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Yoga nas nossas mentes

04:35 Vítor Bertocchini 0 Comments

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Yoga nas nossas mentes: uma revisão sistemática da prática de yoga para transtornos neuropsiquiátricos

As doenças mentais são uma preocupação importante na saúde global, apesar das melhorias nas modalidades de tratamento e acesso aos cuidados. Dados recentes indicam que 37% da perda de anos saudáveis provocadas por doenças não transmissíveis é devido a doenças mentais. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a depressão ocupou o terceiro lugar entre os encargos globais de doenças em todo o mundo em 2004, e foi a causa mais importante em países de rendimento médio e alto, enquanto que ficou em oitavo lugar nos países de baixo rendimento (Organização Mundial da Saúde, 2008).

A depressão e a ansiedade são responsáveis pelo maior decréscimo da saúde, comparado com a asma, angina, artrite e diabetes (Maussavi et al., 2007). As queixas de sono são frequentemente associadas com uma variedade de distúrbios psiquiátricos. Estima-se que cerca de 9-21% da população tem insónias, acompanhadas de consequências graves durante o dia, que incluem fadiga crónica, irritabilidade, mau humor, perda de memória e dificuldades interpessoais (Moul et al., 2002). Este problema atingiu proporções epidémicas nos Estados Unidos, onde quase 25% dos adultos consomem medicamentos para dormir em alguma altura do ano (National Sleep Foundation, 2005).

A disponibilidade de tratamentos psicofarmacológicos tem aumentado, mas a resposta e tolerabilidade permanecem imprevisíveis e inconsistentes. Enquanto os agentes psicotrópicos podem ser a salvação para muitas pessoas, a longo prazo podem ter efeitos negativos negativos e consideráveis.

Dada a heterogeneidade das condições psiquiátricas, no que diz respeito a factores biológicos, psicológicos e sociais não é de estranhar que os tratamentos padrão disponíveis têm taxas de resposta inconsistentes. A procura de modalidades de tratamento não farmacológicas tem vindo a aumentar (Barrows e Jacobs, 2002). O ultimo estudo “Yoga na América” em 2012 demonstrou que 8,7 % dos adultos norte-americanos, ou 20,4 milhões de pessoas, pratica yoga, comparados com os 15.8 milhões do estudo de 2008. Dos actuais não praticantes, 44,4% dos norte-americanos inserem-se na categoria de "yogis aspiracionais"- pessoas que estão interessadas em tentar yoga. Os objectivos holísticos do yoga passam pela promoção da saúde física e  da consciência espiritual e social.

O yoga, com origens na antiga Índia, incorpora posturas físicas (asanas), respiração controlada (pranayama), relaxamento profundo e meditação (Javnbakht et al, 2009). A evidência científica relativa aos efeitos do yoga na mente são muito fortes. Todas as práticas de yoga são conhecidos por influenciar o estado mental (Telles, 2010) - estudos notaram benefícios em crianças (Manjunath e Telles, 2004), adultos (Vialatte et al, 2008), idosos (Krishnamurthy e Telles, 2007) e indivíduos com stresse ocupacional (Vempati e Telles, 2000).
Os estudos com biomarcadores, em indivíduos saudáveis sugerem que o yoga influencia neurotransmissores, inflamação, stress oxidativo, lípidos, factores de crescimento, entre outros (ver Figura), de uma forma muito semelhante ao que foi mostrado para os anti-depressivos e psicoterapia. Supõe-se que o yoga combina os efeitos de posturas físicas, que foram independentemente associados com mudanças de humor (Phillips et al, 2003), com a meditação, que aumenta os níveis do factor neurotrófico (BDNF; Xiong e Doraiswamy, 2009), composto que estimula a produção de neurónios em determinadas áreas. Entre elas está o hipocampo, estrutura relacionada com a memória. Os cientistas descobriram que na depressão há uma redução da presença do BDNF.

Outros efeitos observados incluem aumento do tónus vagal, aumento do ácido gama-aminobutírico (GABA), aumento dos níveis da prolactina sérica, optimização da regulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, diminuição do cortisol sérico e promoção da actividade das ondas cerebrais alfa, que aumenta o relaxamento (Janakiramaiah et al, 1998, 2000;. Kamei et al, 2000; Streeter et al, 2007). Finalmente, os estudos clínicos anteriores notaram várias condições psiquiátricas para as quais o yoga tem sido benéfico (Shannahoff-Khalsa et al, 1999;. Carei et al, 2010;. Visceglia e Lewis, 2011; Katzman et al, 2012; Libby et al. , 2012).



