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Yoga nas nossas mentes

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Yoga nas nossas mentes: uma revisão sistemática da prática de yoga para transtornos neuropsiquiátricos

As doenças mentais são uma preocupação importante na saúde global, apesar das melhorias nas modalidades de tratamento e acesso aos cuidados. Dados recentes indicam que 37% da perda de anos saudáveis provocadas por doenças não transmissíveis é devido a doenças mentais. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a depressão ocupou o terceiro lugar entre os encargos globais de doenças em todo o mundo em 2004, e foi a causa mais importante em países de rendimento médio e alto, enquanto que ficou em oitavo lugar nos países de baixo rendimento (Organização Mundial da Saúde, 2008).

A depressão e a ansiedade são responsáveis pelo maior decréscimo da saúde, comparado com a asma, angina, artrite e diabetes (Maussavi et al., 2007). As queixas de sono são frequentemente associadas com uma variedade de distúrbios psiquiátricos. Estima-se que cerca de 9-21% da população tem insónias, acompanhadas de consequências graves durante o dia, que incluem fadiga crónica, irritabilidade, mau humor, perda de memória e dificuldades interpessoais (Moul et al., 2002). Este problema atingiu proporções epidémicas nos Estados Unidos, onde quase 25% dos adultos consomem medicamentos para dormir em alguma altura do ano (National Sleep Foundation, 2005).

A disponibilidade de tratamentos psicofarmacológicos tem aumentado, mas a resposta e tolerabilidade permanecem imprevisíveis e inconsistentes. Enquanto os agentes psicotrópicos podem ser a salvação para muitas pessoas, a longo prazo podem ter efeitos negativos negativos e consideráveis.

Dada a heterogeneidade das condições psiquiátricas, no que diz respeito a factores biológicos, psicológicos e sociais não é de estranhar que os tratamentos padrão disponíveis têm taxas de resposta inconsistentes. A procura de modalidades de tratamento não farmacológicas tem vindo a aumentar (Barrows e Jacobs, 2002). O ultimo estudo “Yoga na América” em 2012 demonstrou que 8,7 % dos adultos norte-americanos, ou 20,4 milhões de pessoas, pratica yoga, comparados com os 15.8 milhões do estudo de 2008. Dos actuais não praticantes, 44,4% dos norte-americanos inserem-se na categoria de "yogis aspiracionais"- pessoas que estão interessadas em tentar yoga. Os objectivos holísticos do yoga passam pela promoção da saúde física e  da consciência espiritual e social.

O yoga, com origens na antiga Índia, incorpora posturas físicas (asanas), respiração controlada (pranayama), relaxamento profundo e meditação (Javnbakht et al, 2009). A evidência científica relativa aos efeitos do yoga na mente são muito fortes. Todas as práticas de yoga são conhecidos por influenciar o estado mental (Telles, 2010) - estudos notaram benefícios em crianças (Manjunath e Telles, 2004), adultos (Vialatte et al, 2008), idosos (Krishnamurthy e Telles, 2007) e indivíduos com stresse ocupacional (Vempati e Telles, 2000).
Os estudos com biomarcadores, em indivíduos saudáveis sugerem que o yoga influencia neurotransmissores, inflamação, stress oxidativo, lípidos, factores de crescimento, entre outros (ver Figura), de uma forma muito semelhante ao que foi mostrado para os anti-depressivos e psicoterapia. Supõe-se que o yoga combina os efeitos de posturas físicas, que foram independentemente associados com mudanças de humor (Phillips et al, 2003), com a meditação, que aumenta os níveis do factor neurotrófico (BDNF; Xiong e Doraiswamy, 2009), composto que estimula a produção de neurónios em determinadas áreas. Entre elas está o hipocampo, estrutura relacionada com a memória. Os cientistas descobriram que na depressão há uma redução da presença do BDNF.

Outros efeitos observados incluem aumento do tónus vagal, aumento do ácido gama-aminobutírico (GABA), aumento dos níveis da prolactina sérica, optimização da regulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, diminuição do cortisol sérico e promoção da actividade das ondas cerebrais alfa, que aumenta o relaxamento (Janakiramaiah et al, 1998, 2000;. Kamei et al, 2000; Streeter et al, 2007). Finalmente, os estudos clínicos anteriores notaram várias condições psiquiátricas para as quais o yoga tem sido benéfico (Shannahoff-Khalsa et al, 1999;. Carei et al, 2010;. Visceglia e Lewis, 2011; Katzman et al, 2012; Libby et al. , 2012).



