pratica,
Em poucas palavras, uma imperfeição – da forma como eu a refiro aqui - é um distanciamento de um ideal ou padrão razoável (por exemplo, uma nódoa na sua roupa não é ideal, nem é a fome que aflige uma em cada seis pessoas no mundo). Estas discrepâncias do ideal têm custos, e é razoável que tente fazer o que estiver ao seu alcance para os amenizar.
Mas, habitualmente, não sabemos lidar com elas da melhor forma: ficamos com ansiedade, inquietudos, nervosos e incomodados, enfim... com stress - sobre a própria imperfeição, ao invés de reconhecê-la como um aspeto natural, inevitável, e generalizado da vida.
Em vez de lidar com estas condições como elas realmente são - ervas daninhas, lesões, conflitos com os outros - e apenas lidar com elas, somos apanhados num turbilhão de preocupações sobre o que significam, resmungando, sentindo-nos esvaziados, emitindo opiniões e julgamentos, culpabilizando a nós mesmos e aos outros, e com sentimentos de decepção / vitimização e de injustiça.
Estas reações à imperfeição são os principais responsáveis pelo sofrimento (segundos dardos - assim referido na literatura budista – o sofrimento secundário). Elas conduzem a sentimentos negativos ampliados, criam problemas com os outros e consigo, tornando mais difícil tomar medidas adequadas.
Aqui fica uma alternativa: por exemplo, deixar o copo quebrado ser um copo quebrado, sem adicionar julgamento, resistência, culpa, ou preocupação a esse fato.
No início desta abertura pode sentir-se triste, mas posteriormente, provavelmente, vai sentir uma lufada de ar fresco, uma liberdade, e uma onda de energia para fazer as coisas que pode fazer.
É verdade que precisamos de normas e ideais, mas também precisamos de as sustentar de forma suave e sem esforço. Caso contrário, elas vão assumir uma vida própria na sua mente, ficando vítima de uma tirania auto-imposta: "devo fazer isso, é mão fazer aquilo, aquela pessoa fez-me isto...".
Note a auto-insistência moralista na sua própria visão de como você, os outros, e o mundo devem funcionar. Saiba se tem tendências para o perfeccionismo.
Além disso, muitas coisas transcendem padrões fixos. Por exemplo, poderá existir alguma vez algo como uma rosa perfeita ou uma criança perfeita? Nestes casos, a ansiedade sobre a imperfeição é absurda – e que se aplica a tentar aperfeiçoar o seu corpo, carreira, relacionamentos, família ou prática espiritual. Talvez seja bom apenas nutri-los, abraçá-los, ajudá-los a florescer, mas desistir de aperfeiçoá-los.
Fundamentalmente, todas as condições, não importa quão imperfeitas, são perfeitamente o que são: a cama é perfeitamente desfeita, o leite é perfeitamente derramado. Eu não quero dizer moralmente ou pragmaticamente perfeito - como se fosse perfeito rasgar uma camisa ou começar uma guerra - mas refiro-me a que todas as condições são, em última instância, elas próprias.
Nesse sentido, qualquer que seja o caso - de fraldas sujas e aborrecimentos quotidianos, até ao cancro e ao avião que se despenha - é o resultado neste instante do perfeito desenrolar de todo o universo. Tente ver este cenário como um vasto processo objectivo em que os nossos desejos pessoais são tão consequentes como um bolha de espuma no Oceano Pacífico.
Nesta perspectiva, perfeição e imperfeição desaparecem enquanto distinções significativas. Existem apenas as coisas ao seu próprio ritmo, em si mesmas, sem os nossos rótulos de bom ou mau, bonito ou feio, perfeito ou não. Então, não há ansiedade sobre a imperfeição; há apenas simplicidade, objetividade, engajamento - e paz.
Rick Hanson - Lidar com a 'imperfeição'
A prática
Largar a ansiedade relacionada com a imperfeição.Porquê?
