançado o estado de iluminação ou de completa compreensão. O primeiro sermão de 'Buddha Shakyamuni' foi dado aos cinco ascetas que estavam no Parque das Gazelas em Sarnath, Benares. Nesse sermão, Buddha expôs os ensinamentos fundamentais do budismo: as quatro nobres verdades.

Ele explicita as quatro nobres verdades, a base de uma nova religião, sendo elas:
1) a verdade da existência do sofrimento;
2) a verdade de que há uma causa para esse sofrimento;
3) a verdade de que o sofrimento pode cessar;
4) a verdade do caminho que conduz ao cessamento do sofrimento.

Neste conjunto, a quarta nobre verdade é axial, já que ela apresenta um conjunto de instruções práticas que efectivam o cessamento do sofrimento. Essas práticas são conhecidas no budismo como "O caminho óctuplo". São ao mesmo tempo, pode-se dizer, a base ética do budismo e, em decorrência, um padrão de referência para os praticantes monitorizarem a sua conduta e desenvolvimento. A ideia de auto-
monitorização pode ser entendida como uma característica distintiva do budismo. Segundo Buda não se deve ser budista por se ter fé nele, mas pela verificação, através da experiência pessoal, que esse caminho é válido.
Essa característica do Budismo como método permite que ele possa ser visto tanto como uma religião, como uma filosofia ou como uma psicologia prática ou como uma mistura de todos.


Referências
Saddhatissa, H. (1977). O caminho do Buda. Rio de Janeiro: Zahar Editores.

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Budismo e Sofrimento

Somos educados e educamos na demanda do prazer, tentanto evitar a todo o custo o sofrimento. Todavia, este padrão de funcionamento torna-se, mais cedo ou mais tarde, numa armadilha.

A vida é, em parte, constituída por sofrimento. Portanto, quando o sofrimento surge – como perda, desapontamento, como frustração, como solidão ou depressão, ou como a especulação sobre o que deveríamos ser ou fazer – observamos uma verdade básica da natureza que todos os seres humanos, quer estejam num mosteiro ou fora dele, precisam enfrentar de tempos em tempos nas suas vidas

Vocês irão descobrir que quando o sofrimento surge, vocês têm duas opções. Podem tentar fugir do sofrimento ou investigá-lo (Ajahn Brahmavamso).

Isso exige coragem e força para nos mantermos firmes apenas observando. Algo que poderemos notar é que o sofrimento passa e ele sempre passa dando lugar a outros estados emocionais, como a felicidade. Esse é o jogo do samsara (a deambulação perpétua de uma vida para uma outra vida), o jogo do dia e da noite, do calor e do frio. Essa é a dualidade básica das experiências. Não há escapatória disso neste mundo ou em qualquer outro mundo. Esta dualidade das experiências estará sempre connosco.
O Buda disse que obter aquilo que não queremos é sofrimento e não obter aquilo que queremos também é sofrimento. Podemos perguntar: “Exatamente o que é que eu quero?” Na prática meditativa poderemos utilizar esta questão introspectiva como se fosse um mantra. “O que é que eu quero?” (Ajahn Brahmavamso)

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Prática de Meditação de Amor-Bondade e Longevidade

 O estudo descobriu um significativo maior comprimento dos telómeros em indivíduos com muitos anos de experiência em MAB, em comparação com pessoas que não meditam.
Um estudo publicado na revista Brain, Behavior, and Immunity descobriu que a prática da meditação de amor-bondade (loving-kindness) está associada com telómeros mais longos em mulheres. Os telómeros são estruturas nucleoprotéicas localizados nas extremidades dos cromossomas e que se vão reduzindo com a divisão celular e replicações repetitivas. Geralmente, os telómeros encurtam com a idade e este encurtamento pode ser acelerado na presença de danos oxidativos celulares ou stresse psicológico crónico (Damjanovic et al, 2007; Epel et al, 2004; Kotrschal et al, 2007). Vários estudos demonstraram que os níveis mais elevados de stresse psicológico e de vida estão associadas com telómeros mais curtos, como história de stresse intra-uterina (Entringer et al, 2011), adversidade na infância (Kananen et al, 2010; Tyrka et al, 2010), alta ansiedade fóbica (Okereke et al, 2012), stresse grave no trabalho (Ahola et al, 2012), dor crónica (Sibille et al, 2012) e privação de sono (Prather et al, 2011). Notavelmente, os telómeros mais curtos foram associados com a mortalidade precoce (Cawthon et al, 2003). Portanto, o comprimento dos telómeros pode reflectir a associação de factores psicológicos na saúde e longevidade.


Não está totalmente claro se a variável estilo de vida pode aumentar o tamanho dos telómeros ou retardar o seu desgaste, mas existem estudos que mostram associações entre os comportamentos de saúde ou escolhas no estilo de vida e o comprimento dos telómeros ou da telomerase, a enzima responsável da reparação dos telómeros. Tem sido mostrado, por exemplo, que o exercício físico parece estar estar associado com telómeros mais longos e maior actividade da telomerase e parece moderar o efeito do stresse no comprimento dos telómeros (Ludlow et al, 2008; Puterman et al, 2010; Werner et al, 2009). A grande variedade de comportamentos saudáveis e factores relacionados com a saúde têm sido associados com telómeros mais longos (índice de massa corporal abaixo de 25 kg/m2, não-tabagismo, dieta saudável e exercício moderado a vigoroso) (Sun et al, 2012). Por último, ser casado foi significativamente associado a um maior comprimento dos telómeros (Yen & Lung, 2012).

Há evidência de que o treino meditativo também pode afetar a telomerase. Se a prática da meditação protege os telómeros contra o envelhecimento acelerado provocado pelo stresse, seria de esperar observar telómeros mais longos em meditadores experientes. Dados de outras estudos sugerem que a meditação pode ter um efeito protetor contra o envelhecimento, incluindo um estudo que mostra a não atrofia da matéria cinzenta do cérebro relacionada com a idade (Lazar et al, 2005).

