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A Meditação em contexto médico

03:57 Vítor Bertocchini 0 Comments

medicina mindfulness
Mindfulness é um aspecto da experiência meditativa que reflete a capacidade humana básica fundamental para prestar atenção a aspectos relevantes da experiência, numa forma mental não julgadora e não reactiva, que por sua vez cultiva o pensamento claro, a equanimidade, a compaixão e a abertura do coração.

A prática da meditação em contexto médico tem demonstrado ser uma excelente terapia coadjuvante para muitas doenças e um meio essencial e primordial de manutenção da saúde holística e bem-estar.
Ao invés de ser um conceito marginal, a meditação é agora amplamente conhecida e aceite como uma prática mente-corpo benéfica, quer pela população em geral quer pela comunidade científica.

A já extensa investigação demonstra os benefícios da prática da meditação para uma ampla variedade de condições médicas. São necessários mais esforços para operacionalizar e aplicar a prática da meditação em contextos educacionais, clínicos e médicos, de forma a que seja prática, eficaz e significativa.



O que é a meditação?
Encontrada em culturas, tradições espirituais e sistemas de cura em todo o mundo, especialmente no oriente, a meditação é uma prática mente-corpo com muitos métodos e variações, que se fundamentam na atenção plena no silêncio e na quietude, no não julgamento e na ênfase no momento presente.

Embora as práticas de meditação contemplativa estejam enraizadas nas tradições espirituais do mundo, a prática da meditação não exige crença em qualquer sistema religioso ou cultural específico. O aumento da pesquisa e familiarização da meditação mindfulness nos campos da neurociência , psicologia e medicina têm levado a uma maior compreensão da consciência e a melhorar o tratamento em muitos problemas de saúde.


Mindfulness é um aspecto da experiência meditativa que reflete a capacidade humana básica fundamental para prestar atenção a aspectos relevantes da experiência, numa forma mental não julgadora e não reactiva, que por sua vez cultiva o pensamento claro, a equanimidade, a compaixão e a abertura do coração. De acordo com o fundador do Centro para Mindfulness da Universidade de Massachusetts, Jon Kabat-Zinn, a meditação é muito simples. É sobre parar e estar presente. Isso é tudo.

O objectivo declarado da atenção plena é manter a consciência fluída num processo experiencial, momento a momento, que ajuda a libertação do forte apego a crenças, pensamentos e emoções de uma forma que gera maior sentido de equilíbrio emocional e bem-estar (Ludwig & Kabat-Zinn, 2008). Esta simples afirmação, ainda que radical tem o potencial de grande alcance benéfico terapêutico nos desafios que os cuidados de saúde enfrentam actualmente, como a redução de recursos e o aumento de doenças crónicas influenciadas pelo estilo de vida.

Razões para Meditar
A prática de meditação prescrita pode conduzir ao bem-estar físico e à estabilidade mental, provendo uma base para a saúde e bem-estar, já que eles influenciam diretamente a capacidade da pessoa para enfrentar os desafios decorrentes do stress, a exaustão e a doença. Para a maioria das pessoas, a doença traz à tona sentimentos de confusão, ansiedade, medo, e raiva.

Choque, isolamento, depressão, medo e impotência são algumas experiências comuns que os pacientes enfrentam quando padecem de doença crónica.


De acordo com a experiente professora de meditação Charlotte Joko Beck (1989) "A prática da meditação proporciona competências que dão um maior sentido de auto-determinação - a capacidade de cultivar e utilizar recursos internos para ajudar a enfrentar todas as circunstâncias com equanimidade e clareza".
Sentindo-se fora de controlo pode dar origem a uma reactividade mental e corporal que leva a um aumento da dor e do sofrimento. Aplicando a simples prática de uma consciência que não julga, ao momento presente e viver com esse processo, pode dramaticamente influenciar a sua relação com os agentes geradores de stress quotidianos e esta é uma forma em que a prática da meditação aborda a epidemia das aflições mente-corpo que se expressam fisicamente em insónias, ataques de pânico, refluxo gastroesofágico, enxaquecas, dores de cabeça , dores lombares , pernas inquietas , fibromialgia , fadiga crónica, intestino irritável, e muitas outras condições. Estas e outras condições sobrecarregam desproporcionalmente os sistemas de saúde e, muitas vezes, não respondem ao tratamento convencional.

A Meditação formal é processo com uma orientação para o interior, para a prática da auto-capacitação que pode estimular o processo de cicatrização e ajudar os pacientes e os profissionais de saúde a melhor navegarem através das experiências inquietantes e turbulentas.


Referências bibliográficas

- Ludwig D.S., Kabat-Zinn J. (2008). Mindfulness in medicine. JAMA, 300(11),1350–1352.
- Beck C.J. (1989). Everyday zen. New York: Harper Collins.

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