activismo,

Manifestação Meditativa na Assembleia




Vamos todos meditar junto à Assembleia da República, no Jardim de Bento de Jesus Caraça (o do lado esquerdo da Assembleia), no dia 2 de Março, pelas 14h00.

É chegada a hora de manifestarmos colectivamente a essência presente nos nossos corações, de modo a criarmos a energia necessária a uma verdadeira transmutação da realidade.

É chegada a hora de alguns seres reconhecerem que o ciclo que criaram, através de sentimentos limitantes e separatistas que confundiram a mente das pessoas chegou ao fim.

É chegada a hora de dizer a esses seres que o valor existencial da vida humana supera o valor utilitário da mesma. Afinal, para que existe o estado? Qual é a utilidade das leis ou para que é que existem as maravilhas da sociedade, se as pessoas são privadas de se expressar, ou se elas não têm a oportunidade de se desenvolverem ao nível físico, de revigorarem a sua inteligência com o conhecimento e de expandirem o seu coração com amor e compaixão?

Chega de valorização dos valores económico-financeiros em prejuízo e desqualificação dos valores humanos.

Mesmo que não tenhas prática de meditação junta-te à manifestação para um momento de reflexão!

Material necessário:
- 1 Manta
- 1 Esteira/cartão/banco
- 1 Almofada

Organizadores:
Movimento Amorcracia Portugal
O Círculo do Entre-Ser
MedMob Oeiras

Ver mais: http://www.facebook.com/events/279481895514131/

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5 Obstáculos à Meditação e 5 Qualidades a Desenvolver

budismo mindfulness

Conseguir uma mente tranquila - É mais fácil dizer do que realizar. Felizmente, os monges budistas descobriram, séculos atrás, como reduzir a dispersão mental e como se concentrar, acalmando a mente. Podemos aprender com eles.


Simplificando, estes cinco obstáculos são tendências da mente que nos afastam da consciência da nossa experiência no momento presente.

1) Desejo (kama-cchanda) - A tendência da mente para elaborar pensamentos sobre objectos de desejo. Surge porque estamos presos aos cinco sentidos. Na meditação, o desejo aparece sob o querer que a nossa experiência seja "melhor" ou mais confortável de alguma forma. Por exemplo, podemos pensar que queremos que o quarto esteja mais quente, ou como nós gostaríamos de ter uma almofada mais confortável ou uma cadeira ou pensar em como poderíamos fazer algo mais divertido. Muito cuidado nos desejos que formulamos. A simples atitude de desejar impede-nos de progredir na prática meditativa. Não esperar paz, iluminação e saúde, etc.. Em vez disso, devemos aprender a desenvolver contentamento com o que temos. Estar em paz no presente momento, com o silêncio e a respiração.


2) Aversão (vyapada) - a tendência da mente para elaborar pensamentos sobre objectos de desagrado ou aversão. Este obstáculo relaciona-se, também, com a resistência, não querendo que as coisas sejam como são e nos sentindo irritados, por exemplo, com os ruídos à nossa volta. Às vezes, com raiva de alguém, outras, não queremos sentir o desconforto nos nossos corpos ou não queremos que as nossas mentes sejam tão activas, ou que sejemos visitados por emoções intensas que podem vir com a meditação.

3) Preguiça e Torpor Mentais (thina-middha) - apatia, sonolência, incapacidade de nos conectarmos com a nossa experiência. É-nos muito familiar e surge como sentimentos de estar desmotivado para a prática, com sono e cansado ou dolorosamente entediado. Por vezes, combater essa preguiça deixa-nos ainda mais exaustos

4) Inquietação e Remorso (uddhacca-kukkucca) - Surge porque não estamos satisfeitos. Não apreciamos o simples facto de “fazer nada”. Devido à inquietação a mente tende a se pensar obsessivamente sobre o passado e o futuro, com sentimentos de preocupação, medo, desapontamento e ansiedade. Somos incapazes de nos libertar dessa tensão.


5) Dúvida e Indecisão (vicikiccha) - Incapacidade para dirigir a nossa energia para o que estamos a fazer. Falta de confiança na prática e nas nossas próprias competências. Manifestam-se com um sentimento de querer saber por que estamos a gastar o nosso tempo a fazer "nada” e que deveríamos estar a fazer algo mais útil ou será que estamos a usar as técnicas correctas.

Muitas vezes, apenas a consciencialização desses obstáculos é suficiente para um maior envolvimento com a meditação. Se o obstáculo persistir, então podemos deliberadamente cultivar um os opostos ou "antídotos".