A meditação de amor-bondade (MAB) ou meditação metta é um tipo de prática meditativa que se concentra no desenvolvimento de uma intenção positiva, numa bondade altruísta e calorosa para com todas as pessoas e seres (Salzberg, 1995). Os estudos preliminares em MAB demonstraram efeitos positivos desta prática. Por exemplo, os funcionários que se inscreveram num programa de bem-estar no local de trabalho foram aleatoriamente escolhidos para aprender MAB ou foram colocados em lista de espera. Após 7 semanas, os indivíduos no programa de MAB tiveram mais emoções positivas, uma maior sensação de propósito na vida, maior percepção de apoio social e diminuição dos sintomas de doença, como dores de cabeça, congestionamento ou fraqueza (Fredrickson et al , 2008). Num estudo piloto com pacientes com dor lombar crónica seleccionados aleatoriamente para MAB ou tratamento padrão, a MAB foi associada a maiores reduções na dor, cólera e sofrimento psíquico do que o grupo de controlo (Carson et al., 2005). Todos estes dados, considerados em conjunto, sugerem que a MAB, uma prática que promove sentimentos positivos para com os outros, pode melhorar a nossa saúde em geral.

Porque os telómeros curtos estão associados com o stresse psicológico crónico, e a MAB parece diminuir o stresse, o estudo examinou o comprimento dos telómeros numa população de meditadores experientes em MAB e a hipótese de que eles teriam
telómeros mais longos do que os elementos do grupo de controlo, considerando a idade, o género e as habilitações académicas. Além disso, uma vez que a literatura sugere que o comprimento dos telómeros é maior nas mulheres (Bekaert et al., 2007; Nawrot et al., 2004), os autores decidiram também analisar o género separadamente.

Foram recrutados indivíduos com mais de 18 anos com extensa prática de MAB através de anúncios impressos e panfletos, solicitando meditadores experientes em Metta (MAB) em comunidades de meditação Vipassana e centros de retiro na Nova Inglaterra. Para participar, as pessoas tinham que ter 4 anos ou mais de prática regular de MAB, quase diariamente, e deveriam ter participado em pelo menos um retiro de meditação (não necessariamente de MAB) de 3 dias ou mais de duração. Os participantes do grupo de controlo tinham também idade igual ou superior a 18 anos de idade, mas foram obrigados a não ter experiência com qualquer meditação ou práticas de yoga (não mais de 4 aulas na vida). Os critérios de exclusão incluíram o diagnóstico actual de qualquer dos seguintes transtornos mentais, tal como definido no DSM-IV e avaliados pela Entrevista Neuropsiquiátrica Mini-International (Sheehan et al, 1998): esquizofrenia ou outras psicoses, atraso mental, transtorno de stresse , abuso de álcool ou de substâncias, depressão, distúrbios de pânico ou desordem de ansiedade generalizada. Os participantes também foram excluídos se tivessem uma séria doença médica actual, se eles tomassem medicação hormonal, como contraceptivos orais ou terapia de substituição hormonal, se tivessem doenças endócrinas, tais como doença de Addison ou doença de Cushing, se tivessem uma doença inflamatória aguda, se tivessem um diagnóstico de cancro nos últimos cinco anos ou se estivessem grávidas ou a amamentar.

Na análise estratificada por género, as mulheres meditadoras tiveram significativamente telómeros mais longos do que homens meditadores. Relatos anteriores sugerem um maior desgaste dos telómeros nos homens ao longo do tempo (Bekaert et al, 2007;. Ren et al, 2009; Unryn et al., 2005), e é possível que possa haver uma interação com fatores ambientais, como o uso de práticas meditativas ou outras diferenças nos estilos de vida. O resultado de telómeros mais longos em meditadores é consistente com trabalhos anteriores que demonstraram uma associação entre a meditação e a telomerase (Jacobs et al, 2011), e sugere a possibilidade de que a MAB poderia potencialmente ter efeitos benéficos sobre o comprimento dos telómeros, um marcador do envelhecimento celular ligado à longevidade.




Por Vitor Bertocchini

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Meditação yóguica e efeitos sobre a saúde mental, cognição e actividade da telomerase

Este estudo, presente na revista International Journal of Geriatric Psychiatry, analisou os efeitos da meditação yóguica diária sobre a saúde mental, funcionamento cognitivo e actividade da telomerase celular em cuidadores de familiares com demência com sintomas depressivos leves.

O stresse crónico coloca os cuidadores em maior risco de desenvolver depressão. Em média, a incidência e prevalência de depressão clínica em cuidadores de familiares com demência aproxima-se dos 50% (Lavretsky, 2005). Os cuidadores são duas vezes mais propensos a relatar altos níveis de stresse emocional (Lavretsky, 2005). A tendência de diminuição da resistência ao stresse com o avançar da idade está relacionada com um aumento da taxa de doença cardiovascular e mortalidade. Embora a relação entre saúde mental e física tem sido documentada, as ligações estão recentemente a começar a ser entendidas a nível celular (Miller et al, 2009). O comprimento dos telómeros foi recentemente proposto como uma " psicobiomarcador " útil ligando o stresse psicológico crónico e doenças relacionadas com o envelhecimento (Epel et al, 2006).

O telómero é uma região de sequências repetitivas de ADN no final de um cromossoma, que protege a extremidade do cromossoma de deterioração. Redução do comprimento dos telómeros e da telomerase (a enzima celular principal responsável pela extensão e manutenção dos telómeros) estão associadas com a mortalidade prematura e predizem uma série de riscos à saúde e de doenças (Lin et al, 2009), que pode ser regulada em parte pelo stresse psicológico (Epel et al, 2004 ; Ornish et al, 2008; Epel et al, 2009) .

Muitas das intervenções psicossociais existentes para a redução do stresse e da depressão em cuidadores têm apenas demonstrado benefícios modestos (Lavretsky, 2005). Muitos cuidadores são contra o uso da medicação por causa do efeitos colaterais associados e preferem usar a medicina complementar e alternativa para a redução do stresse. Essas considerações motivaram os autores deste estudo a testar uma breve intervenção mente-corpo para redução do stresse.