As 'imperfeições' estão por toda parte, e elas incluem: mal-entendidos, acidentes, ervas daninhas, tráfego intenso, chuva durante um piquenique, manchas de vinho na roupa, lesões, doença, deficiência, dor, problemas, dúvidas, obstruções, perdas... Ou ainda objetos que se partem, desgastam; erros, enganos, obstáculos, falta de clareza; guerra, a fome, a pobreza, a opressão, a injustiça, etc...Em poucas palavras, uma imperfeição – da forma como eu a refiro aqui - é um distanciamento de um ideal ou padrão razoável (por exemplo, uma nódoa na sua roupa não é ideal, nem é a fome que aflige uma em cada seis pessoas no mundo). Estas discrepâncias do ideal têm custos, e é razoável que tente fazer o que estiver ao seu alcance para os amenizar.
Mas, habitualmente, não sabemos lidar com elas da melhor forma: ficamos com ansiedade, inquietudos, nervosos e incomodados, enfim... com stress - sobre a própria imperfeição, ao invés de reconhecê-la como um aspeto natural, inevitável, e generalizado da vida.
Em vez de lidar com estas condições como elas realmente são - ervas daninhas, lesões, conflitos com os outros - e apenas lidar com elas, somos apanhados num turbilhão de preocupações sobre o que significam, resmungando, sentindo-nos esvaziados, emitindo opiniões e julgamentos, culpabilizando a nós mesmos e aos outros, e com sentimentos de decepção / vitimização e de injustiça.
Estas reações à imperfeição são os principais responsáveis pelo sofrimento (segundos dardos - assim referido na literatura budista – o sofrimento secundário). Elas conduzem a sentimentos negativos ampliados, criam problemas com os outros e consigo, tornando mais difícil tomar medidas adequadas.
Aqui fica uma alternativa: por exemplo, deixar o copo quebrado ser um copo quebrado, sem adicionar julgamento, resistência, culpa, ou preocupação a esse fato.
Como?
Realize os esforços necessários para melhorar as coisas, mas é importante perceber a impossibilidade de que tudo será como deseja, perfeito.Abra-se a este fato: não pode perfeitamente proteger os seus entes queridos, ou eliminar todos os seus próprios riscos para a saúde, ou impedir as pessoas de fazer coisas estúpidas.
No início desta abertura pode sentir-se triste, mas posteriormente, provavelmente, vai sentir uma lufada de ar fresco, uma liberdade, e uma onda de energia para fazer as coisas que pode fazer.
É verdade que precisamos de normas e ideais, mas também precisamos de as sustentar de forma suave e sem esforço. Caso contrário, elas vão assumir uma vida própria na sua mente, ficando vítima de uma tirania auto-imposta: "devo fazer isso, é mão fazer aquilo, aquela pessoa fez-me isto...".
Note a auto-insistência moralista na sua própria visão de como você, os outros, e o mundo devem funcionar. Saiba se tem tendências para o perfeccionismo.
Além disso, muitas coisas transcendem padrões fixos. Por exemplo, poderá existir alguma vez algo como uma rosa perfeita ou uma criança perfeita? Nestes casos, a ansiedade sobre a imperfeição é absurda – e que se aplica a tentar aperfeiçoar o seu corpo, carreira, relacionamentos, família ou prática espiritual. Talvez seja bom apenas nutri-los, abraçá-los, ajudá-los a florescer, mas desistir de aperfeiçoá-los.
Fundamentalmente, todas as condições, não importa quão imperfeitas, são perfeitamente o que são: a cama é perfeitamente desfeita, o leite é perfeitamente derramado. Eu não quero dizer moralmente ou pragmaticamente perfeito - como se fosse perfeito rasgar uma camisa ou começar uma guerra - mas refiro-me a que todas as condições são, em última instância, elas próprias.
Nesse sentido, qualquer que seja o caso - de fraldas sujas e aborrecimentos quotidianos, até ao cancro e ao avião que se despenha - é o resultado neste instante do perfeito desenrolar de todo o universo. Tente ver este cenário como um vasto processo objectivo em que os nossos desejos pessoais são tão consequentes como um bolha de espuma no Oceano Pacífico.
Nesta perspectiva, perfeição e imperfeição desaparecem enquanto distinções significativas. Existem apenas as coisas ao seu próprio ritmo, em si mesmas, sem os nossos rótulos de bom ou mau, bonito ou feio, perfeito ou não. Então, não há ansiedade sobre a imperfeição; há apenas simplicidade, objetividade, engajamento - e paz.
adaptado por Vítor Bertocchini
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