Cinco qualidades / Antídotos

Estas cinco qualidades da mente trazem a nossa consciência de volta para o momento presente. Elas podem ser usadas como "antídotos" para os cinco obstáculos.

1) Interesse - em tudo o que está a acontecer no momento presente.

2) Bondade e Compaixão - Tendo a consciência compassiva acerca do que está presente na experiência.

3) Relaxamento e Calma – libertação de tensões físicas no corpo e do pensamento compulsivo, permitindo que a mente se torne serena e aberta.

4) Energia e entusiasmo – sintonizar na energia da sensação física do corpo, tentando desenvolver uma atitude de total entrega em tudo o que fazemos.

5) Auto-confiança
– Recordando, por exemplo, o passado, quando a prática meditativa foi mais gratificante. Desenvolver confiança na nossa própria capacidade para a prática. Recordar pessoas que nos inspiram ou as vidas de grandes praticantes.


Essas cinco qualidades também podem ser usadas como um guia genérico para uma vida mais feliz. Nunca esquecendo que, na tradição budista quando nos levantamos, após a meditação formal,  é que começa verdadeiramente a experiência da meditação. Quando somos confrontados com a prova das experiências quotidianas, na interacção com os outros no aqui e no agora sem estarmos perdidos em 1000 pensamentos.

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Meditação Mindfulness pode aliviar a inflamação crónica

budismo mindfulness
Cientistas do Centro de Investigação para Mentes Saudáveis realizam uma investigação rigorosa dos efeitos fisiológicos da meditação sobre o cérebro e o poder do cérebro para influenciar a saúde humana.

De acordo com um estudo realizado pelos neurocientistas do Centro de Investigação para Mentes Saudáveis da Universidade de Wisconsin-Madison, as pessoas que sofrem de inflamação crónica, como artrite reumatóide, doença inflamatória intestinal e asma - em que o stress psicológico desempenha um papel importante - podem obter benefícios das técnicas de meditação mindfulness.


Atenção Plena (Mindfulness)
A Meditação da Atenção Plena é a essência de um programa de redução de stress desenvolvido inicialmente por Jon Kabat-Zinn, na Universidade de Massachusetts. O trabalho é conhecidos pela siglas: MBSR Mindfulness Based Stress Reduction - Programa de Redução de Stress Baseado na Atenção Plena; SRP (Stress Reduction Program). No Programa de Redução de Stress, corpo e mente são mobilizados para a aprendizagem da atenção plena. O MBSR foi originalmente criado para o gestão da dor crónica e é agora utilizado amplamente para reduzir a morbilidade psicológica associada a doenças crónicas, para tratar transtornos emocionais e comportamentais (Bishop et al, 2004).


Embora o interesse na meditação como um meio de reduzir o stress tenha crescido ao longo dos anos, há pouca evidência para apoiar benefícios específicos da prática da meditação mindfulness. Este foi o primeiro estudo desenhado para controlar outros mecanismos terapêuticos, tais como a interacção social de apoio, instruções de especialistas, ou aprender novas competências.

O estudo comparou dois métodos de redução do stress: uma abordagem baseada na meditação mindfulness, e um programa concebido para melhorar a saúde de uma forma independente de mindfulness.

Usando uma ferramenta chamada Trier Social Stress para induzir stress psicológico e um creme de capsaicina (componente activo das pimentas) para produzir inflamação na pele, foram recolhidas medidas relativas aos sistemas imunológico e endócrino antes e após o treino nos dois métodos. Embora ambas as técnicas sejam comprovadamente eficazes na redução do stress, o MBSR foi mais eficaz na redução do stress induzido por inflamação.

Os resultados mostram que as intervenções comportamentais destinadas a reduzir a reactividade emocional são benéficas para as pessoas que sofrem de doenças inflamatórias crónicas. O estudo também sugere que as técnicas mindfulness pode ser mais eficazes no alívio dos sintomas inflamatórios do que as outras actividades que promovem o bem-estar.

Rosenkranz, a principal autora do estudo, enfatiza, no entanto que o MBSR não é uma cura para todos os problemas:
"Esta não é uma cura para tudo, mas o nosso estudo mostra que existem formas específicas em que a atenção plena pode ser benéfica, e que existem pessoas específicas que tendem a obter mais benefícios desta abordagem relativamente a outras intervenções."

Grupos significativos da população não beneficiam das opções de tratamento farmacêuticas disponíveis. Alguns destes pacientes sofrem de efeitos secundários negativos dos medicamentos ou simplesmente não respondem ao tratamento. Assim:

"A abordagem baseada na plena atenção para a redução do stress pode oferecer uma alternativa de baixo custo ou complementar ao tratamento padrão, e pode ser praticado facilmente pelos pacientes em suas próprias casas, sempre que eles precisam", diz Rosenkranz.

