Alterar a química cerebral pode influenciar a compaixão

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Este estudo descobriu que prolongar os efeitos da dopamina no cérebro faz com que as pessoas sejam mais sensíveis à desigualdade.

Como a química do cérebro influencia a compaixão.

A biologia está fortemente relacionada com o nosso comportamento, especialmente em situações sociais. E isso significa que as nossas interações sociais podem ser manipuladas por um comprimido.

Isto é o que um novo estudo, publicado na revista Current Biology, sugere. Um grupo liderado por investigadores da Universidade da Califórnia em Berkeley e da Universidade da Califórnia em San Francisco mostra que através da manipulação de um neurotransmissor do cérebro (dopamina), as pessoas podem tornar-se mais compassivas e agir de formas pró-sociais para equilibrar as diferenças entre elas e os outros.

Um novo estudo descobriu que dando uma droga que altera o equilíbrio neuroquímico no córtex pré-frontal faz com que exista uma maior vontade de as pessoas se envolverem em comportamentos pró-sociais, tais como assegurar que os recursos são divididos de forma mais igualitária.

Os investigadores também afirmam que estudos futuros podem levar a uma melhor compreensão da interação entre mecanismos alterados da dopamina cerebral e doenças mentais, como a esquizofrenia ou as adições, e potencialmente iluminar o caminho para possíveis ferramentas de diagnóstico ou tratamentos para estas desordens.


Neste estudo, publicado online em 19 de março na revista Current Biology, os participantes em duas visitas separadas receberam um comprimido contendo um placebo ou tolcapone, uma droga que prolonga os efeitos da dopamina, uma substância química do cérebro associada com a recompensa e a motivação no córtex pré-frontal. Os participantes, em seguida, jogaram um jogo de economia simples em que eles dividiram o dinheiro entre si e um destinatário anónimo. Depois de receber tolcapone, os participantes dividiram o dinheiro com os estranhos de uma maneira mais justa, mais igualitária do que depois de receber o placebo.

Pensamos na imparcialidade como uma característica estável, parte da nossa personalidade", disse Hsu. "O nosso estudo não rejeita essa noção, mas mostra como essa característica pode ser sistematicamente afetada pela intervenção em vias neuroquímicas específicas no cérebro humano.

Neste estudo duplo-cego com 35 participantes, incluindo 18 mulheres, nem os participantes nem os membros da equipa do estudo sabiam que comprimidos continham o placebo ou o tolcapone, um medicamento aprovado pela FDA utilizado para tratar pessoas com a doença de Parkinson, uma doença neurológica progressiva que afeta o movimento e o controlo múscular.


A modelação computacional mostrou a Hsu e aos seus colaboradores que, sob a influência do tolcapone, os jogadores eram mais sensíveis e menos tolerantes à desigualdade social, o fosso económico relativo percebido entre um participante do estudo e um estranho. Conectando-se a estudos anteriores que mostram que a desigualdade económica é avaliada no córtex pré-frontal, uma área central do cérebro que é afetada pela dopamina, este estudo leva os investigadores para mais perto da identificação de como os comportamentos pró-sociais, como a justiça, são iniciados no cérebro.

Demos um passo importante para aprender que a nossa aversão à desigualdade é influenciada pela nossa química cerebral, disse o primeiro autor do estudo, Ignacio Sáez, investigador de pós-doutoramento na Haas School of Business. Estudos na última década lançaram luz sobre os circuitos neuronais que determinam como nos comportamos em situações sociais. O que mostramos aqui é 'switch' num cérebro que podemos modificar.



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O altruísmo é mais simples do que se pensava, mostra um estudo ao cérebro

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Talvez sem surpresa a maioria das pessoas tende a ser gananciosa, mas o modelo também explica outro enigma: às vezes até mesmo os participantes mais egoístas tomam decisões generosas...

Um novo modelo computacional de como o cérebro faz escolhas altruístas é capaz de prever quando uma pessoa vai agir generosamente num cenário que envolve a perda de dinheiro. A investigação, liderada pelos cientistas do California Institute of Technology, apareceu no dia 15 de julho na revista Neuron. Este estudo também ajuda a explicar que ser generoso, às vezes, parece tão difícil.

