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O valor de Mindfulness - Estar com as experiências negativas

Sabe-se que o Evitamento está na base de uma pobre saúde mental e de diversas psicopatologias. Além disso, pode reduzir a flexibilidade em lidar com as situações, impactando negativamente na qualidade de vida (Kashdan, Barrios, Forsyth, & Steger, 2006). A estes padrões de comportamentos tem sido dado o nome de evitamento experiencial, que ocorre quando as pessoas usam estratégias para bloquear, alterar ou controlar experiências pessoais angustiantes/negativas, como pensamentos, emoções e sensações fisiológicas (Hayes et al., 1996).

Quando experimentamos pensamentos, emoções ou sensações desagradáveis, a maioria das vezes, temos a tendência natural a evitar essas experiências ​​- por vezes a todo o custo. Isto pode ser denominado de evitamento experiencial. O evitamento experiencial ocorre quando procuramos estratégias para bloquear, alterar ou controlar experiências pessoais angustiantes, como pensamentos, emoções e sensações fisiológicas (Hayes et al., 1996). A ironia é que o evitamento experiencial mantém e agrava o sofrimento psíquico (Hayes et al., 1996).

o "normal" é estar bem e eliminar o mal-estar é a prioridade!

Frequentemente segue-se uma regra arriscada: o "normal" é estar bem e eliminar o mal-estar é a prioridade. Contudo, as tentativas de alcançar o bem-estar são frequentemente ineficazes, pois pensamentos e sentimentos adversos ocorrem mesmo em circunstâncias favoráveis. Todos temos um instinto natural de sobrevivência incorporado no nosso "software" e ele é responsável pela nossa reação aversiva a eventos desagradáveis ​​ou desconfortáveis. Esse instinto diz-nos para evitar coisas que são desagradáveis, porque são susceptíveis de serem perigosas ou nocivas (por exemplo, um sabor amargo que desconhecemos ou um carro que se aproxima). No entanto, este mesmo instinto afeta os nossos processos internos, "desconectando a mente do corpo".

Não declare guerra a si mesmo!

Não importa a intensidade e a forma que tente escapar de si mesmo e de todos os seus pensamentos internos, sentimentos e experiências, você está "preso" em si mesmo. É no seu melhor interesse cultivar a vontade e a capacidade de se conectar consigo - mesmo com as partes que parecem assustadoras ou dolorosas.

Quando tentamos fugir ou negar pensamentos ou sentimentos desagradáveis, estamos a criar um "campo de batalha" interno. Estamos, essencialmente, a declarar guerra interna a nós mesmos - não há vencedores, só perdedores.

Para aqueles que têm pensamentos e sentimentos extremamente angustiantes ou indesejados, a vontade de afastá-los ou negá-los é compreensível. Afinal, quem iria desejar sentir dor e sofrimento? Para o alívio da dor interna ocorrer deverá abrir-se e experimentar os próprios pensamentos e sentimentos que está a tentar tão dificilmente evitar. Isto é muito difícil.

A dor é inevitável, o sofrimento não! 

A dor é inevitável, o sofrimento não. A distinção é muito importante. A dor que vem junto com certos pensamentos, sentimentos e acontecimentos da vida não pode ser evitada. É só quando reagimos à dor inevitável da vida através do bloqueio do corpo e da mente que criamos o nosso próprio sofrimento. Nós criamos sofrimento sem valor intrínseco.

Porquê Aceitar?

Uma componente essencial de Mindfulness é a Aceitação, que acaba por ser o oposto do evitamento. Quando aprendemos a praticar Mindfulness e aplicamos esta abordagem no quotidiano, com uma atitude aberta, curiosa e de aceitação a todas as experiências internas e externas (incluindo as dolorosas), então estaremos num processo de libertação do sofrimento.

Pode ser difícil para muitas pessoas acreditar que abrindo-se para a sua dor irá libertá-las do sofrimento. Se também pensa assim, considere o fato que, com todos os seus esforços para evitar a sua dor, você ainda está a sofrer. Eventualmente terá passado uma grande parte da sua vida aplicando os mesmos princípios para aliviar a dor. Por exemplo, evitando-a ou negando-a, e ainda assim sofre, talvez este seja um sinal de que é o momento de tentar algo diferente. Deve haver outro caminho.

Crane explica que: a prática de mindfulness é um processo de treino que nos permite ver claramente esses padrões habituais de evitamento ... a dor é um aspeto da "tapeçaria" global da nossa vida e ... é evitar esta realidade que cria mais dificuldades emocionais.



Sintonize-se com todas as suas experiências!

A próxima vez que tiver um pensamento, sentimento ou sensação aversivo, desagradável ou indesejado, use-o como uma oportunidade de responder ao evento de forma diferente do que faria normalmente. Observe o evento desagradável, acolha-o na sua experiência, examine-o pelo que ele é, aceite-o completamente (o que não significa aprová-lo), e, em seguida, solte-o.