Referências Bibliográficas

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Janakiramaiah, N., Gangadhar, B. N., Nagavenkatesha-Murthy, P. J., Shetty, T. K., Subbakrishna, D. K., Meti, B. L., et al. (1998). Therapeutic efficacy of sudarshan kriya yoga (SKY) in dysthymic disorder. NIMHANS J. 17, 21–28.

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Katzman, M. A., Vermani, M., Gerbarg, P. L., Brown, R. P., Iorio, C., Davis, M., et al. (2012). A multicomponent yoga-based, breath intervention program as an adjunctive treatment in patients suffering from Generalized Anxiety Disorder with or without comorbidities. Int. J. Yoga 5, 57–65.

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Pubmed Abstract | Pubmed Full Text

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Yoga para Ansiedade e Depressão

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Há também evidências de que as práticas de yoga ajudam a aumentar a variabilidade da frequência cardíaca, um indicador da capacidade do organismo para responder ao stresse de forma mais flexível.
Estudos demonstram que a prática de yoga modera as respostas de stresse

Desde os anos 70 do século passado, a meditação e outras técnicas de redução de stresse têm sido estudadas como possíveis tratamentos para a depressão e ansiedade. Uma dessas práticas, o Yoga, tem recebido menos atenção na literatura médica, embora se tenha tornado cada vez mais popular nas últimas décadas. Uma pesquisa nacional estimou, que cerca de 7,5% dos adultos dos EUA já praticou yoga pelo menos uma vez e que cerca de 4% tinham praticado yoga no ano anterior.

As aulas de yoga podem variar de suaves e confotáveis a árduas e desafiadoras. A escolha do estilo tende a basear-se na capacidade física e preferência pessoal. O Hatha yoga, o tipo mais comum de yoga praticado nos Estados Unidos, combina três elementos: poses físicas, chamada asanas, respiração controlada praticado em conjunto com os asanas e um curto período de profundo relaxamento ou meditação.

Muitos dos estudos que avaliam os benefícios terapêuticos do Yoga têm sido com amostras pequenas e com algumas falhas metodológicas . No entanto, uma análise de 2004 concluiu que, nas últimas décadas, um número crescente de ensaios clínicos aleatórios foram realizados. Revisões disponíveis de uma ampla gama de práticas de yoga sugerem que elas podem reduzir o impacto das respostas ao stresse exagerado e podem ser úteis tanto para ansiedade como para a depressão.



Domar a resposta ao stresse

O yoga parece modular os sistemas de resposta ao stresse ao reduzir o stresse e ansiedade percebidos. Isto, por sua vez, diminui a excitação fisiológica - por exemplo, a redução da taxa cardíaca, redução da pressão sanguínea, facilitando a respiração. Há também evidências de que as práticas de yoga ajudam a aumentar a variabilidade da frequência cardíaca, um indicador da capacidade do organismo para responder ao stresse de forma mais flexível.

Um estudo pequeno, mas intrigante, caracteriza ainda mais o efeito do yoga na resposta ao stresse. Em 2008, investigadores da Universidade de Utah, apresentaram resultados preliminares de um estudo das respostas dos participantes à dor. Eles notaram que as pessoas que têm uma resposta mal regulada ao stresse também são mais sensíveis à dor. Os participantes do estudo foram 12 praticantes experientes de yoga, 14 pessoas com fibromialgia (condição que muitos experts consideram estar relacionada com o stresse, que é caracterizada por hipersensibilidade à dor) e 16 voluntários saudáveis.

Quando os elementos dos três grupos foram submetidos a mais ou menos pressão dolorosa nos polegares, os participantes com fibromialgia - como esperado – sintaram mais dor em níveis de pressão mais baixa em comparação com os outras participantes. Exames de ressonância magnética mostraram que também tiveram a maior actividade em áreas do cérebro associadas com a resposta à dor. Em contraste, os praticantes de yoga tiveram a maior tolerância à dor e menor actividade do cérebro relacionada com dor durante a ressonância magnética. O estudo ressalta o valor de técnicas, tais como yoga, que podem ajudar uma pessoa a regular o seu stresse e, portanto, as respostas de dor.