Cientistas do Centro de Investigação para Mentes Saudáveis realizam uma investigação rigorosa dos efeitos fisiológicos da meditação sobre o cérebro e o poder do cérebro para influenciar a saúde humana. Este estudo contribui para o crescente corpo de conhecimento relativo à meditação mindfulness e como ela afecta o corpo.

Co-autores do estudo: Richard J. Davidson, Donal G. MacCoon, John F. Sheridan, Ned H. Kalin and Antoine Lutz.


Referências Bibliográficas:

Bishop, S. R., Lau, M., Shapiro, S., Anderson, N., Carlson, L., Segal, Z. V., et al. (2004).
Mindfulness: A proposed operational definition. Clinical Psychology: Science and Practice, 11, 230 –241.

Melissa A. Rosenkranz, Richard J. Davidson, Donal G. MacCoon, John F. Sheridan, Ned H. Kalin, Antoine Lutz. (2013). A comparison of mindfulness-based stress reduction and an active control in modulation of neurogenic inflammation. Brain, Behavior, and Immunity,  27, 174.

DOI: 10.1016/j.bbi.2012.10.013


por Vítor Bertocchini

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Excertos para meditar

Confrontados com tanta sabedoria/informação de qualidade, que surge a um ritmo apressado, no meio de um mar de superficialidade que brota do facebook, decidi reunir alguns textos que Paulo Borges, recentemente, tem trazido até nós. Este textos são apresentados tal como foram publicados e versam sobre temas pertinentes, que só por si, dariam para muitos workshops, podendo, no entanto, serem debatidos no próximo Curso de Introdução à Meditação, a decorrer em Matosinhos, com data de início no próximo dia 17 de Fevereiro. Merecem a nossa atenção.


"Por vezes, quando nos fixamos em algo, as nossas mentes parecem tornar-se muito pequenas. Questões triviais surgem na nossa consciência como se fossem muito grandes e importantes. Na verdade, elas não se tornaram grandes. As nossas mentes tornaram-se pequenas. A experiência da grandeza dos conteúdos da mente é relativa à amplitude da mente. Assim, para manter as actividades mentais em perspectiva, deixemos o espaço da consciência permanecer tão vasto quanto possível. Entretanto, quanto menos nos apegarmos aos eventos mentais, menos o espaço mental se contrai à sua volta e é distorcido por eles"

- Alan Wallace, The Attention Revolution.





"Esta manhã, aconteceu olhar para a folha de uma árvore.
Nessa folha descobri a realidade detalhada da nossa existência.
Eu nunca tinha visto verdadeiramente a natureza milagrosa da nossa vida.
Eu olhei para a folha em profundo silêncio, com os olhos cheios de lágrimas.
Deste modo sentei-me nas profundezas de uma serenidade e paz especiais"

Mestre Zen Hogen Yamahata






A grande revolução do século XXI é a descoberta de como a meditação altera a estrutura e função do cérebro e de como o treino da focalização da atenção, bem como do amor e da compaixão pelos outros seres, activa áreas cerebrais que habitualmente estão pouco operativas, aumentando os níveis de cognição, de bem-estar e felicidade. A meditação está a entrar gradualmente nas empresas, escolas, prisões e hospitais e falta trazê-la para o domínio da intervenção sócio-política. Precisamos de um activismo fundado no discernimento, na paz e na calma e não na raiva e no ressentimento. Este é o caminho do futuro já presente, o da intervenção a partir de uma espiritualidade e ética laica, equidistante de todas as religiões e aberta a todos, crentes ou descrentes. 

Paulo Borges


"Todos nós somos potenciais activistas. Podemos mostrar ao mundo que uma vida boa pode ser vivida sem subjugação, exploração ou dominação dos outros, ou dos recursos naturais. Podemos demonstrar que uma vida simples, saudável e equitativa pode ser alegre e boa. Podemos mostrar que a felicidade não flui dos bens materiais ou do valor que possuímos nas nossas contas bancárias, pelo contrário, a felicidade brota da nossa qualidade de vida e do tipo de relação que temos com as nossas famílias, comunidades e com o mundo. Nós não temos que esperar por um messias. A verdadeira liderança não vai sair do parlamento ou o palácio presidencial (...) O verdadeiro activismo é agir com integridade e sem medo. O activismo é um chamamento interior. É uma viagem. A jornada de transformação
da subjugação em libertação, da falsidade em verdade, do controle em participação e da ganância em gratidão"