Quando nos sentamos com pensamentos desagradáveis, sentimentos e sensações (mesmo que apenas por breves minutos) eles perdem a sua força (inicialmente pode acontecer o inverso). São apenas pensamentos - apenas sentimentos - e apenas sensações. Não permita que a sua mente lhes dê mais poder do que eles necessitam. São epifenómenos. Pratiquemos Mindfulness, uma "nova" forma, consciente e diligente, de satisfazer todas as experiências com abertura e aceitação.

As pessoas fazem de tudo, não importa o quão absurdo, para evitar enfrentar a sua própria alma.
Carl Jung

Sinta-se livre de expressar as suas opiniões, bem como a sua valiosa experiência, para que todos possam beneficiar (no espaço reservado para os comentários).


Referências Biliográficas

Crane, R. (2009). Mindfulness-based cognitive therapy. New York, NY: Routledge.

Hayes, S. C., Wilson, K. W., Gifford, E. V., Follette, V. M., & Strosahl, K. (1996). Experiential avoidance and behavioral disorders: A functional dimensional approach to diagnosis and treatment. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 64(6), 1152-1168.

Kashdan, T. B., Barrios, V., Forsyth, J., & Steger, M. F. (2006). Experiential avoidance as a generalized psychological vulnerability: Comparisons with coping and emotion regulation strategies. Behaviour Research and Therapy, 44(9), 1301-20.
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Rick Hanson - Lidar com a 'imperfeição'


A prática

Largar a ansiedade relacionada com a imperfeição.


Porquê?

As 'imperfeições' estão por toda parte, e elas incluem: mal-entendidos, acidentes, ervas daninhas, tráfego intenso, chuva durante um piquenique, manchas de vinho na roupa, lesões, doença, deficiência, dor, problemas, dúvidas, obstruções, perdas... Ou ainda objetos que se partem, desgastam; erros, enganos, obstáculos, falta de clareza; guerra, a fome, a pobreza, a opressão, a injustiça, etc...

Em poucas palavras, uma imperfeição – da forma como eu a refiro aqui - é um distanciamento de um ideal ou padrão razoável (por exemplo, uma nódoa na sua roupa não é ideal, nem é a fome que aflige uma em cada seis pessoas no mundo). Estas discrepâncias do ideal têm custos, e é razoável que tente fazer o que estiver ao seu alcance para os amenizar.


Mas, habitualmente, não sabemos lidar com elas da melhor forma: ficamos com ansiedade, inquietudos, nervosos e incomodados, enfim... com stress - sobre a própria imperfeição, ao invés de reconhecê-la como um aspeto natural, inevitável, e generalizado da vida.

Em vez de lidar com estas condições como elas realmente são - ervas daninhas, lesões, conflitos com os outros - e apenas lidar com elas, somos apanhados num turbilhão de preocupações sobre o que significam, resmungando, sentindo-nos esvaziados, emitindo opiniões e julgamentos, culpabilizando a nós mesmos e aos outros, e com sentimentos de decepção / vitimização e de injustiça.

Estas reações à imperfeição são os principais responsáveis pelo sofrimento (segundos dardos - assim referido na literatura budista – o sofrimento secundário). Elas conduzem a sentimentos negativos ampliados, criam problemas com os outros e consigo, tornando mais difícil tomar medidas adequadas.


Aqui fica uma alternativa: por exemplo, deixar o copo quebrado ser um copo quebrado, sem adicionar julgamento, resistência, culpa, ou preocupação a esse fato.


Como?

Realize os esforços necessários para melhorar as coisas, mas é importante perceber a impossibilidade de que tudo será como deseja, perfeito.

Abra-se a este fato: não pode perfeitamente proteger os seus entes queridos, ou eliminar todos os seus próprios riscos para a saúde, ou impedir as pessoas de fazer coisas estúpidas.

No início desta abertura pode sentir-se triste, mas posteriormente, provavelmente, vai sentir uma lufada de ar fresco, uma liberdade, e uma onda de energia para fazer as coisas que pode fazer.

É verdade que precisamos de normas e ideais, mas também precisamos de as sustentar de forma suave e sem esforço. Caso contrário, elas vão assumir uma vida própria na sua mente, ficando vítima de uma tirania auto-imposta: "devo fazer isso, é mão fazer aquilo, aquela pessoa fez-me isto...".

Note a auto-insistência moralista na sua própria visão de como você, os outros, e o mundo devem funcionar. Saiba se tem tendências para o perfeccionismo.

Além disso, muitas coisas transcendem padrões fixos. Por exemplo, poderá existir alguma vez algo como uma rosa perfeita ou uma criança perfeita? Nestes casos, a ansiedade sobre a imperfeição é absurda – e que se aplica a tentar aperfeiçoar o seu corpo, carreira, relacionamentos, família ou prática espiritual. Talvez seja bom apenas nutri-los, abraçá-los, ajudá-los a florescer, mas desistir de aperfeiçoá-los.