Melhoria do humor e do funcionamento geral

Várias questões permanecem em aberto sobre exactamente como o yoga funciona para melhorar o humor, mas a evidência preliminar sugere que o seu benefício é semelhante ao das técnicas e exercícios de relaxamento.

Em um estudo alemão publicado em 2005, 24 mulheres que se descreveram como "emocionalmente perturbadas" tiveram duas aulas de yoga de 90 minutos por semana durante três meses. As mulheres do grupo de controlo mantiveram as suas actividades normais e foram orientadas a não iniciar um programa de redução de stresse durante o período de estudo. Apesar de não serem formalmente diagnosticadas com depressão, todas as participantes tinham experimentado sofrimento emocional pelo menos em metade dos 90 dias anteriores. Elas também exibiram um desvio padrão acima da média da população em resultados de stresse percebido, ansiedade e depressão. Ao fim de três meses, as mulheres no grupo de yoga relataram melhorias no stresse, na depressão, na ansiedade, na energia, na fadiga e no bem-estar. Os valores de depressão melhoraram em 50%, os valores de ansiedade em 30% e pontuações de bem-estar geral em 65%. Queixas iniciais de dores de cabeça, dores nas costas e má qualidade do sono também foram resolvidas com muito mais frequência no grupo de yoga do que no grupo de controlo.

Outro estudo, menos rigoroso e descritivo, em 2005, examinou os efeitos de uma única aula de yoga em pacientes internados num hospital psiquiátrico de New Hampshire. Nos 113 participantes foram incluídos pacientes com transtorno bipolar, depressão e esquizofrenia. Após a aula, os níveis médios de tensão, ansiedade, depressão, raiva, hostilidade e fadiga caíram significativamente, medidos por um questionário antes e depois da aula. Os pacientes que optaram por participar em aulas adicionais experimentaram efeitos positivos similares de curto prazo.

Mais estudos controlados da prática de yoga têm demonstrado melhorias no humor e na qualidade de vida nos idosos, nas pessoas que cuidam de pacientes com demência, nas sobreviventes de cancro de mama e nos pacientes com epilepsia.


Um tipo de respiração controlada, com raízes em programas de yoga tradicional promete alívio para a depressão

O programa, chamado Sudarshan Kriya Yoga (SKY), envolve vários tipos de padrões de respiração cíclica, variando de lento e calmante para o rápido e estimulante (o que é típico na prática de yoga). Um estudo comparou 30 minutos de respiração SKY, feito seis dias por semana, com a terapia eletroconvulsiva bilateral e com um antidepressivo tricíclico, a imipramina, em 45 pessoas hospitalizadas por depressão. Depois de quatro semanas de tratamento, 93% dos que receberam a terapia de eletrochoque, 73% dos que tomaram a imipramina, e 67% daqueles que usam a técnica de respiração tinha conseguido a remissão.

Outro estudo examinou os efeitos da respiração SKY nos sintomas depressivos em 60 homens dependentes de álcool. Depois de uma semana de um programa de desintoxicação típico num centro de saúde mental em Bangalore, na Índia, os participantes foram divididos, aleatoriamente, para realizarem duas semanas de respiração SKY ou um procedimento padrão de tratamento do alcoolismo. Após as três semanas completas, as pontuações do inventário de depressão caíram 75% no grupo SKY, em comparação com 60% no grupo de tratamento padrão. Níveis de duas hormonas do stresse: cortisol e corticotropina, também desceram no grupo SKY, mas não no grupo de controlo. Os autores sugerem que arespiração SKY pode ser um tratamento benéfico para a depressão nas fases iniciais de recuperação do alcoolismo.



Ajuda potencial para TSPT

Uma vez que as evidências sugerem que o yoga pode diminuir a excitação desadaptativa do sistema nervoso, os investigadores estão a explorar, também, se ser uma prática útil para pacientes com transtorno de stresse pós-traumático (TSPT).

Um estudo controlado aleatório analisou os efeitos do yoga e um programa de respiração em veteranos Australianos diagnosticados com TSPT grave. Os veteranos ingeriam grandes quantidades de alcool diariamente e todos estavam a tomar pelo menos um antidepressivo. O curso de cinco dias incluiu técnicas de respiração (ver acima), asanas de yoga, educação sobre a redução do stresse e meditação guiada. Os participantes foram avaliados no início do estudo, utilizando a Escala que classificou a gravidade dos sintomas numa escala de 80 pontos.