A razão pela qual as pessoas agem de forma altruísta é controversa entre os académicos. Alguns argumentam que as pessoas são naturalmente egoístas e que a única maneira de substituir as nossas tendências gananciosas é exercitar o autocontrolo. Outros têm uma perspetiva mais positiva, acreditando que os seres humanos consideram naturalmente a generosidade gratificante e que só agem de modo egoísta quando fazem uma pausa para pensar sobre isso. O "modelo Caltech" sugere que "no meio é que está a virtude"; tanto a generosidade, como o egoísmo podem surgir de forma rápida e sem esforço. Mas isso depende da pessoa e do contexto.

"Adotámos um modelo de escolha muito simples, que tem sido desenvolvido para prever as decisões perceptivas - como se um ponto está a mover-se para a esquerda ou para a direita - sendo adaptado para entender a generosidade", diz a principal autora Cendri Hutcherson, que fez esta investigação inserida num pós-doutoramento do California Institute of Technology e agora dirige a Decision Neuroscience Lab na Universidade de Toronto.

Com este modelo simples somos capazes de explicar uma enorme variedade de padrões anteriormente confusos sobre como as pessoas fazem escolhas altruístas.

"Descobrimos que o que importa não é se a pessoa pode exercer autocontrolo, mas simplesmente quão fortemente cada um de nós considera as necessidades dos outros em relação às suas próprias", afirma a autora.
Se considerar mais as necessidades da outra pessoa ser generoso é fácil. Se considerar mais as suas necessidades a generosidade requer um grande esforço.

Hutcherson também considera que este modelo lança luz sobre os debates relativos a se o simples ato de nos comportarmos com generosidade é gratificante. "Os investigadores têm observado que se uma pessoa agir com generosidade, então é possível observar uma maior atividade em áreas do cérebro que representam um valor de recompensa, e por isso concluíram que a generosidade é um ato intrinsecamente gratificante - mas, na verdade, o nosso modelo sugere que se pode obter essa mesa atividade cerebral apenas através da forma como essas regiões constroem uma decisão ", diz ela. "Iríamos ver mais ativação em áreas relacionadas com a recompensa simplesmente porque a decisão é complexa e por isso requer mais processamento cerebral."


O modelo é baseado em imagens do cérebro de 51 homens à medida que eles tomaram decisões numa versão modificada do "jogo do ditador". Para jogar este jogo, cada participante foi emparelhado com um estranho que ele nunca conheceu, sendo questionado se estaria disposto a sacrificar quantidades diferentes de dinheiro de modo a que o estranho pudesse obter um pagamento significativamente maior (por exemplo, o próprio perdem €25 e que a outra pessoa recebe um extra de €100). O dinheiro era real e cada participante teve que fazer um total de 180 decisões.


Os scans ao cérebro sugerem que diferentes áreas cerebrais representam os interesses próprios e de terceiros. Valores auto-orientados correlacionaram-se com a atividade no ventral estriado, uma área associada com o processamento baseado na recompensa. Valores orientados para os outros correlacionaram-se com a ativação da junção temporo-parietal, que tem sido implicada na empatia. Hutcherson acredita que esta é uma evidência de que as pessoas são mais propensas a doar recursos se elas já tiverem em mente em como a sua doação vai beneficiar alguém.

Talvez sem surpresa a maioria das pessoas tende a ser gananciosa, mas o modelo também explica outro enigma: às vezes até mesmo os participantes mais egoístas tomam decisões generosas. Os investigadores vêem essas escolhas não como evidência de auto-controlo, como se pensava anteriormente, mas simplesmente como erros, um momento em que o benefício para o Self foi acidentalmente subvalorizado. Estes erros sugerem que a pressão do tempo poderia ser uma forma de levar as pessoas a se desviarem dos seus comportamentos normais de dar, mas isso, provavelmente, não será uma estratégia de sucesso de longo prazo para captação de recursos.

"Os nossos resultados indicam que as pessoas são mais felizes quando a generosidade por engano/erro não acontece," afirma Hutcherson. "Mas se pudermos aumentar o foco das pessoas nos pensamentos e nas experiências dos outros podemos diminuir os erros e aumentar as doações de caridade, tornando o altruísmo muito mais fácil."

adaptado de Cellpress

Referência

Cendri A. Hutcherson, Benjamin Bushong, Antonio Rangel. A Neurocomputational Model of Altruistic Choice and Its Implications. Neuron, 2015; 87 (2): 451 DOI: 10.1016/j.neuron.2015.06.031
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Todos nós sofremos do mesmo problema

citação mindfulness"Todos nós sofremos do mesmo problema: uma mente condicionada."