Referências Bibliográficas

Barrows, K. A., and Jacobs, B. P. (2002). Mind–body medicine: an introduction and review of the literature. Med. Clin. North Am. 86, 11–31.

Carei, T. R., Fyfe-Johnson, A. L., Breuner, C. C., and Brown, M. A. (2010). Randomized controlled clinical trial of yoga in the treatment of eating disorders. J. Adolesc. Health46, 346–351.

Janakiramaiah, N., Gangadhar, B. N., Nagavenkatesha-Murthy, P. J., Harish, M. G., Subbakrishna, D. K., and Vedamurthachar, A. (2000). Antidepressant efficacy of sudarshan kriya yoga (SKY) in melancholia: a randomized comparison with electroconvulsive therapy and imipramine. J. Affect. Disord. 57, 255–259.
Janakiramaiah, N., Gangadhar, B. N., Nagavenkatesha-Murthy, P. J., Shetty, T. K., Subbakrishna, D. K., Meti, B. L., et al. (1998). Therapeutic efficacy of sudarshan kriya yoga (SKY) in dysthymic disorder. NIMHANS J. 17, 21–28.

Javnbakht, M., Hejazi Kenari, R., and Ghasemi, M. (2009). Effects of yoga on depression and anxiety of women. Complement. Ther. Clin. Pract. 15, 102–104.

Kamei, T., Toriumi, Y., Kimura, H., Ohno, S., Kumano, H., and Kimura, K. (2000). Decrease in serum cortisol during yoga exercise is correlated with alpha wave activation. Percept. Mot. Skills 90, 1027–1032.

Katzman, M. A., Vermani, M., Gerbarg, P. L., Brown, R. P., Iorio, C., Davis, M., et al. (2012). A multicomponent yoga-based, breath intervention program as an adjunctive treatment in patients suffering from Generalized Anxiety Disorder with or without comorbidities. Int. J. Yoga 5, 57–65.

Krishnamurthy, M. N., and Telles, S. (2007). Assessing depression following two ancient Indian interventions: effects of yoga and ayurveda on older adults in a residential home. J. Gerontol. Nurs. 33, 17–23.

Libby, D. J., Reddy, F., Pilver, C. E., and Desai, R. A. (2012). The use of yoga in specialized VA PTSD treatment programs. Int. J. Yoga Therap. 22, 79–88.

Manjunath, N. K., and Telles, S. (2004). Spatial and verbal memory test scores following yoga and fine arts camps for school children. Indian J. Physiol. Pharmacol.48, 353–356.

Maussavi, S., Chatterji, S., Verdes, E., Tandon, A., Patel, V., and Ustun, B. (2007). Depression, chronic diseases and decrements in health: results from the World Health Surveys. Lancet 370, 851–858.

Moul, D. E., Nofzinger, E. A., and Pilkonis, P. A. (2002). Symptom reports in severe chronic insomnia. Sleep 25, 553–563.
Pubmed Abstract | Pubmed Full Text

National Sleep Foundation. (2005). 2005 Sleep in America Poll. Washington, DC: National Sleep Foundation.

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Shannahoff-Khalsa, D. S., Ray, L. E., Levine, S., Gallen, C. C., Schwartz, B. J., and Sidorowich, J. J. (1999). Randomized controlled trial of yogic meditation techniques for patients with obsessive-compulsive disorder. CNS Spectr. 4, 34–47.


Streeter, C. C., Jensen, J. E., and Perlmutter, R. M. (2007). Yoga asana sessions increase brain GABA levels: a pilot study. J. Altern. Complement. Med. 13, 419–426.

Telles, S. (2010). A theory of disease from ancient yoga texts. Med. Sci. Monit. 16, LE9.

Vempati, R. P., and Telles, S. (2000). Baseline occupational stress levels and physiological responses to a two day stress management program. J. Indian Psychol.18, 33–37.


Visceglia, E., and Lewis, S. (2011). Yoga therapy as an adjunctive treatment for schizophrenia: a randomized, controlled pilot study. J. Altern. Complement. Med. 17, 601–607.


Xiong, G. L., and Doraiswamy, P. M. (2009). Does meditation enhance cognition and brain plasticity? Ann. N. Y. Acad. Sci. 1172, 63–69.

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