Seis semanas depois do início do estudo o grupo de yoga e respiração obteve níveis médios de 57 (sintomas moderados a graves) a 42 (leve a moderada). Estas melhorias persistiram num prazo de seis meses de follow-up. O grupo de controlo, composto por veteranos numa lista de espera, não apresentaram melhorias.
De acordo com uma estimativa, cerca de 20% dos veteranos de guerra que serviram no Afeganistão ou no Iraque sofrem de TSPT. Especialistas que tratam esta população sugerem que o yoga pode ser uma adição útil para o programa de tratamento.

Investigadores do Centro Médico do Exército Walter Reed, em Washington, estão a oferecer um método de yoga de relaxamento profundo para veteranos que combateram no Iraque e no Afeganistão e planeia realizar estudos controlados da sua eficácia no futuro.



Bibliografia

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Kirkwood G, et al. "Yoga for Anxiety: A Systematic Review of the Research," British Journal of Sports Medicine (Dec. 2005): Vol. 39, No. 12, pp. 884–91.

Pilkington K, et al. "Yoga for Depression: The Research Evidence," Journal of Affective Disorders (Dec. 2005): Vol. 89, No. 1–3, pp. 13–24.

Saper RB, et al. "Prevalence and Patterns of Adult Yoga Use in the United States: Results of a National Survey," Alternative Therapies in Health and Medicine (March–April 2004): Vol. 10, No. 2, pp. 44–49.


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Mindfulness (MBSR) e doença cardíaca


Programa de redução de stresse baseado em atenção plena na doença cardíaca coronária: um ensaio clínico aleatório.


Factores de risco psicológicos, como ansiedade e a depressão têm sido associados com a doença arterial coronária . O stresse pode ter um impacto sobre os factores de risco para a doença, tais como a pressão arterial, inactividade física e excesso de peso. No passado mês foi publicado mais um artigo que procurou investigar, num ensaio clínico aleatório, o impacto de um Programa de Redução de Stresse Baseado em Mindfulness (MBSR; atenção plena) nos sintomas de ansiedade e depressão, stresse percebido, pressão arterial e índice de massa corporal em pacientes com doença coronária.

A doença arterial coronária é considerada a principal causa de mortalidade no mundo. É uma condição em que as paredes das artérias coronárias (artérias que fornecem sangue ao músculo do coração) se vão estreitando com uma gradual acumulação de material gorduroso, chamado ateroma. Quando o ateroma afecta as artérias coronárias pode causar angina de peito, infarte do miocárdio ou morte súbita. Existem alguns factores de risco que são assumidos terem uma relação directa com a origem e a evolução da doença coronária, como a idade (45 anos ou mais para os homens, 55 anos para as mulheres), história familiar de doença arterial coronária, tabagismo, pressão arterial elevada , níveis elevados de colesterol, sobrepeso / obesidade, sedentarismo e diabetes. [1] Além disso, os pesquisadores determinaram que, em comparação com as pessoas de outros países desenvolvidos, a média de idade dos pacientes com doença cardíaca é menor entre os povos indígenas e os índios são mais propensos a ter doenças cardíacas. [2] A pesquisa indica que factores psicossociais, como stresse, depressão e ansiedade contribuem significativamente para o aparecimento, manifestação e prognóstico da doença coronária. O stresse pode ter efeitos físicos e emocionais indesejados, que podem afectar o coração ao libertar certas hormonas que aumentam a pressão arterial e estimulam a coagulação nas artérias. Os agentes geradores de stresse incluem isolamento social, eventos de vida crónicos e agudos e pressão/tensão no trabalho. [3] Os estudos fornecem evidências fortes e consistentes de que a depressão é um factor de risco independente para a doença arterial coronária e o seu prognóstico. [4] Os estudos de meta-análise têm apoiado o papel da ansiedade no início da doença coronária. [5]

Tendo em conta que os factores psicológicos contribuem para o aparecimento, curso e recuperação na doença arterial coronária, diferentes intervenções psicológicas têm sido realizadas. Abordagens psico-educacionais [6], cognitivas-comportamentais (biofeedback, treino de relaxamento e reestruturação cognitiva) [7]. A meditação tem sido uma das mais antigas técnicas de relaxamento para o tratamento de uma ampla gama de problemas de saúde mental e física. [8] Os efeitos da meditação envolvem vários mecanismos psicofisiológicos, que incluem relaxamento, redução do stresse, diminuição da frequência cardíaca e da respiração, aumento da coerência e da ressonância das ondas cerebrais. [9] Várias técnicas de meditação e yoga também fazem parte das estratégias para a gestão e redução dos factores de risco na doença coronária.

