ciencia
s seres humanos passam uma quantidade considerável das suas vidas na companhia de outras pessoas e a compreensão dos sentimentos dos outros e as suas intenções é fundamental para um adequado comportamento no nosso ambiente social.
A intrigante pergunta de como entendemos a mente das outras pessoas e como isso se reflecte no nosso próprio estado neural tem sido estudada por uma série de investigações recentes na área das neurociências.
Evidências acumuladas avançaram a visão de que há pelo menos dois caminhos diferentes que nos permitem colocar na pele (na mente) da outra pessoa.
1. Um caminho é compartilhar os sentimentos da outra pessoa de forma personificada, conhecida como empatia.
2. A outra via é fazermos inferências cognitivas sobre o estado da outra pessoa, conhecida como 'teoria da mente', 'mentalização', 'leitura da mente' ou 'tomada da perspectiva cognitiva'. Apesar de, frequentemente, ocorrerem de forma concertada, os resultados dos estudos de ressonância magnética funcional sugerem que compreender os outros com base na tomada da perspectiva cognitiva ou com base na empatia recruta diferentes redes neurais. A empatia com outra pessoa tem-se mostrado relacionada com diferentes redes neurais, principalmente com o córtex somatossensorial e áreas insulares, bem como límbicas e córtex cingulado anterior. A empatia para a dor, por exemplo, predominantemente correlaciona-se com a activação da ínsula anterior (AI) e cingulado anterior (ACC).
O que é empatia?
O termo empatia é amplamente usado em várias áreas científicas e tem sido definida diferencialmente. Desde uma perspectiva neurocientífica é importante separar empatia da tomada da perspectiva cognitiva, com base no recrutamento de diferentes redes neurais. A tomada da perspectiva cognitiva é a capacidade de compreender as intenções, desejos, crenças de outra pessoa, resultante do raciocínio (cognitivo) sobre o estado do outro. Por outro lado, a empatia é um estado afectivo, que deriva da partilha das emoções ou estados sensoriais de outra pessoa. Além disso, a empatia é diferenciada da simpatia (também referida como preocupação empática) ou compaixão.
A empatia pode ter um lado escuro, por exemplo, quando ela é usada para localizar o ponto mais fraco de uma pessoa procurando fazê-la sofrer, o que está longe da demonstração de compaixão com o outro. É sugerido por alguns estudos que a empatia tem de ser transformada em simpatia ou preocupação empática, com o objectivo de provocar motivação pró-social. Contudo, a ligação entre empatia e comportamento pró-social não tem sido ainda explorada em profundidade.
A empatia deve ser separada do contágio emocional. Uma pessoa empática está ciente do facto de que o seu próprio estado afectivo é indirectamente provocado pelo estado da pessoa que ele ou ela empatiza. O contágio emocional pode ser um precursor do desenvolvimento de uma capacidade para a empatia, mas não é considerada uma resposta empática porque a pessoa incorpora os estados afectivos da outra pessoa sem ter consciência de que não é o seu próprio sentimento.
Os resultados de várias investigações indicam que o nosso cérebro é definido para estimular os sentimentos dos outros, ou seja, para que empatizem. No entanto, sabe-se que empatizamos com os outros em diferentes graus. Estudos recentes em neurociência têm fornecido insights sobre as regiões do cérebro relacionadas com a empatia, em particular a empatia com o sofrimento de outra pessoa. Os resultados indicam que a empatia com os sentimentos dos outros e de auto-experiência deste sentimento recruta redes neurais partilhadas, sugerindo uma estimulação do estado do outro no cérebro de quem empatiza.
A força das respostas do cérebro empático pode ser modulada por uma variedade de factores, incluindo a intensidade da emoção exibida, avaliação contextual, características do sujeito que empatiza e do alvo da empatia.
Os resultados de vários estudos contribuíram substancialmente para a compreensão neural dos fundamentos da empatia. Ao mesmo tempo, eles são um trampolim para a investigação de questões importantes em estudos futuros. Uma primeira questão diz respeito à base das diferenças inter-individuais na capacidade de empatizar. Fontes plausíveis de variação inter-individual na empatia podem ser genéticos, ambientais, ou factores desenenvolvimentais, nenhuma das quais tem sido suficientemente estudada no contexto da investigação neuroscientífica da empatia. A segunda grande questão relaciona-se com a ligação entre as respostas cerebrais empáticas e a simpatia e compaixão, ou seja, sentir como e sentir por pelo outro. Em terceiro lugar, uma questão em aberto de como as respostas empáticas do cérebro se relacionam com a motivação e o comportamento pró-sociais e, finalmente, quase nada é conhecido sobre a plasticidade do cérebro empático, isto é, sobre a treinabilidade da motivação empática e compassiva, todas questões que devem ter considerável impacto na sociedade.