David Brazier



A chave é olhar para pensamentos e emoções

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A chave é olhar para pensamentos e emoções pelo que eles realmente são… apenas construções mentais. Não há necessidade de habitá-los, agir sobre eles, lutar ou tentar evitá-los. Basta observá-los e deixá-los passarem, como nuvens no céu!



Vítor Bertocchini





O exercício mental, como a meditação, pode mudar as nossas mentes!

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Usando ressonância magnética funcional, Davidson mostrou que a meditação na compaixão, mesmo em praticantes de curto prazo, induziu alterações significativas nos padrões de actividade funcional do cérebro.
Richard Davidson, um dos principais cientistas do cérebro do mundo, acredita que o exercício mental, especificamente a meditação, pode literalmente mudar as nossas mentes.

"Os dados das investigações mostram que a prática mental pode induzir mudanças duradouras no cérebro", disse Davidson, professor de psicologia e psiquiatria da Universidade de Wisconsin-Madison.

A sua pesquisa científica surpreendente sobre o impacto da meditação no funcionamento do cérebro e tem implicações que vão além do plano físico. Os monges budistas acreditam que os atributos mentais e as emoções positivas como a compaixão, a bondade e empatia são competências que podem ser cultivadas. A ciência tem comprovado isso mesmo.

Health: Mental exercise like meditation can literally change our minds

Usando uma rede de sensores geodésica de 128 canais, O monge Budista Matthieu Ricard senta-se num quarto à prova de som e prepara-se para um electroencefalograma (EEG) na Universidade de Wisconsin-Madison. Ricard é um participante de longa data do estudo em curso liderado por Richard J. Davidson que monitoriza as ondas cerebrais dos participantes durantes várias formas de meditação, includindo a meditação na compaixão. Davidson é o director dos laboratórios Waisman for Brain Imaging and Behavior (WLBIB) e do William James e Professor universitário de  Psicologia e de Psiquiatria.

Photografia por: Jeff Miller,  University of Wisconsin-Madison University.

Davidson começou a meditar em 1974, quando era um estudante de doutoramento em Harvard. Naquela época, a meditação era vista como uma importação oriental, algo exótico e estranho. Foi quando conheceu o Dalai Lama, em 1992, que Davidson "decidiu sair do armário o seu interesse na meditação". Ficou animado com a possibilidade de aplicar o estudo científico rigoroso na prática da meditação.

"Fiz um compromisso de fazer o meu melhor para levar os instrumentos tão bem afinados em estudar o medo e a ansiedade e aplicá-los na investigação da bondade e da compaixão."

Davidson começou um estudo, que ainda está em curso, do cérebro de monges budistas, os chamados "atletas olímpicos" da meditação, cada um dos quais haviam realizado pelo menos 10.000 horas de meditação. "O trabalho foi enquadrado na pesquisa sobre a neuroplasticidade, segundo a qual o cérebro muda em resposta à experiência", disse Davidson.


Usando ressonância magnética funcional, Davidson mostrou que a meditação na compaixão, mesmo em praticantes de curto prazo, induziu alterações significativas nos padrões de actividade funcional do cérebro.
Davidson, que publicou as suas descobertas sobre a meditação nas mais prestigiadas revistas científicas do mundo, acredita que mesmo o chamado " set-point da felicidade" (a ideia de cada pessoa tem um determinado nível de felicidade determinada geneticamente) de cada pessoa pode ser modificado positivamente.

As aplicações potenciais incluem intervenções não-farmacológicas ou tratamento complementar para a depressão, bem como questões comportamentais e relacionada ao stress.

Davidson pensa que em 2050 o treino mental será entendido como sendo tão importante quanto o exercício físico.

Adaptado de:http://www.vancouversun.com/sports/health+mental+exercise+like+meditation+literally+change+minds/2035205/story.html ~

Treino na Compaixão e a Mente Errante

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Uma maneira de diminuir a divagação mental é através de práticas que melhoram a atenção plena, ou o estado de atenção sem julgamento, centrado no momento presente...

A meditação na compaixão cultiva pensamentos benevolentes em relação a si mesmo e em relação a todos os seres. É diferente neste aspecto de outras formas de meditação, no sentido de que os participantes são "guiados" através de pensamentos compassivos. Os resultados da investigação "A Wandering Mind is a Less Caring Mind", publicada recentemente no Journal of Positive Psychology, é o primeiro estudo que demonstra que o treino formal de compaixão diminui a tendência para a mente vaguear, enquanto aumenta o comportamento cuidador, não só para com os outros, mas para consigo mesmo, disse James Doty, um co-autor do estudo, neurocirurgião em Stanford e fundador e diretor do Stanford's Center for Compassion and Altruism Research and Education.

A "Mente errante" é a incapacidade de ter os seus pensamentos num único tópico por muito tempo. Investigações anteriores sugerem que as pessoas gastam até 50% das suas horas no período de vigília na divagação mental, muitas vezes sem o perceber. Doty afirmou que Mindfulness, ou Atenção Plena, é extremamente útil no mundo de hoje, com a miríade de distracções, tornando difícil e responder às tarefas necessárias.



Ao fechar os olhos e envolver-se no treino da atenção através de uma prática de mindfulness não só diminuiu os efeitos fisiológicos negativos da distracção, que podem resultar em ansiedade e medo, mas aumenta a capacidade de atender às tarefas importantes e não ter uma resposta emocional ao diálogo, muitas vezes negativo, que é frequente em muitos indivíduos, disse Doty.

Cultivar mindfulness

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Uma maneira de diminuir a divagação mental é através de práticas que melhoram a atenção plena, ou o estado de atenção sem julgamento, centrado no momento presente, disseram os investigadores. Distinta de outras formas de meditação, o treino de meditação compassiva envolve o reconhecimento e o desejo de aliviar o sofrimento dos outros e o seu próprio. Assim, há uma ênfase da sua atenção sobre uma determinada pessoa, objeto ou situação, em vez de se engajar em meditação sem nenhum objecto específico.

Como os investigadores notaram, a compaixão é definida como uma tomada de consciência do sofrimento, pela preocupação empática, pelo desejo de ver o alívio desse sofrimento, e uma capacidade de resposta ou de prontidão para ajudar a aliviar esse sofrimento.

O estudo em questão examinou 51 adultos durante um programa de meditação compassiva, medindo vários estados da mente-errante (tópicos neutros, agradáveis ​​e desagradáveis), e comportamentos cuidadores para si e para os outros. Os participantes participaram num programa secular de formação em meditação compassiva, desenvolvido na Universidade de Stanford, que consiste em nove sessões de duas horas com um instrutor certificado.

Eles foram incentivados a meditar pelo menos 15 minutos diariamente e se possível 30 minutos. Em vários intervalos de tempo os participantes foram convidados a responder a perguntas tais como: "está a pensar em algo diferente do que está a fazer no momento?" e "Já fez alguma coisa hoje que seja cuidador de si mesmo e, em seguida, de alguém?
Os investigadores também deram aos participantes exemplos de "comportamentos cuidadores ou bondosos" - tais como visitar pessoas num lar de idosos, ajudar uma criança com os trabalhos de casa ou em aprender algo novo, e dizer a um amigo, familiar ou colega de trabalho o quanto os valoriza.

Resultados

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Os resultados deste estudo indicaram que a meditação na compaixão diminuiu a mente-errante para os temas neutros e aumentou os comportamentos cuidadores para consigo mesmo. Além disso, quanto mais os participantes praticaram meditação na compaixão maiores as suas reduções na mente-errante para os temas desagradáveis ​​e aumentos na mente que vaguea para temas agradáveis, ambos os quais foram relacionados ao aumento nos comportamentos de cuidar de si e dos outros, de acordo com o estudo.




A mente vaguear nem sempre é problemático
Os investigadores afirmaram que este estudo é o primeiro a fornecer um suporte inicial para o treino formal na compaixão, indicando que pode reduzir a divagação mental e aumentar os comportamentos cuidadores de si e dos outros. Doty observou que, por si só, a mente vaguear pode não ser necessariamente negativo. Ao contrário da divagação mental que derivou para temas negativos ou neutros, os investigadores não encontraram uma diminuição nos comportamentos cuidadores de si e dos outros quando a mente vagueava para os tópicos positivos.
As pessoas permitem que as suas mentes 'ande sem destino' por escolha ou por acidente, porque às vezes produz recompensas concretas - tais como uma visão intelectual ou mesmo a sobrevivência física. Por exemplo, pode ser relevante reler uma linha de texto três vezes porque a nossa atenção se afastou, se essa mudança de atenção produziu um insight chave ou um tema agradável. Isto contrasta com a divagação mental que desencadeia, por exemplo, uma avalanche de ansiedade e de medo.
Doty observou que um dos traços evolutivos da espécie humana é a capacidade de monitorizar possíveis ameaças e imediatamente concentrar a atenção sobre nessa ameaça.

"Se existirem muitas dessas ameaças ou, no caso de viver numa grande cidade com tantos estímulos, pode levar que o nosso sistema interno analise tais estímulos como ameaças e pode levar-nos à sensação de opressão, ansiedade e exaustão", afirmou ele. Doty acrescentou ainda que a divagação mental pode ser reflexo desta realidade à medida que a nossa atenção continua a ser desviada.
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Trabalhar com as dificuldades - o método RAIN

Método Rain
A presença lúcida e aberta evocada nos passos R, A e I do RAIN leva à N: à liberdade da não-identificação, e a realização do que eu chamo de Consciência Natural ou a Presença Natural.
Há aproximadamente 13 anos atrás um certo número de professores budistas começaram a partilhar uma nova ferramenta de mindfulness que oferecia suporte em situações de crise, trabalhando com emoções intensas e difíceis. Denominada de RAIN (um acrónimo para as quatro etapas do processo), pode ser praticado em qualquer lugar ou situação. Esta prática dirige a nossa atenção de uma forma clara e sistemática, ajudando a desligar a confusão e o stress. Os passos dão-nos um “refúgio” para onde podemos recorrer em momentos dolorosos, e à medida que os praticamos com mais regularidade reforçam a nossa capacidade de “voltar para casa”, para a nossa mais profunda verdade.

Como o céu claro e o ar limpo depois de uma chuva refrescante, esta prática de mindfulness traz uma nova abertura e calma para o nosso quotidiano.


Já ensinei o método RAIN a milhares de praticantes, clientes e profissionais de saúde mental, adaptando-o e ampliando-o na versão que encontra neste artigo, afirma Tara Brach. Também tornei esta prática numa prática central na minha própria vida. De seguida ficam os quatro passos de RAIN, apresentados na forma que os considero mais úteis:

     R - Reconhecer o que está a acontecer;
     A - Aceitar/Permitir que a vida seja exactamente como é;
     I - Investigar a experiência interior com bondade;
     N - Não identificacação.

RAIN descondiciona diretamente os padrões habituais através dos quais habitualmente resiste à sua experiência de momento a momento. Não importa resistir "ao que é" atacando com ira, fumar um cigarro ou por ficar imerso em pensamentos obsessivos. RAIN começa a desfazer esses padrões inconscientes assim que damos o primeiro passo.

► Reconheça o que está a acontecer.

O reconhecimento é ver o que é verdadeiro na sua vida interior. Inicia-se no momento que concentra a sua atenção em tudo o que surge aqui e agora, tal como pensamentos, emoções, sentimentos ou sensações. À medida que a sua atenção se instala e se abre vai descobrir que é mais fácil de conectar com algumas partes da sua experiência do que com outras. Por exemplo, pode reconhecer a ansiedade imediatamente, mas se se concentrar nos seus pensamentos de preocupação, pode não perceber as sensações reais de aperto e de pressão que surgem no corpo. Por outro lado, se o seu corpo está num estado nervoso pode não reconhecer que esta resposta física está sendo desencadeada pela sua crença subjacente de que está prestes a falhar.

Você pode despertar com um reconhecimento de simplesmente perguntar-se a si mesmo: "O que está a acontecer dentro de mim agora?" Chame a sua curiosidade natural à medida que se concentra internamente no seu corpo. Tente soltar-se de todas as ideias preconcebidas e ouça de uma forma receptiva o seu corpo e o seu coração.

► Permitir que a vida seja assim como é.

Permitir significa aceitar os pensamentos, emoções, sentimentos ou sensações que vai descobrindo. Pode sentir uma sensação natural de aversão, de desejar que os sentimentos desagradáveis desapareçam, mas à medida que se torna mais receptivo a estar presente com "o que é" começa a emergir uma qualidade diferente de atenção.

Muitos praticantes com quem trabalho suportam a sua vontade de "aceitação" sussurrando mentalmente uma palavra ou frase animadora. Por exemplo, você pode sentir o aperto de medo e sussurrar "sim" ou experimentar o aparecimento da profunda tristeza e sussurrar "sim". Você pode usar as palavras "isto também" ou "eu consinto". No início pode sentir que apenas está a "confrontar-se" com as emoções desagradáveis ou sensações. Na realidade, temos que concordar uma e outra vez. No entanto, mesmo o primeiro gesto de permitir, simplesmente sussurrando uma frase como "sim" ou "aceito", começa a suavizar a dureza da sua dor. Ofereça a frase gentilmente e com paciência, e com tempo as suas defesas tendem a diminuir, e poderá sentir uma sensação física de cedência ou de abertura à experiência.


► Investigue com bondade.


Às vezes, simplesmente trabalhar com as duas primeiras etapas de RAIN é suficiente para prestar socorro e reconectá-lo com Presença. Noutros casos, no entanto, a simples intenção de permitir reconhecer não é suficiente. Por exemplo, se estiver num processo de divórcio, a ponto de perder o emprego ou lidar com uma doença fatal pode ser facilmente dominado por sentimentos intensos. Em tais situações pode ser necessário “despertar” um pouco mais e fortalecer a consciência atenta com o passo I do RAIN.

Investigação significa chamar o seu interesse natural - o desejo de conhecer a verdade e dirigir uma atenção mais focada para a sua experiência presente. Basta fazer uma pausa para perguntar: "O que está acontecer dentro de mim?" e poderá iniciar o reconhecimento, mas com a investigação envolve-se num tipo mais activo de inquérito. Poderá perguntar-se: "O que requer mais atenção?" "Como estou a experimentar isto no meu corpo" ou "O que estou a acreditar?" ou "O que é que este sentimento quer de mim"? Poderá entrar em contacto com sensações de vazio e, em seguida, encontrar um sentimento de indignidade e vergonha enterrados nesses sentimentos. A menos que eles sejam trazidos à consciência, essas crenças e emoções vão controlar a sua experiência e perpetuar a sua identificação com um “Self” limitado e “deficiente”.

Quando iniciei a partilha do acrónimo RAIN com os alunos, muitos deles tiveram problemas com a etapa da investigação. Alguns relatavam que: "quando o medo surge, a minha investigação só me leva a pensar sobre o que está a causar isso e como posso sentir-me melhor." Outros afirmavam: "Eu não consigo ficar no meu corpo o tempo suficiente para investigar onde a emoção vive em mim. Para muitos a investigação desencadeia julgamento: "Eu sei que eu deveria estar a investigar essa vergonha, mas eu odeio isso ... e eu me odeio por tê-la".

Todas essas respostas reflectem a nossa resistência natural às sensações desconfortáveis e inseguras: os pensamentos são imensos na nossa cabeça, deixamos o nosso corpo, julgamos o que está a acontecer. Alguns dos meus alunos eram da opinião de que ao RAIN estava a faltar um ingrediente chave.
Para que o passo da investigação fosse curador e libertador precisamos de nos aproximar da nossa experiência com uma qualidade íntima de atenção. Precisamos de oferecer uma recepção gentil para o que surge. É por isso que eu uso a frase "Investigar com bondade". Sem essa energia do coração a investigação não pode penetrar; não há segurança e abertura suficientes para o contacto real.
Imagine que o seu filho chega em casa em lágrimas depois de ter sido vítima de bullying na escola. Com o objectivo de descobrir o que aconteceu ao seu filho e como ele está se sentindo você tem que oferecer um tipo de atenção, receptiva e gentil. Da mesma forma, Trazer essa mesma bondade para a sua vida interior permite que a investigação, e, finalmente, a cura sejam possíveis.

► Não-identificação; Descanse na sua Consciência Natural.


A presença lúcida e aberta evocada nos passos R, A e I do RAIN leva à N: à liberdade da não-identificação, e a realização do que eu chamo de Consciência Natural ou a Presença Natural. A não identificação significa que o seu sentimento de quem você é não está confundido ou definido por qualquer conjunto limitado de emoções, sensações ou narrativas. Quando a identificação com o pequeno ego é resolvida, começamos a intuir e a viver a partir da abertura e do amor que expressa a nossa Consciência Natural.

As três primeiras etapas do RAIN exigem alguma actividade intencional. Em contraste, o N de RAIN expressa o resultado: a realização libertadora da sua Consciência Natural. Não há nada a fazer nesta última parte do RAIN- a realização surge espontaneamente, por conta própria. Simplesmente descansamos na Consciência Natural.




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