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A Neurociência das conexões humanas



No recente livro Social, o psicólogo Matthew Lieberman explora investigação inovadora em neurociência social, revelando que a nossa necessidade de conexão com outras pessoas é ainda mais fundamental, mais básico do que a nossa necessidade de comida ou abrigo . Devido a isso, o nosso cérebro usa o seu tempo livre a aprender sobre o mundo social - as outras pessoas e a nossa relação com elas. Acredita-se que devemos passar 10.000 horas para dominar essa compêtencia. De acordo com Lieberman, cada um de nós passou 10 mil horas a aprender a fazer sentido de pessoas e grupos no momento em temos 10 anos.
Neste livro argumenta-se que a nossa necessidade de alcançar e nos conectarmos com os outros é o principal motor subjacente ao nosso comportamento. Acreditamos que a dor e o prazer guiam sozinhas as nossas acções. No entanto, uma nova pesquisa usando  ressonância magnética funcional (fMRI) - incluindo uma grande quantidade de pesquisa original realizada por Lieberman e seu laboratório da UCLA - mostra que o nosso cérebro reage à dor e ao e prazer social, da mesma forma como reagimos à dor e ao prazer físicos. Felizmente, no cérebro evoluíram mecanismos sofisticados para garantir o nosso lugar no mundo social. Temos uma capacidade única de ler a mente das outras pessoas, para descobrir as suas esperanças, medos e motivações, o que nos permite coordenar de forma eficaz as nossas vidas uns com os outros. E o nosso sentido mais íntimo do que somos está intrinsecamente ligado às pessoas e grupos importantes nas nossas vidas. Esta rede muitas vezes leva-nos a restringir os nossos impulsos egoístas para o bem maior. Estes mecanismos levam a um comportamento que pode parecer irracional, mas é realmente apenas o resultado da nossa profunda ligação social e necessários para o nosso sucesso como espécie.

Baseado nas mais recentes investigações, os resultados em Social têm importantes implicações no mundo real. As nossas escolas e empresas, por exemplo, tentam minimizar as distrações sociais. Mas esta é exactamente a postura errada a tomar para incentivar o envolvimento e a aprendizagem, e, literalmente, desligam o cérebro social, deixando poderosos recursos neuro-cognitivos inexplorados. Os insights revelados neste livro pioneiro sugerem formas de melhorar a aprendizagem nas escolas, tornar o trabalho mais produtivo e melhorar o nosso bem-estar geral.


O treino compassivo altera o altruísmo e as respostas neuronais ao sofrimento



Um novo estudo realizado por investigadores do Centro de Investigação de Mentes Saudáveis da Universidade de Wisconsin-Madison mostra que os adultos podem ser treinados a serem mais compassivos. O estudo, recentemente publicado na revista Psychological Science, é o primeiro a investigar se o treino em compaixão de adultos pode resultar em maior comportamento altruísta e em alterações relacionadas nos sistemas neurais subjacentes à compaixão.

"A nossa questão fundamental foi: "Pode a compaixão ser treinada e aprendida nos adultos? Podem os adultos tornarem-se mais centrados nas necessidades dos outros se praticarmos essa perspectiva?" Diz Helen Weng, psicóloga clínica e principal autora do artigo. "A nossa evidência aponta para uma resposta afirmativa".

No estudo, os investigadores treinaram jovens a se envolverem em meditação compassiva, uma antiga técnica Budista para aumentar os sentimentos de cuidado para com as pessoas que sofrem. Na meditação, os participantes imaginaram um momento em que alguém sofreu e praticaram o desejo do seu sofrimento ser aliviado. Eles repetiram frases para ajudá-los a concentrar-se na compaixão, como por exemplo: "Que possa estar livre de sofrimento. Que possa ter alegria e felicidade." Os participantes praticaram tendo como alvo diferentes pessoas. Iniciaram com um ente querido, alguém que eles facilmente sentem compaixão como um amigo ou membro da família. Em seguida, eles praticaram compaixão por si mesmos e, em seguida, por um estranho. Finalmente, eles praticaram compaixão por alguém que activamente tinham conflito, como um colega de trabalho problemático ou companheiro de quarto.

"É parecido com um treino de pesos no ginásio”, diz Weng. "Usando essa abordagem sistemática, descobrimos que as pessoas podem realmente construir o músculo da compaixão e responder ao sofrimento dos outros com cuidado e desejo de ajudar."

O treino em compaixão foi comparado com um grupo de controlo que aprendeu a reavaliação cognitiva, uma técnica onde as pessoas aprendem a reformular os seus pensamentos para sentirem-se menos negativas. Ambos os grupos ouviram as instruções guiadas pela internet, durante 30 minutos por dia durante duas semanas. "Queríamos investigar se as pessoas podiam começar a mudar seus hábitos emocionais num período de tempo relativamente curto", diz Weng.