Empatia e Neurociência
O
s seres humanos passam uma quantidade considerável das suas vidas na companhia de outras pessoas e a compreensão dos sentimentos dos outros e as suas intenções é fundamental para um adequado comportamento no nosso ambiente social.
A intrigante pergunta de como entendemos a mente das outras pessoas e como isso se reflecte no nosso próprio estado neural tem sido estudada por uma série de investigações recentes na área das neurociências.
Evidências acumuladas avançaram a visão de que há pelo menos dois caminhos diferentes que nos permitem colocar na pele (na mente) da outra pessoa.
1. Um caminho é compartilhar os sentimentos da outra pessoa de forma personificada, conhecida como empatia.
2. A outra via é fazermos inferências cognitivas sobre o estado da outra pessoa, conhecida como 'teoria da mente', 'mentalização', 'leitura da mente' ou 'tomada da perspectiva cognitiva'. Apesar de, frequentemente, ocorrerem de forma concertada, os resultados dos estudos de ressonância magnética funcional sugerem que compreender os outros com base na tomada da perspectiva cognitiva ou com base na empatia recruta diferentes redes neurais. A empatia com outra pessoa tem-se mostrado relacionada com diferentes redes neurais, principalmente com o córtex somatossensorial e áreas insulares, bem como límbicas e córtex cingulado anterior. A empatia para a dor, por exemplo, predominantemente correlaciona-se com a activação da ínsula anterior (AI) e cingulado anterior (ACC).
O que é empatia?
O termo empatia é amplamente usado em várias áreas científicas e tem sido definida diferencialmente. Desde uma perspectiva neurocientífica é importante separar empatia da tomada da perspectiva cognitiva, com base no recrutamento de diferentes redes neurais. A tomada da perspectiva cognitiva é a capacidade de compreender as intenções, desejos, crenças de outra pessoa, resultante do raciocínio (cognitivo) sobre o estado do outro. Por outro lado, a empatia é um estado afectivo, que deriva da partilha das emoções ou estados sensoriais de outra pessoa. Além disso, a empatia é diferenciada da simpatia (também referida como preocupação empática) ou compaixão.
A empatia pode ter um lado escuro, por exemplo, quando ela é usada para localizar o ponto mais fraco de uma pessoa procurando fazê-la sofrer, o que está longe da demonstração de compaixão com o outro. É sugerido por alguns estudos que a empatia tem de ser transformada em simpatia ou preocupação empática, com o objectivo de provocar motivação pró-social. Contudo, a ligação entre empatia e comportamento pró-social não tem sido ainda explorada em profundidade.
A empatia deve ser separada do contágio emocional. Uma pessoa empática está ciente do facto de que o seu próprio estado afectivo é indirectamente provocado pelo estado da pessoa que ele ou ela empatiza. O contágio emocional pode ser um precursor do desenvolvimento de uma capacidade para a empatia, mas não é considerada uma resposta empática porque a pessoa incorpora os estados afectivos da outra pessoa sem ter consciência de que não é o seu próprio sentimento.
Os resultados de várias investigações indicam que o nosso cérebro é definido para estimular os sentimentos dos outros, ou seja, para que empatizem. No entanto, sabe-se que empatizamos com os outros em diferentes graus. Estudos recentes em neurociência têm fornecido insights sobre as regiões do cérebro relacionadas com a empatia, em particular a empatia com o sofrimento de outra pessoa. Os resultados indicam que a empatia com os sentimentos dos outros e de auto-experiência deste sentimento recruta redes neurais partilhadas, sugerindo uma estimulação do estado do outro no cérebro de quem empatiza.
A força das respostas do cérebro empático pode ser modulada por uma variedade de factores, incluindo a intensidade da emoção exibida, avaliação contextual, características do sujeito que empatiza e do alvo da empatia.
Os resultados de vários estudos contribuíram substancialmente para a compreensão neural dos fundamentos da empatia. Ao mesmo tempo, eles são um trampolim para a investigação de questões importantes em estudos futuros. Uma primeira questão diz respeito à base das diferenças inter-individuais na capacidade de empatizar. Fontes plausíveis de variação inter-individual na empatia podem ser genéticos, ambientais, ou factores desenenvolvimentais, nenhuma das quais tem sido suficientemente estudada no contexto da investigação neuroscientífica da empatia. A segunda grande questão relaciona-se com a ligação entre as respostas cerebrais empáticas e a simpatia e compaixão, ou seja, sentir como e sentir por pelo outro. Em terceiro lugar, uma questão em aberto de como as respostas empáticas do cérebro se relacionam com a motivação e o comportamento pró-sociais e, finalmente, quase nada é conhecido sobre a plasticidade do cérebro empático, isto é, sobre a treinabilidade da motivação empática e compassiva, todas questões que devem ter considerável impacto na sociedade.
0 comentários: