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Gurus, mestres espirituais e afins

11:40 Vítor Bertocchini 0 Comments

Ter um professor para nos guiar em qualquer área pode ter um valor inestimável. Isto também é verdadeiro na Espiritualidade. Como a Espiritualidade é subtil ou intangível por natureza, é difícil identificar com clareza quem são os líderes, guias ou gurus credíveis.

O problema com muitos denominados líderes espirituais relaciona-se com o facto de quando as pessoas ouvem ou lêem um desses 'iluminados', sentem-se óptimas, ficam intelectual e emocionalmente satisfeitas. Começam a sentir o 'gosto' do que é a liberdade. Na verdade, elas sentem-se que já estão, de alguma forma, libertas, iluminadas, e que a realização permanente está ao virar da esquina. Mas rapidamente esse sentimento desvanece-se, pois tudo o que as pessoas sentiram foi um 'gosto' de liberdade. Emerge uma sensação de insatisfação, a mente precisa de mais informações para ruminar. Procuram-se mais um livro e uns CD’s do mesmo autor, até mesmo seminários virtuais. Tudo muito bem pago. As pessoas entram num registo de consumismo, de demanda hedónica, de dependência, procurando uma sensação de bem-estar e confirmando que estão a progredir. O problema é que as pessoas não estão a fazer progressos. Estão a ser envolvidas num sedativo para sentirem que tudo está bem. Na realidade, o seu ego está tão forte como sempre e seu subconsciente está em crise emocional. Quanto mais escutam e/ou lêem, mais sentem que a sua vida não está melhor. Ouvem os depoimentos de outras pessoas, mas não correspondem à sua experiência. Talvez o próximo produto seja melhor???


Pode, assim, falar-se de dependência e como é importante identificá-la e eliminá-la. Existe a possibilidade de dependência de mestres espirituais, que se transforma numa adição psíquica (necessidade de usar um determinado produto para obter alívio das tensões e sensação de bem estar). Mas todos sabem que com as soluções rápidas os problemas persistem. Evita-se parte destes problemas, selecionando orientadores que são desconfortáveis de ouvir caso não se esteja a realizar um trabalho sério, dedicado e persistente.

Em última análise, temos de ser nós a fazer o trabalho duro, somos responsáveis pela nossa própria mudança interior e se não deixarmos a dependência, então não vai existir evolução.

No caso de Eckhart Tolle (de verdadeiro nome Ulrich Tolle), não discuto sobre o que ele ensina é plausível ou não. O que ele transmite não é novidade, está muito em linha com o Budismo e ouras filosofias orientais. O que pode ser questionado é a sua autenticidade. Algo que se nota em muitos vídeos é a forma como Tolle procura suprimir a expressão de qualquer emoção. Assistimos, com frequência, a esta representação entre as pessoas que tentam apresentar-se como líderes espirituais/gurus. Por alguma razão, eles equivalem a falta da expressão da emoção com a paz interior, ou pelo menos pensam que por apresentarem uma fachada desprovida de emoção transparece paz interior para os outros. Mas isso não acontece. Parece apenas alguém tentando ser inexpressivo. No entanto, o que perpassa, as emoções que não podem ser totalmente suprimidas, são sempre muito interessantes de analisar.

Outra questão que pode ser levantada relaciona-se com várias incongruências e a falta de vividez factual na sua história de vida e na forma, repentina, como se tornou ‘iluminado’. Não esquecer que grande parte do sucesso de Tolle foi devido à enorme publicidade que obteve dos programas da Oprah. Apesar de Echart Tolle ter o mérito de trazer para a luz do dia alguns temas bem interessantes, o seu valor intrínseco, enquanto professor espiritual é bastante discutível.

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