Fundamentalmente, todas as condições, não importa quão imperfeitas, são perfeitamente o que são: a cama é perfeitamente desfeita, o leite é perfeitamente derramado. Eu não quero dizer moralmente ou pragmaticamente perfeito - como se fosse perfeito rasgar uma camisa ou começar uma guerra - mas refiro-me a que todas as condições são, em última instância, elas próprias.

Nesse sentido, qualquer que seja o caso - de fraldas sujas e aborrecimentos quotidianos, até ao cancro e ao avião que se despenha - é o resultado neste instante do perfeito desenrolar de todo o universo. Tente ver este cenário como um vasto processo objectivo em que os nossos desejos pessoais são tão consequentes como um bolha de espuma no Oceano Pacífico.

Nesta perspectiva, perfeição e imperfeição desaparecem enquanto distinções significativas. Existem apenas as coisas ao seu próprio ritmo, em si mesmas, sem os nossos rótulos de bom ou mau, bonito ou feio, perfeito ou não. Então, não há ansiedade sobre a imperfeição; há apenas simplicidade, objetividade, engajamento - e paz.




adaptado por Vítor Bertocchini
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Mindfulness - Cultivo da Bondade e Felicidade - 18m


Exercício dedicado ao aumento da bondade e da tolerância. O cultivo de um estado positivo que leva a aumentos de uma ampla gama de recursos pessoais (por exemplo, da atenção plena, propósito na vida, apoio social, diminuição de sintomas de doença), que, por sua vez, aumentam a satisfação com a vida e reduzem os sintomas depressivos.

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Mindfulness - 10 Minute Breath Meditation


What is Mindfulness?
Mindfulness can be defined as an appreciative orientation towards our experience, moment by moment, leading to a deeper understanding of life.

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Por que é tão altamente recomendada a prática da meditação?


A meditação deixou de ser considerada como algo esotérico, praticado apenas por monges budistas, cristãos contemplativos e hindus sadhus. A meditação Tornou-se uma parte da nossa cultura popular, porque traz resultados altamente positivos e benéficos e muitas vezes de forma quase imediata.

A meditação é recomendada por médicos como um método eficaz para reduzir o stress e a hipertensão, para controlar a dor física e emocional, entre muitos outros problemas. Também está a entrar com grande energia no mundo empresarial, ensinando os gestores e colaboradores a concentrarem-se de forma eficaz no seu trabalho, a serem menos ansiosos e a abrirem o seu coração.

Na esfera do desporto, os choaches recomendam a meditação para ajudar os atletas a melhorar a sua concentração e superar o nervosismo. Nas escolas, cada vez mais professores aprendem a meditar, como forma de equilibrar a sua vida e a reduzir o stress na sala de aula. Por outro lado, eles estão já a ensinar aos seus alunos esta prática, que os ajuda a desenvolverem um maior foco e a estimular a sua criatividade e intuição.

Por que é tão altamente recomendada a prática da meditação?
Em primeiro lugar, pela razões já descritas anteriormente. Não menos importante, porque a sua prática é fácil, podendo ser realizada por qualquer pessoa, praticamente em qualquer lugar, a qualquer momento, e não requer nenhum equipamento, instrumentos, ou roupas especiais. Tudo o que é necessário é um assento confortável e, de preferência, um ambiente tranquilo. À medida que se adquire experiência, pode praticá-la também em em qualquer local.


A meditação é fácil de aprender e pode ser praticada em menos de dez minutos por dia. Ela pode ser convenientemente utilizada durante as atividades diárias para melhorar a concentração e o foco, e para relaxar as tensões físicas e mentais.


A prática da meditação também melhora a saúde e a vitalidade. Ele ensina técnicas adequadas de respiração, que trazem "oxigénio fresco" e energia vital para as células do corpo e do cérebro, estimulando os órgãos e fortalecendo o sistema imunológico, digestivo e circulatório.

Para aquelas pessoas que são filosoficamente inclinadas, a prática da meditação abre novos caminhos de auto-investigação que pode levar a uma maior compreensão, harmonia e paz interior.
E para aqueles que são espiritualmente abertos, a meditação é a porta que conduz à auto-realização.


A prática da meditação dá a oportunidade de respirar esse ar de paz, de alegria e compreender experiencialmente que, no silêncio da meditação, encontramo-nos a começar a conhecer o Infinito. Com um coração livre e irradiando alegria, abraçamos a vida, o (multi)universo e toda a natureza. A vida agora está cheia de luz; cada curto momento é pleno de vida.


Por favor, partilhe os seus pensamentos, emoções e histórias em baixo. As suas interacções proporcionam uma sabedoria de vida para que todos possam beneficiar.





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