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Meditação e Não Dualidade

10:26 Vítor Bertocchini 0 Comments

Imersão Profunda

Através dos tempos, em diferentes tradições meditativas, diversos praticantes avançados, têm relatado vivenciar estados "transcendentais" de profunda imersão. Durante essas experiências, distinções entre o sujeito e o objecto, o eu e o outro e passado, presente e futuro começam a diminuir. Com a prática suficiente é provável que todas as distinções tendam a dissolver-se num estado indiferenciado ou não dual de consciência, por vezes acompanhado de uma sensação de intemporalidade ou de prolongada permanência no momento presente.3
As teorias convencionais sobre as bases neuronais da consciência e da percepção consideram as experiências de distorção do tempo uma ilusão.4

No entanto, há boas razões para considerar estes relatos subjectivos excepcionais de forma séria, independentemente do quão difícil possam parecer, já que há relatos semelhantes que têm vindo a ser registados por milénios em diferentes culturas. Por exemplo, a consciência não-dual é semelhante ao estado subjectivo chamado de Samyama no Yoga Sutras de Patanjali, um manuscrito do século II a.c. 5
Patanjali escreveu que aqueles que alcançam a estabilidade no samyama poderiam experimentar habilidades mentais extraordinárias, uma das quais foi descrita como a capacidade de perceber, simultaneamente, passado, presente e futuro. Embora seja imprudente levar estas reivindicações antigas em consideração apenas pelo seu valor facial, é de salientar que um crescente corpo de dados empíricos mostram que alguns meditadores avançados têm capacidades que se julgava ser categoricamente impossíveis de alcançar. Exemplos incluem o controlo voluntário do sistema nervoso autónomo, a inibição da resposta de sobressalto (startle), controlo de rivalidade binocular e cegueira induzida pelo movimento, controlo da dor, a lucidez durante o sono e estados de sonho, atenção selectiva e sustentada. 7, 8, 9, 10, 11, 12 e 13




Por Vítor Bertocchini


Referências Bibliográficas

1. R. Cahn, J. Polich (2006). Meditation states and traits: EEG, ERP, and neuroimaging studies. Psychological Bulletin, 132, pp. 180–211

2. Newberg A, Alavi A, Baime M, Pourdehnad M, Santanna J, d’Aquili E. (2001) The measurement of regional cerebral blood flow during the complex cognitive task of meditation: a preliminary psychiatry research study. Neuroimaging, 106:113-122.

3. Josipovic Z. Duality and nonduality in meditation research (2010). Consciousness Cognitive, 1119-1121.

4. Wittmann M, van Wassenhove V, Craig AD, Paulus MP (2010). The neural substrates of subjective time dilation. Frontiers in Human Neuroscience, 4:1-9.

5. Woods JH (2007). The Yoga System of Patanjal. New Delhi: Delhi Motilal Banarsidass.

6.Walsh R, Shapiro SL (2006). The meeting of meditative disciplines and Western psychology: a mutually enriching dialogue. American Psychologist,61-227-239.

7. Carter OL, Presti DE, Callistemon C, Ungerer Y, Liu GB, Pettigrew JD (2005). Meditation alters perceptual rivalry in Tibetan Buddhist monks. Current Biology,15,412-413.

8. Goleman D. Destructive Emotions. New York: Bantam Books; 2003.

9. Kakigi R, Nakata H, Inui K et al. (2005). Intracerebral pain processing in a Yoga Master who claims not to feel pain during meditation. European Journal of Pain, 9:581-589.

10. MacLean KA, Ferrer E, Aichele SR, et al. (2010). Intensive meditation training improves perceptual discrimination and sustained attention. Psychological Science, 21:829-839.

11. Mason LI, Alexander CN, Travis FT et al. (1997) Electrophysiological correlates of higher states of consciousness during sleep in longterm practitioners of the Transcendental Meditation program. Sleep, 20:102-110.

12. Mason LI, Orme-Johnson DW (2010). Transcendental consciousness wakes up in dreaming and deep sleep. International Journal Dream Research, 3: 28-32.

13. Peper E, Wilson VE, Gunkelman J et al. (2006) Tongue piercing by a Yogi: QEEG observations. Applied Psychophysiology Biofeedback, 31: 331-338.

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