Foi realizado um estudo piloto aleatório recorrendo à meditação Kirtan Kriya, comparando-se com o relaxamento passivo (ouvir música instrumenta) durante 12 minutos por dia e por 8 semanas.

Este estudo foi o primeiro a investigar a eficácia da prática diária de Kirtan Kriya para melhorar: (i) os sintomas depressivos, (ii) a saúde mental; (iii) a cognição, e (iv) a actividade da telomerase em cuidadores de familiares com demência, com sintomas depressivos leves num estudo controlado aleatório. verificou-se uma melhoria nas medidas de saúde mental e funcionamento cognitivo, distúrbios psicológicos e actividade da telomerase em cuidadores que realizaram diariamente o Kirtan Kriya, comparado com o grupo de relaxamento.

Este estudo piloto constatou que as práticas diárias de meditação breves por cuidadores de familiares com demência pode levar a um melhor funcionamento mental e cognitivo e menores níveis de sintomas depressivos. Esta melhoria foi acompanhada por um aumento na actividade da telomerase, sugerindo redução no envelhecimento celular induzido pelo stresse.


Por Vitor Bertocchini

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Mindfulness reduz a ansiedade a nível neurológico

budismo mindfulness
A activação do córtex cingulado anterior, a área que governa o pensamento e a emoção é a região principal que se acredita provocar a diminuição da ansiedade.

Mindfulness reduz a ansiedade a nível neurológico?


Nos últimos anos tem-se assistido a um fluxo constante de investigações que mostram o impacto da meditação mindfulness na redução da ansiedade. Até há pouco tempo, os mecanismos cerebrais específicos que procuram explicar como a meditação alivia a ansiedade a um nível neural eram desconhecidos.

Recentemente, investigadores da Wake Forest Baptist Medical Center publicaram um estudo intitulado "correlatos neurais da Meditação Mindfulness no alívio da ansiedade", na revista científica Social Cognitive and Affective Neuroscience, que identifica as regiões do cérebro activadas pela meditação mindfulness.

A ansiedade é um estado cognitivo ligado a uma incapacidade de regulação das respostas emocionais às ameaças percebidas. A meditação mindfulness fortalece a capacidade cognitiva do praticante na regulação das emoções. "Embora saibamos que a meditação pode reduzir a ansiedade, não se havia identificado os mecanismos cerebrais específicos envolvidos no alívio da ansiedade em indivíduos saudáveis", disse Fadel Zeidan Ph.D., investigador em neurobiologia e anatomia em Wake Forest Baptist e principal autor do estudo. "Neste estudo, pudemos ver que áreas do cérebro foram activadas e quais foram desactivadas durante a diminuição da ansiedade provocada pela meditação."

Para o estudo, os investigadores recrutaram quinze voluntários saudáveis com níveis normais de ansiedade. Essas pessoas não tinham nenhuma experiência anterior de prática meditativa ou de transtornos de ansiedade conhecidos. Todos os sujeitos participaram em quatro classes de 20 minutos para aprender uma técnica conhecida como meditação mindfulness. Nesta forma de meditação, as pessoas foram ensinadas a se concentrar na respiração e nas sensações corporais e a avaliar, sem julgamentos, pensamentos e emoções distractores.

Assistiu-se a uma redução significativa na ansiedade em todas as sessões de meditação. Mais precisamente, foram identificadas reduções de 39% nos níveis da ansiedade dos participantes. Com o recurso a imagens cerebrais descobriu-se que o alívio da ansiedade relacionado com a meditação foi associado com a activação do córtex cingulado anterior, córtex pré-frontal ventromedial e ínsula anterior. Estas áreas do cérebro estão envolvidas nas funções executivas e do controlo das preocupações. A activação destas três regiões cerebrais provocada pela meditação foi directamente associada ao alívio da ansiedade.

A activação do córtex cingulado anterior, a área que governa o pensamento e a emoção é a região principal que se acredita provocar a diminuição da ansiedade. Estes resultados fornecem evidências de que a meditação mindfulness atenua a ansiedade através de mecanismos envolvidos na regulação dos processos de pensamento auto-referenciais.

Conclusão

Variadíssimos estudos anteriores demonstraram que a meditação pode reduzir significativamente a ansiedade em pacientes com ansiedade generalizada e transtornos de depressivos. "Os resultados deste estudo de neuroimagem complementam o crescente corpo de conhecimento sobre os benefícios do treino da mente, mostrando os mecanismos cerebrais associados ao alívio da ansiedade relacionada com a meditação em pessoas saudáveis", disse Zeidan. Acrescentando: " Isso mostrou que apenas alguns minutos diários de meditação mindfulness pode ajudar a reduzir a ansiedade."


Quando se trata de um quadro ansiogénico muitas pessoas instintivamente voltam-se para os medicamentos na procura de alívio e, frequentemente, são os próprios clínicos que indicam esse caminho. Enquanto alguns acreditam plenamente que os medicamentos são úteis e benéficos, todos concordam que o uso excessivo de prescrições pode causar mais mal do que bem. A meditação é uma maneira mais natural e eficaz para combater a ansiedade. Libertando a mente pode contribuir para que os nossos corpos e mentes desliguem da sensação de perigo e de stresse, contribuindo para um sentimento de segurança e de serenidade.
Por Vitor Bertocchini

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A meditação relaxa o sistema nervoso

O sistema nervoso, conhecido como o centro de controlo do corpo, é um dos sistemas mais importantes do corpo humano. Ele é responsável pelo bom funcionamento de duas respostas principais: respostas conscientes voluntárias activadas por músculos (controladas pelo sistema nervoso simpático) e respostas involuntárias que não estão sob nosso controlo, tais como o batimento cardíaco, transpiração, digestão, etc. (controladas pelo sistema nervoso parassimpático).

São as funções involuntárias que são mais afectadas pela ansiedade, tensão, fadiga e depressão, e os especialistas têm demonstrado que a meditação pode reduzir os efeitos negativos sobre o nosso sistema nervoso provocada por essas emoções. A meditação estimula o sistema nervoso parassimpático para acalmar as nossas mentes e corpos, impedindo uma hiperactividade do nosso sistema nervoso simpático.