"As pessoas parecem tornar-se mais sensíveis ao sofrimento das outras pessoas, mas isso é um desafio emocional. No entanto, elas aprenderam a regular as emoções de modo a se aproximarem do sofrimento das pessoas com interesse genuíno, querendo ajudar e não afastarem-se", 
explica Weng.

O verdadeiro teste de se a compaixão poderia ser treinada era ver se as pessoas estariam dispostas a ser mais altruístas - ajudando as pessoas que nunca conheceram. Na investigação pediu-se aos participantes para jogar um jogo onde eles tiveram a oportunidade de gastar o seu próprio dinheiro para responder a alguém em necessidade (o chamado "jogo de redistribuição"). Eles jogaram o jogo através da internet com dois jogadores anónimos, o "ditador" e a "vítima". Eles observaram que o “ditador” compartilhou um montante injusto de dinheiro com a vítima. Eles, então, decidiram quanto do seu próprio dinheiro gastariam, com o objectivo de equilibrar a divisão injusta e redistribuir fundos do ditador para a vítima.

"Descobrimos que as pessoas treinadas em compaixão eram mais propensas a gastar o seu próprio dinheiro para ajudar alguém que foi tratado injustamente do que aqueles que foram treinados em reavaliação cognitiva", disse Weng.

"Queríamos ver o que mudou dentro dos cérebros de pessoas que deram mais para alguém em necessidade. Como eles estão a responder diferencialmente ao sofrimento agora?" refere Weng. O estudo mediu as mudanças nas respostas cerebrais utilizando a ressonância magnética funcional (fMRI), antes e após o treino. Na ressonância magnética, os participantes viram as imagens retratando o sofrimento humano, como uma criança a chorar ou uma vítima de queimadura, e gerou-se sentimentos de compaixão em direcção a essas pessoas. O grupo de controlo foi exposto às mesmas imagens, pedindo-se para reformulá-las numa perspectiva mais positiva, como na reavaliação.

Os investigadores mediram o quanto a actividade do cérebro tinha mudado desde o início até o final do treino e descobriram que as pessoas que estavam mais altruístas após o treino de compaixão foram os que apresentaram o maior número de mudanças no cérebro ao ver o sofrimento humano. Eles descobriram que a actividade foi aumentada no córtex parietal inferior, uma região envolvida na empatia e compreensão dos outros. O treino em compaixão também aumentou a actividade no córtex pré-frontal dorsolateral e a sua comunicação com o núcleo accumbens, regiões do cérebro envolvidas na regulação da emoção e emoções positivas.

A compaixão, como as competências físicas e académicas, parecem não ser estáticas e podem ser melhoradas com o treino e a prática. "O facto das alterações na função cerebral terem sido observadas depois de apenas sete horas de treino é notável", explica o professor de psicologia e psiquiatria Richard J. Davidson, fundador e presidente do Centro de Investigação de Mentes Saudáveis e co-autor do artigo.

"Há muitas aplicações possíveis para este tipo de treino", diz Davidson. "O treino de compaixão e bondade nas escolas pode ajudar as crianças a aprender a estar em sintonia com suas próprias emoções, bem como as dos outros, o que pode diminuir o bullying. O treino em compaixão também pode beneficiar as pessoas que têm desafios sociais, como ansiedade social ou comportamento anti-social."

Weng também está animada com o treino em compaixão e na forma como pode ajudar a população em geral. "Estudamos os efeitos deste treino com participantes saudáveis, o que demonstra que isso pode ajudar a pessoa média. Adoraria que mais pessoas tivessem acesso ao treino e experimentá-lo por uma ou duas semanas - quais as mudanças que eles veriam nas suas próprias vidas?"

Técnica de meditação pode 'desligar' stress no cérebro



Pesquisas recentes indicam que é possível modificar a estrutura cerebral de forma a reduzir os impactos do stress a partir de técnicas de meditação.

Para verificar isso, a BBC convidou o britânico Todd German, funcionário de um parque temático de vida marina na Inglaterra, a participar de um curso sobre o estado de "atenção plena", alcançado por meio da meditação.


Estado de preocupação

Quando o cérebro está preocupado, vê-se pontos vermelhos espalhados

Todd German afirmou que gostaria de tentar a meditação porque enfrenta dificuldades de sono.

Pessoas que meditam seriam capazes de "desligar" as preocupações ou pensamentos negativos.

Após uma semana de testes, German afirmou não ter se convencido totalmente, mas admite que a técnica permite se desligar um pouco, limpar a cabeça e também sentir a calma se transferir para o corpo.

Procurada pela BBC, a pesquisadora Elena Antanova, especialista em estudos sobre o cérebro da universidade londrina King's College, afirmou ser possível mudar a configuração do órgão voluntariamente por meio da meditação, afastando os efeitos danosos do stress.



Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/multimedia/2011/01/110127_videomeditaebc.shtml