Nos últimos 25 anos, as intervenções baseadas na meditação mindfulness tornaram-se no foco de considerável atenção para uma grande comunidade de clínicos e investigadores. Mindfulness ou Atenção Plena como conceito tem sido descrito como um processo de trazer uma certa qualidade de atenção à experiência do momento-a-momento, através da prática de um certo tipo de meditação.[10] Mindfulness na Psicologia contemporânea tem sido adoptada como uma abordagem para aumentar a consciência e responder competentemente a processos mentais que contribuem para problemas emocionais e de comportamento menos adaptativo. Grande parte do interesse nas aplicações clínicas da Mindfulness doi iniciado pela introdução do Programa de Redução de Stresse Baseado em Mindfulness (MBSR), um programa de tratamento originalmente desenvolvido para a gestão da dor crónica. [11]

Intervenções baseadas em Mindfulness têm potencial promissor enquanto intervenções eficazes nos cuidados de saúde. Vários estudos têm demonstrado que tais intervenções aliviam o sofrimento associado com distúrbios físicos, psicossomáticos e psicológicos e melhoram a qualidade de vida. [12] Para além disso, os seus efeitos positivos na saúde e no funcionamento imunológico também têm sido bem documentados. [13] Vários estudos têm demonstrado a eficácia de intervenções mindfulness em problemas tão variados como transtornos de ansiedade, [14] fibromialgia, [15] epilepsia [16], psoríase [17], hipertensão, [18] cancro de mama e de próstata, [19] diabetes, [20] HIV [21] e uso de substâncias. [22] Os estudos de meta-análise e revisões sistemáticas indicam que a participação num programa de MBSR aumenta a probabilidade em lidar melhor com os sintomas, melhorar a saúde mental, aumentando o bem-estar e a qualidade de vida e potenciam uma melhor saúde em pessoas com doença crónica. Demonstrou-se também que a terapia cognitiva baseada em mindfulness previne recaídas depressivas. [23], [24]


Resultados

Os resultados dos estudos que usaram a meditação mindfulness como componente terapêutico integral na gestão de doença coronária são muito encorajadores. [25], [26] e estão em linha com os resultados desta investigação. Uma redução significativa foi observada nos sintomas de ansiedade e de depressão, stresse percebido, pressão arterial e índice de massa corporal nos pacientes do grupo MBSR após a conclusão da avaliação da intervenção. Aos 3 meses de follow-up, os ganhos terapêuticos foram mantidos em pacientes do grupo MBSR.


Conclusão

Tendo em consideração que as doenças cardiovasculares são responsáveis por uma grande proporção de mortes e incapacidade em todo o mundo, o ónus económico e social e carga sobre o sistema de saúde devido é enorme e está em crescimento. O presente estudo fornece evidência para a eficácia do programa MBSR na redução dos sintomas de ansiedade e depressão, stresse percebido, PA e IMC em pacientes com doença arterial coronária e oferece novas perspectivas não invasivas e economicamente acessíveis no tratamento de pacientes com doença coronária.



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O efeito da prática de pranayama sobre a ansiedade


Um estudo recentemente publicado no International Journal of Yoga teve como objectivos investigar os efeitos do uso de Pranayama (arte de respirar) na ansiedade e no desempenho na realização de testes. Com uma amostra de 107 estudantes aleatoriamente distribuídos nos grupos experimental e de controlo. Os estudantes do grupo de controlo praticaram pranayama durante um semestre. A duração da prática foi, todavia, diferente, dedicando um a três minutos para cada fase da prática no início do período, a 10 minutos no final do semestre. O ambiente em constante mudança, tecnologicamente avançado e competitivo de hoje são geradores de stresse e de ansiedade. Ansiedade excessiva e frequente é prejudicial. A ansiedade pode ser definida como um estado emocional desconfortável em que se percebe o perigo, se sente impotente e se experiencia tensão na preparação para um perigo que é esperado. Spielberger define-a como a sensação subjectiva de tensão, apreensão, nervosismo e preocupação, associada a uma excitação do sistema nervoso autónomo. [1] Seja qual for a definição, a característica central da ansiedade é a preocupação, e é claro que a ansiedade tem um efeito negativo sobre todos os aspectos, tais como, sociais, pessoais e desempenho académico. Os psicólogos têm distinguido várias categorias de ansiedade, como traço, estado e ansiedade específica da situação. Ansiedade-Traço é um aspecto da personalidade e uma disposição mais permanente para ficar ansioso. É crónica e generalizada através de situações e não é desencadeada por eventos específicos, [2] enquanto a Ansiedade-Estado pode ser vista como uma resposta a um determinado estímulo que provoca ansiedade, [3], por outras palavras, ela tem um factor despoletador claro. Ansiedade-Estado é vivida num determinado momento no tempo, como uma resposta a uma situação definitiva. Mais recentemente, o termo Ansiedade Específica da Situação tem sido usado para enfatizar a natureza persistente e multifacetada de algumas ansiedades. [4] É geralmente despertada em situações específicas, tais como a ansiedade em falar em público.

O desempenho académico pode ser afectado por uma infinidade de variáveis. A ansiedade face aos testes é uma dessas variáveis que, em geral, se espera que tenha um efeito negativo sobre o desempenho. Investigadores [5], [6] têm mostrado que a ansiedade face aos testes está negativamente correlacionada com o desempenho académico.


Exercícios de respiração de Yoga para energia e tranquilidade
Os estudos clínicos suportam que as posturas de yoga, meditação e práticas de respiração controlada podem aliviar o stresse e a ansiedade. [7] Os investigadores demonstraram que, após dois meses de praticar pranayama 56 estudantes de medicina reduziram os seus níveis de stresse, como ficou evidente por uma diminuição na pontuação total de stresse, que foi altamente significativa. [8] Noutra pesquisam, o nível de ansiedade dos idosos (aposentados entre os 60 a 70 anos) diminuiu após três meses de prática de pranayama [9] Da literatura parece que praticar pranayama pode reduzir o stresse e ansiedade em grupos diferentes.


Resultados
Após praticar pranayama, apenas 33% dos participantes do grupo experimental experimentou ansiedade face aos testes alta, enquanto que esta percentagem foi quase o dobro no grupo controlo (66,7%). Além disso, o resultados mostraram que os alunos do grupo experimental tinham significativamente mais resultados mais baixos de ansiedade face aos testes (M = 16,00) em relação aos alunos do grupo de controlo (M = 19,31). Além disso, os resultados dos testes de desempenho do grupo experimental foram superiores quando comparados com os do grupo de controlo. Houve uma correlação negativa entre o desempenho no teste final e ansiedade ansiedade face aos testes (r = - 0,204)
  
Conclusões 
Pranayama parece ter um efeito positivo significativo sobre a ansiedade face aos testes e desempenho nos testes. Pode ser usada como uma técnica importante por estudantes antes dos exames, para reduzir a sua ansiedade face aos testes e aumentar o seu desempenho académico. As técnicas de respiração simples de Pranayama pode oferecer aos alunos agitados medidas concretas para se acalmarem. [10] 



Referências Bibliográficas:

1. Spielberger CD. Manual for the state-trait anxiety inventory. Palo Alto, CA: Consulting Psychologist Press; 1983.
2. Huberty TJ. Test and test performance. Principal performance. 2009.
3. MacIntyre PD, Gardner RC. On the measurement of affective variables in second language learning. Lang Learn 1993;43:157-94.
4. Spielberger CD, Sarason IG. Stress and anxiety. Washington: Hemisphere Publishing Corporation; 1989.
5. Jing H. Analysis on the relationship among test anxiety, self-concept and academic competency. US-China Foreign Language 2007;5:48-51.
6. Cassedy JC, Johnson RE. Cognitive test anxiety and academic performance. Contemp Educ Psychol 2002;27:270-95.
7. Brown R, Gerbag P. Sudarshan Kriya yogic beathing in the treatment of stress, anxiety and depression. J Altern Complement Med 
    2005;4:711-7.
8. Bhimani NT, Kulkarni NB, Kowale A, Salvi S. Effect of pranayama on stress and cardiovascular autonomic tone and reactivity. NJIRM 
    2011;2.
9. Gupta PK, Kumari R, Kumar M, Deo, JM. Anuloma-Viloma pranayama and anxiety and depression among the aged. Journal of the Indian  
    Academy of Applied Psychology 2010;36:159-64.
10. Poppleton CA. Language learners and anxiety: Breathing technique for self-calming. TESOL Connections 2011.

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