O sistema nervoso simpático promove uma resposta hardcore de luta ao stresse, o que aumenta a frequência cardíaca, frequência respiratória, a circulação sanguínea, sudorese, pressão arterial, etc. O sistema nervoso parassimpático é responsável pelos regulares, calmos, tons leves dos nossos sentidos na ausência de uma emergência. Meditação reduz a actividade do sistema nervoso simpático, fornecendo energia suficiente para o sistema nervoso parassimpático, que é responsável por acalmar-nos. Com Meditação adequada o corpo vai experimentar uma respiração melhorada, menos forçada e um aumento do oxigénio e nutrientes para as diversas partes do corpo, devido a uma melhor circulação e fluxo sanguíneo.

Assiste-se a um aumento de lactato no sangue, uma substância produzida pelo metabolismo, durante a ansiedade e a tensão. Estes níveis são reduzidos muito mais rapidamente com a prática meditativa do que com medicamentos ou outros métodos de relaxamento. A meditação cria uma complexidade de respostas que marca um estado altamente relaxante. De acordo com o mundialmente famoso autor de Cuidando do corpo curando a mente (Minding the Body, Mending the Mind), Dr. Borysenko, a Meditação ensina-nos a ter acesso à resposta de relaxamento - mantendo as nossas mentes alertas para que as respostas ao stresse não assumam o controlo, perturbando a nossa saúde e o nosso bem-estar mental e emocional.

Meditação altera positivamente a interação dentro do sistema nervoso para nos relaxar, e ensina-nos a controlar e minimizar as respostas ao stresse. Desta forma, a Meditação mantém-nos calmos e mais conscientes e reduz os riscos de saúde relacionados com o stresse. Todos podem beneficiar da meditação. O que espera?


Por Vitor Bertocchini

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Espiritual mas não religioso(a)? Uma mistura perigosa!

Convencionalmente pensa-se que as pessoas religiosas e aqueles que não são nem religiosas, nem espirituais não diferem no seu estado de saúde mental, sugerindo que ser religioso oferece poucas vantagens em termos de saúde mental. As razões para isso não são ainda claras. Estudos em Psicologia da Espiritualidade oferecem algumas pistas sobre as razões das pessoas mais espirituais, mas não religiosas serem mais propensas a pior saúde mental, embora mais investigações sejam necessárias para explicar completamente esta associação.

Os autores concluíram que as pessoas que são espirituais, mas não religiosas na sua visão da vida são mais vulneráveis a transtornos mentais do que outras pessoas. A natureza da relação causal entre espiritualidade e transtorno mental é actualmente desconhecida. Um estudo britânico anterior teve resultados semelhantes e os autores notaram que é possível que não ter uma estrutura religiosa para as nossas crenças podem levar a doença mental em pessoas que têm a necessidade de uma compreensão espiritual da vida (King, Weich, Nazroo, e Blizard, 2006). Alternativamente, tendo um transtorno mental pode levar uma pessoa a se envolver numa busca espiritual, na esperança de cura mental ou de compreensão mais profunda dos problemas de cada um. 
As pessoas que são espirituais mas não religiosas são mais propensas a sofrer problemas de saúde mental, de acordo com um estudo publicado no British Journal of Psychiatry. Michael King da University College London e seus colaboradores examinaram 7.400 entrevistas com participantes na Grã-Bretanha, dos quais 35% tinham uma visão religiosa da vida, 19%, uma espiritual e 46% nem uma perspectiva religiosa e nem espiritual. A análise levou a uma conclusão clara. As pessoas mais espirituais, na ausência de uma base religiosa são vulneráveis ao transtorno mental (dependência de drogas, atitudes alimentares anormais, ansiedade, fobias e neuroses)." Este estudo suporta também as evidências de outros estudos.

Os participantes foram agrupados em clusters cuja compreensão da vida era predominantemente religiosa, espiritual ou
nenhuma das duas. Estes termos foram definidos da seguinte forma:
"Por religião, entendemos a prática da fé, por exemplo, ir a um templo, mesquita, igreja ou sinagoga. Algumas pessoas não seguem uma religião, mas têm crenças ou experiências espirituais. Algumas pessoas fazem sentido das suas vidas sem qualquer crença religiosa ou espiritual."
Os participantes foram também entrevistados, em profundidade, sobre a sua saúde mental, uso de álcool e de drogas, apoio social, uso de medicação psicotrópica, jogos de azar, e foram questionados sobre a sua felicidade em geral.

Os autores concluíram que as pessoas que são espirituais, mas não religiosas na sua visão da vida são mais vulneráveis a transtornos mentais do que outras pessoas. A natureza da relação causal entre espiritualidade e transtorno mental é actualmente desconhecida. Um estudo britânico anterior teve resultados semelhantes e os autores notaram que é possível que não ter uma estrutura religiosa para as nossas crenças podem levar a doença mental em pessoas que têm a necessidade de uma compreensão espiritual da vida (King, Weich, Nazroo, e Blizard , 2006). Alternativamente, tendo um transtorno mental pode levar uma pessoa a se envolver numa busca espiritual, na esperança de cura mental ou de compreensão mais profunda dos problemas de cada um.



Referências

King, M., Weich, S., Nazroo, J., & Blizard, B. (2006). Religion, mental health and ethnicity. Empiric – A national survey of England. Journal of Mental Health, 15, 153-162.

Koenig, H. G. (2008). Concerns About Measuring "Spirituality" in Research. The Journal of Nervous and Mental Disease, 196, 349-355.


Por Vitor Bertocchini

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Master Classes na arte do Yoga, da Saúde Holística e da Meditação



A Escola Internacional de Yoga Swara Yoga estará no dia 10 de Novembro em Matosinhos para orientar Masterclasses nas áreas do Yoga, da Saúde Holística e Meditação.
Será uma excelente oportunidade para aprender, não só teorica, mas sobretudo empiricamente, de uma forma integrativa, as práticas holísticas que esta escola oferece.


Introdução

A base de toda a criação, incluindo o corpo físico, são os cinco elementos - terra, água, vento, fogo e espaço. O bem-estar do corpo e da mente pode ser estabelecido através da purificação desses cinco elementos no sistema humano. Estes elementos não são uma meramente uma metáfora. Eles são qualidades e conceitos que podemos testemunhar na vida quotidiana, lembrando-nos de que a nossa saúde e equilíbrio são estados dinâmicos de ser. Tudo está em constante mudança. Usando Asanas, Pranayamas, Meditações com Visualizações e Meditações sobre os cinco sentidos (Indriyas) os participantes poderão criar práticas de Yoga que são adequadas para cada estado pessoal de equilíbrio elemental.

O Hatha Yoga tradicional enfatiza a purificação dos elementos do corpo (bhuta shuddhi) e a purificação da consciência (chitta shuddhi) como meios de auto-realização. É por esta razão que o Yoga prescreve e recomenda uma dieta vegetariana, rica em alimentos que contenham muito prana (energia vital) e que tenham sido elaborados observando valores éticos, como a veracidade e a não-violência. O motivo que está por trás dessa prescrição alimentar é que, para um corpo-mente intoxicado, será muito mais difícil perceber os aspectos mais subtis da paisagem interior.
Num longo decorrer do tempo várias tradições espirituais foram desenvolvendo formas específicas de meditação, como por exemplo as diferentes escolas de yoga indianas, as diferentes tradições do budismo, o taoísmo chinês, a cabala judaica, etc… A sua meta é disciplinar a inquietude mental, acalmando a mente, fortalecendo a concentração e expandindo a consciência. As técnicas de dhyana ou meditações elaboradas por iogues, na sua maioria, não são divulgadas abertamente, mas apenas numa relação directa entre professores e alunos, de forma a impedir que sejam desfiguradas por comunicações defeituosa, ou, que tais técnicas sejam praticadas por pessoas que ainda não estejam suficientemente preparadas para tal.
Os benefícios da meditação têm provocado cada vez mais um maior interesse à medicina ocidental, colocando-a sob o crivo analítico do seu rigoroso método científico.



Programa

9h30 - 11h
Prática de Yoga
O desenvolvimento de uma postura de meditação adequada e confortável é inseparável do trabalho com a coluna vertebral desde uma abordagem física e energética. As posturas (asanas) do Yoga combinam simultaneamente o físico e o energético. Nesta classe especial serão ensinadas e praticadas sequências específicas para desbloquear o fluxo de energia ao longo do canal central do corpo (sushumna nadí), permitindo retirar mais e maiores benefícios da prática meditativa.

11h15 - 12h30
Lecture
Serão discutidas as quatro funções da mente envolvidas na meditação e como as podemos reconhecer e trabalhar, procurando coordená-las de forma sinérgica: Manas, Ahamkara, Chitta e Buddhi.
Também será abordada a importância da meditação no estilo de vida moderno.
Esta palestra será apresentada por Jai Garuda (Austrália). Tradução disponível.

14h30 - 15h45
Lecture
A importância de uma dieta saudável no processo meditativo, desde uma perspectiva Ayuvérdica. Vamos discutir o impacto de certos alimentos na nossa mente bem como os alimentos mais apropriados para um processo meditativo mais eficaz .
Esta palestra será apresentada por Sofia Araújo.

16h00 - 17h30
Meditação Guiada
Nesta sessão vamos explorar a natureza da mente com diversas técnicas meditativas utilizadas no Yoga. O objectivo é seguir passo a passo os diferentes estágios de meditação e observar as diferenças de estados de mente em cada estágio deste processo.

17h30 - 18h00
Chá e convívio


Material necessário
- Convém trazer roupas largas, uma almofada e um tapete; caso não disponha, favor indicar.
- O evento é aberto a todos e não implica nenhum conhecimento teórico ou prático de yoga e de meditação.
- O retiro só se realizará com um mínimo de 15 participantes.


Facebook: Evento


Local do curso
Rua Dr. Afonso Cordeiro, nº323 Matosinhos

Quem são os Professores?

Jai Garuda é um professor de Yoga Internacional que começou a estudar medicina alternativa há mais de 18 anos. Treinou na Índia e na Austrália, em Hatha, Satyananda, e Iyengar yoga, Jai também ensina Zen Shiatsu, e tem sido um terapeuta clínico como quinesiologista, conselheiro holístico e Terapeuta de Yoga. Ele tem participado activamente na Saúde Comunitária em vários países, treinando muitos estudantes de todo o mundo em Terapia de Yoga. Ele também tem um interesse de longa data em Medicina Xamânica e Terapia de Dança.



Sofia Araújo. Faz mais de 13 anos desde que iniciou a explorar o Yoga como uma prática mais profunda, um estilo de vida e, acima de tudo, como uma dádiva. No início das práticas, o que se recorda é de uma sensação de leveza seguida por uma curiosidade para saber mais. As pessoas falavam sobre despertares espirituais que advêm das práticas de Yoga, mas demorou um pouco para que fosse capaz de sentir a sua.Esta viagem levou-a de Portugal para a Tailândia, Índia, Nepal, Inglaterra, Irlanda, Suíça, Suécia, Noruega e Dinamarca. Este último, onde morei por 3 anos. Em 2008, após 2 anos de ensino sólido na Dinamarca, voltei para a Índia para estudar Terapia de Yoga, na Universidade de Yoga de Nasik e, novamente, fazer uma imersão nas práticas Ayurvédicas com o Dr. Jagdish da Universidade de Pune. No início de 2009 fez outra formação de professores de yoga no Jungle Yoga na Tailândia, que ensina as tradições da Krinamacharya, Viniyoga e Tantra. Pelo meio também fez várias imersões e workshops de Anusara Yoga. Estudou massagem Yoga Ayurvédica em profundidade e Ayurveda na Medicina Popular, enfocando os aspectos nutricionais desta ciência da vida. Em 2010 começou a olhar para a sabedoria da medicina oriental com o seu parceiro co-professor, Jai Garuda, tendo aprendido (e ainda a aprender) como o corpo e o sistema de meridianos fornece o mapa para a Terapia de Yoga. Começou a integrar os princípios da macrobiótica no processo de Terapia de Yoga, participando em vários workshops e aulas de culinária. Em 2013 participou no treino de Coaching de Saúde e de Aconselhamento do Instituto Português de Macrobiótica.


Próximos Eventos da Escola Swara Yoga
http://www.swara-yoga.com/events.html

Mais Informações
http://www.elemental-yoga.com/what-is-elemental-yoga.html
http://www.elemental-yoga.com/the-mandala-retreat.html

Facebook:
https://www.facebook.com/SwaraYogaSchool

Press

ELEPHANT JOURNAL, December 2012
http://www.elephantjournal.com/2012/12/elemental-yoga-balance-your-5-elements-jai-garuda/
CHOICE HEALTH MAGAZINE, October 2012
http://choicehealthmag.com/download/mag/choicehealthmag.com_issue_19_oct_nov_2012_woie89ad2.pdf
KINDRED SPIRIT, September 16th 2012
http://www.kindredspirit.co.uk/articles/article-detail/957
HUFFINGTON POST, September 14th 2012
http://www.huffingtonpost.co.uk/ariadna-bakhmatova/become-a-yoga-teacher-con_b_1883288.html?just_reloaded=1
YOGI TIMES, September 2nd 2012
http://www.yogitimes.com/review/swara-yoga-school-yoga-teacher-training-malfra-portugal/

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Kumaré - uma história verdadeira de um falso profeta

Pode um falso guru ensinar verdades espirituais?
Esta experiência que se tornou num filme prova que sim!


"Não sou iluminado. O que vês em mim é a tua própria bondade e potencial" – Sri Kumaré

As palavras guru e mestre ou professor espiritual fazem já parte do léxico das sociedades ocidentais contemporâneas.  Assiste-se, num ritmo frenético, à crescente oferta de orientação espiritual, talvez provocada pelo esvaziamento moral e ético. Esta tendência intrigou o cineasta Vikram Gandhi. Criado em Nova Jersey por uma família com valores tradicionais Indianos, disposto a deixar a sua fé hindu no esquecimento. Especialmente, depois de conhecer gurus reais durante as filmagens de um documentário na Índia. Observando que estes homens não eram mais 'santos' do que qualquer outra pessoa , ele teve uma ideia e a experiência social que se tornou o filme Kumaré nasceu. Vikram deixou crescer a barba, adoptou o sotaque indiano da sua avó e transformou-se em Sri Kumaré, um guru com uma filosofia inventada.
Surpreendentemente, ou talvez não, funcionou!




O filme recebeu boas críticas, com algumas pessoas a discutirem os métodos utilizados. Por exemplo,  assiste-se pessoas inocentes a serem enganadas. No entanto, Vikram não é Borat . Ele não realizou este filme simplesmente para fazer divertir as pessoas, utilizando como metáfora o movimento New Age. O filme inicia desta forma, mas, no final, ele partilha uma verdadeira mensagem espiritual.

O realizador também deixa,  ao longo do filme,  algumas sugestões sobre os seus motivos, constantemente dizendo aos seus seguidores:

"Eu não sou real."
"Eu sou o maior falsificador, eu sei."
E, "Não existe nenhum guru."

Não revelando o final, basta dizer que, muitos dos seus seguidores, finalmente, captam a mensagem: seja o seu próprio guru.

Na revista Time
Entrevista na SXSW parte1  parte 2

Gurus, mestres espirituais e afins 
Porto, Maia, Matosinhos, Portugal, Lisboa, España, prática, praticar, Meditação, Mindfulness, Budismo, Zafu, Saúde, Formação, Buddhism, donate, doar, saúde, bem-estar, ansiedade, depressão, yoga

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Gurus, mestres espirituais e afins

Ter um professor para nos guiar em qualquer área pode ter um valor inestimável. Isto também é verdadeiro na Espiritualidade. Como a Espiritualidade é subtil ou intangível por natureza, é difícil identificar com clareza quem são os líderes, guias ou gurus credíveis.

O problema com muitos denominados líderes espirituais relaciona-se com o facto de quando as pessoas ouvem ou lêem um desses 'iluminados', sentem-se óptimas, ficam intelectual e emocionalmente satisfeitas. Começam a sentir o 'gosto' do que é a liberdade. Na verdade, elas sentem-se que já estão, de alguma forma, libertas, iluminadas, e que a realização permanente está ao virar da esquina. Mas rapidamente esse sentimento desvanece-se, pois tudo o que as pessoas sentiram foi um 'gosto' de liberdade. Emerge uma sensação de insatisfação, a mente precisa de mais informações para ruminar. Procuram-se mais um livro e uns CD’s do mesmo autor, até mesmo seminários virtuais. Tudo muito bem pago. As pessoas entram num registo de consumismo, de demanda hedónica, de dependência, procurando uma sensação de bem-estar e confirmando que estão a progredir. O problema é que as pessoas não estão a fazer progressos. Estão a ser envolvidas num sedativo para sentirem que tudo está bem. Na realidade, o seu ego está tão forte como sempre e seu subconsciente está em crise emocional. Quanto mais escutam e/ou lêem, mais sentem que a sua vida não está melhor. Ouvem os depoimentos de outras pessoas, mas não correspondem à sua experiência. Talvez o próximo produto seja melhor???


Pode, assim, falar-se de dependência e como é importante identificá-la e eliminá-la. Existe a possibilidade de dependência de mestres espirituais, que se transforma numa adição psíquica (necessidade de usar um determinado produto para obter alívio das tensões e sensação de bem estar). Mas todos sabem que com as soluções rápidas os problemas persistem. Evita-se parte destes problemas, selecionando orientadores que são desconfortáveis de ouvir caso não se esteja a realizar um trabalho sério, dedicado e persistente.

Em última análise, temos de ser nós a fazer o trabalho duro, somos responsáveis pela nossa própria mudança interior e se não deixarmos a dependência, então não vai existir evolução.

No caso de Eckhart Tolle (de verdadeiro nome Ulrich Tolle), não discuto sobre o que ele ensina é plausível ou não. O que ele transmite não é novidade, está muito em linha com o Budismo e ouras filosofias orientais. O que pode ser questionado é a sua autenticidade. Algo que se nota em muitos vídeos é a forma como Tolle procura suprimir a expressão de qualquer emoção. Assistimos, com frequência, a esta representação entre as pessoas que tentam apresentar-se como líderes espirituais/gurus. Por alguma razão, eles equivalem a falta da expressão da emoção com a paz interior, ou pelo menos pensam que por apresentarem uma fachada desprovida de emoção transparece paz interior para os outros. Mas isso não acontece. Parece apenas alguém tentando ser inexpressivo. No entanto, o que perpassa, as emoções que não podem ser totalmente suprimidas, são sempre muito interessantes de analisar.

Outra questão que pode ser levantada relaciona-se com várias incongruências e a falta de vividez factual na sua história de vida e na forma, repentina, como se tornou ‘iluminado’. Não esquecer que grande parte do sucesso de Tolle foi devido à enorme publicidade que obteve dos programas da Oprah. Apesar de Echart Tolle ter o mérito de trazer para a luz do dia alguns temas bem interessantes, o seu valor intrínseco, enquanto professor espiritual é bastante discutível.

Kumaré - uma história verdadeira de um falso profeta

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O Cérebro 'Mindful' e a regulação Emocional em Transtornos do Humor

Um artigo publicado no Canadian Journal of Psychiatry, recorrendo à imagiologia cerebral, relevou a importância da prática da Mindfulness na regulação emocional em desordens do humor.
A Mindfulness (Atenção Plena) envolve a atenção, sem julgar, na experiência do momento presente. Nas suas formas terapêuticas, as intervenções baseadas em Mindfulness promovem o aumento da tolerância ao afecto negativo e melhoram o bem-estar. No entanto, os mecanismos neurais subjacentes à regulação do humor pela prática da Atenção Plena são mal compreendidos.

"Em pacientes com transtornos afetivos, a Mindfulness actua como uma alternativa aos esforços cognitivos para controlar a emoção, dirigindo a atenção para a monitorização ampla das flutuações na experiência momentânea. Limitando a elaboração cognitiva em favor da consciência momentânea parece reduzir a auto-avaliação automática negativa e aumentar a tolerância ao afecto e dor negativos, e ajudar a gerar auto-compaixão e empatia em indivíduos cronicamente disfóricos." 
O treino da mente parece melhorar os sistemas de monitorização da atenção no cérebro, apoiado pelo córtices cingulado anterior e pré-frontal lateral. Na regulação da emoção, esse treino pré-frontal parece promover o recrutamento estável de um caminho sensorial não-conceptual, uma alternativa para as estratégias convencionais de reavaliação cognitiva.

Em termos neuronais, a transição para a consciência não-conceptual envolve a redução do processamento avaliativo habitual, suportado por estruturas da linha média do córtex pré-frontal. Em alternativa, os recursos da atenção são direccionados para uma via límbica relativa à consciência sensorial do momento presente, envolvendo o tálamo, a ínsula e as regiões sensoriais primárias.

Em pacientes com transtornos afetivos, a Mindfulness actua como uma alternativa aos esforços cognitivos para controlar a emoção, dirigindo a atenção para a monitorização ampla das flutuações na experiência momentânea. Limitando a elaboração cognitiva em favor da consciência momentânea parece reduzir a auto-avaliação automática negativa e aumentar a tolerância ao afecto e dor negativos, e ajudar a gerar auto-compaixão e empatia em indivíduos cronicamente disfóricos.


Artigo
Por Vitor Bertocchini

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ciencia

Meditação: Não é o que pensa

budismo mindfulness
Em linguagem do senso-comum, o que a realidade da prática de meditação significa, em última análise, é que é possível ensinar novos truques a um cão velho...
Não consegue Meditar? Tem família, amigos, colegas que dizem que simplesmente não conseguem meditar? A neurocientista residente do Mind and Life Institute, Wendy Hasenkamp, explora os equívocos populares em torno da meditação e as razões para se continuar a tentar.

Quando eu explico a alguém que estou envolvida em investigações sobre meditação é comum ouvir: "Ah, meditação, eu tentei isso, mas não consegui praticar. "
Esta resposta traz-me uma mescla de emoções que se traduzem em tristeza e frustração, mas também servem de motivação. Tristeza, porque as pessoas têm experimentado a meditação sob uma perspetiva negativa e  associaram-na ao fracasso. Frustração porque essa associação, muitas vezes, decorre de um enviesamento cultural sobre o que é meditação (e o que se sente quando se pratica). E motivação porque para mudar essa percepção errada, quem estiver interessado, pode experimentar os benefícios que acompanham a prática meditativa.


Ao realizar-se uma rápida pesquisa de imagens online sobre meditação o que se encontra é uma descrição popular, ou seja, pessoas sentadas com as pernas cruzadas, olhos fechados, aparentemente serenas e livres de pensamentos, alguns até com feixes de luz que disparam das suas cabeças. Basta perguntar a alguém que medite regularmente para saber que esta imagem está muito longe da realidade. Especialmente para os principiantes.

"Em linguagem do senso-comum, o que a realidade da prática de meditação significa, em última análise, é que é possível ensinar novos truques a um cão velho. O processo é temporalmente dispendioso e requer uma boa dose de dedicação e de esforço, mas com prática pode-se desenvolver uma nova forma de se relacionar com os pensamentos e emoções. E isso significa que é realmente possível escolher como se pensa e, consequentemente, quem somos.
Mas não tome por verdade o que estou dizendo. O próprio Buda disse a seus alunos para não aceitarem algo simplesmente porque uma autoridade disse ser verdade; em vez disso, teste e veja se está de acordo com a sua própria experiência. Aposto que se colocar a meditação seriamente à prova, irá ver – e sentir – os benefícios por si mesmo. " 
No exterior, o corpo pode ficar calmo (e mesmo isso pode levar algum tempo para conseguir), mas no interior, a mente é muitas vezes um aglomerado confuso de pensamentos e emoções. Isso é normal. De facto, enquanto a meditação significa muitas coisas para muitas pessoas, na minha perspectiva, não implica atingir um estado de êxtase ou um estado de "vazio" de espírito. A cessação dos pensamentos embora possível (pelo que ouço), será mais um efeito secundário, se e quando ocorre. Para mim, a meditação é, na realidade, um processo de investigação da própria mente e mudar a forma como de relacionamento com os seus pensamentos.

Na sociedade ocidental, o primeiro estilo de meditação que muitas vezes é ensinado, Mindfulness ou prática de atenção focada, envolve manter a atenção na sensação na respiração. Penas isso, e, geralmente, de cinco a 10 minutos para começar. Mesmo isto, porém, é mais fácil dizer do que fazer. Experimente e veja. Irá imediatamente ser confrontado com uma quantidade de pensamentos que emergem e que cativam a sua atenção para longe da respiração: um desentendimento recente, listas de compras, um desejo para o café, excitação nervosa sobre uma data próxima.... Isto é natural. Pensamentos e emoções surgem associados. Num determinado momento percebe-se que a mente se acalmou, e separou-se do amontoado perturbador de pensamentos, voltando para a respiração. E então acontece novamente. E mais uma vez. E mais uma vez.

A luta com a meditação tipicamente surge porque os objetivos estão deslocados. O que é facilmente confundido é que as instruções para a meditação não são, realmente, o objectivo da meditação. Por outras palavras, enquanto se procura manter o foco na respiração, o grande objetivo é realmente saber mais sobre a mente. Faz-se isso através da criação das condições para que os pensamentos surjam e depois observamo-los sem julgamentos. Ao se entender que os pensamentos devem surgir, e são mesmo necessários para que o processo seja significativo, pode-se relaxar, permitindo que isso aconteça. Com a prática, começa-se a perceber que os pensamentos e emoções que, naturalmente, surgem também naturalmente vão dissolver-se. Percebe-se que não é necessário segui-los e que eles não são tão “reais” quanto parecem. Ao longo da última década, os neurocientistas tornaram-se cada vez mais interessados em estudar como a meditação afecta o cérebro e o corpo. O número de estudos realizados por ano neste novo campo da ciência contemplativa está a crescendo exponencialmente, com mais de 200 estudos publicados no ano passado.



E porquê tanta excitação?


Bem, a investigação até agora tem mostrado muitos benefícios da meditação. Desde melhorar a atenção e aumentar os resultados nos exames, reduzir o stresse e aumentar a função imunológica. Como o campo continua a florescer, e estudos clínicos tornam-se cada vez mais rigorosos, utilizando metodologias como controlo activo e aleatorização, que estão a receber uma compreensão mais refinada para melhor aplicação na prática contemplativa. Por outras palavras, procura-se saber que tipos de prática são mais benéficas, com que meios e para que amostras?
Vários modelos cognitivos estão também a começar a ser procurar explicar como a meditação funciona psicologicamente, um passo importante para enquadrar a investigação futura que nos dará um mapa mais claro da mente. E ir além do psicológico, os investigadores procuram esclarecer como as mudanças cognitivas e neurais conseguidas através da meditação podem-se estender para o corpo físico, tornando-os mais saudáveis e resistentes em resposta ao stresse do mundo moderno.
Embora muitas pessoas pensem o contrário, as capacidades cognitivas para a meditação podem ser treinadas. Suportando milhares de anos de evidências de estudos de caso de tradições contemplativas, como o budismo, a ciência moderna está também a mostrar isso da sua forma. Da mesma forma que ir ao ginásio levantar pesos irá desenvolver os músculos, quando repetidamente se pratica uma habilidade mental, seja ela focalizar a atenção, fazer aritmética, ou aprender uma nova língua está-se a construir novos circuitos no cérebro. O que a ciência está a provar, uma e outra vez, é que, com intenção e diligência, é possível mudar o cérebro.

Esse entendimento tem sido uma revolução para os neurocientistas e psicólogos que pensavam há décadas que o cérebro estava particamente estático após o final da adolescência. A maioria acreditava que ainda era possível aprender novas informações, mas em termos de personalidade e potencial inato, um cérebro humano era concebido como estando “completo” por volta dos 20 anos de idade. Claro, sempre haverá limitações dadas pela interação de genes e meio ambiente, mas para a maioria, a janela de oportunidades é muito maior do que se acreditava anteriormente. A meditação, ao que parece, pode desempenhar um papel significativo na "plasticidade " cerebral.
Vários estudos que investigaram a estrutura do cérebro demonstraram que a meditação está relacionada com o aumento da densidade da massa cinzenta do cérebro, aumento da espessura cortical e aumento das conexões entre regiões cerebrais importantes para o controlo cognitivo. Estudos recentes mostram que quanto maior a quantidade de horas de meditação, maior será a quantidade de dobras corticais da ínsula – uma área importante para integração autónoma, emocional e cognitiva. Algumas das minhas próprias pesquisas demonstraram que meditadores mais experientes apresentam maior coerência da actividade cerebral nas redes ligadas à atenção, e também entre regiões de controlo atencional e áreas envolvidas com divagações mentais. Isso sugere uma competência, que pode ser treinada, para a concentração e para libertar pensamentos intrusivos.


Wendy Hasenkamp, PhD, é diretora científica do Mind and Life Institute. Como neurocientista e praticante contemplativa, tem como interesses compreender como a experiência subjetiva é representada no cérebro, e como a mente e o cérebro podem ser transformados e desenvolvidos por meio da experiência e da prática. Ela também tem contribuído para o desenvolvimento do currículo, ensino e criação de livros didáticos de neurociência para o Emory Tibet Science Initiative, que visa integrar a ciência no sistema de educação monástico tibetano na Índia.



Por Vitor Bertocchini

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