Satish Kumar, Small World Big Ideas





“Tudo está em nós se não tivermos medo de olhar (…) A prática da compaixão, do amor, da coragem, da paciência e da esperança, traz como recompensa uma consciência incessantemente mais aprofundada da ajuda que chega quando procuramos em nós mesmos a força e a inspiração. Quando um ser humano encontra o mais elevado espaço de calma e de paz de que é capaz, as influências celestes derramam-se nele, renovam-no e utilizam-no na salvação da humanidade”

Elisabeth Kübler-Ross






Não há vida nem morte, nem luz nem treva, nem mal, nem bem, mas qualquer cousa que vive e morre, que é luminosa e escura, bôa e má, não por índole própria, mas devido a circunstancias imprevistas, num dado logar e num dado instante. Essa qualquer cousa escapa-se à nossa apreensão e compreensão; talvez seja um quasi nada, na melhor hipotese para os que aspiram a uma existencia substancial, que sente, pensa e quer, - a uma entidade moral, um eu senhor do seu valor, uma especie de prosapia personificada falsamente, um conde apenas titulo, a governar o auto do seu corpo, ao longo da Via Dolorosa, sob o clarão dos relampagos, ou submerso nas trevas, isto é, com os faroes acesos ou apagados”

- Teixeira de Pascoaes, Santo Agostinho, Porto, Livraria Civilização, 1945, pp.177-178




“É a Hora!”, escreveu Fernando Pessoa no final da “Mensagem”. É a Hora de deitar por terra todos os muros de Berlim, exteriores e interiores. É a Hora de deitar por terra tudo o que separa: o interior e o exterior, o hemisfério esquerdo e o hemisfério direito do cérebro, a razão e a sensibilidade, a intuição e a lógica, a mente e o corpo, a mulher e o homem, o masculino e o feminino, o céu e a terra, o tempo e a eternidade, o humano e o animal, as causas humana, animal e ambiental, a direita e a esquerda, o sagrado e o profano, o grande e o pequeno, o todo e a parte, os crentes e os descrentes, a transcendência e a imanência, a espiritualidade e a política, a natureza e a cultura, o Norte e o Sul, o Oriente e o Ocidente. E tudo o mais que a ficção do pensamento e da linguagem divide para definir.

Na verdade nada disto alguma vez existiu separado, a não ser nas mentes que constroem muros por não reconhecerem pontes. Deixa ruir o muro de Berlim em ti e renascerás aquele por quem o mundo espera. Que o muro de Berlim em todos caia e nada será igual à face da terra. A Hora é Agora.



Não procures o sofrimento, mas também não o rejeites. Quando aparecer, regozija-te por surgir em ti e não em outrem. Abraça-o, não lutes contra ele nem o deixes fora de ti. Faz o mesmo com todo o sofrimento que vires nos outros: inspira acolhendo-o no mais fundo de ti mesmo, converte-o na luz que és e expira oferecendo-a a todos. Deixarás então de sofrer com o sofrimento, que se revelará o início da mais imprevista, pura e transbordante alegria. 

Paulo Borges


“A Terceira Porta para a Libertação é ausência de objectivos, apranihita. Não há nada a fazer, nada a realizar, não há programa, não há agenda. Este é o ensinamento budista sobre a escatologia. Tem a rosa de fazer algo? Não, o propósito de uma rosa é ser uma rosa. O teu propósito é seres tu mesmo. Não tens de correr para lado algum para seres alguém diferente. És maravilhoso tal como és. Este ensinamento do Buda permite-nos desfrutar de nós mesmos, do céu azul e de tudo o que é refrescante e curativo no momento presente.

Não há necessidade de colocar algo à nossa frente e correr atrás disso. Já temos tudo o que procuramos, tudo o que queremos ser. Já somos um Buda, então porque não pegar apenas na mão de outro Buda e praticar meditação em andamento? Este é o ensinamento do Avatamsaka Sutra. Sê tu mesmo. A vida é preciosa tal como é. Todos os elementos para a tua felicidade já estão aqui. Não há necessidade de correr, esforçar-se, procurar ou combater. Sê apenas. Estar apenas no momento neste lugar é a mais profunda prática de meditação. A maioria das pessoas não consegue crer que basta apenas caminhar como se não tivéssemos lugar algum para ir. Pensam que esforçar-se e competir é normal e necessário. Tenta praticar a ausência de objectivos durante apenas cinco minutos e verás quão feliz estás durante esses cinco minutos.

O Sutra do Coração diz que “não há nada a atingir”. Não meditamos para atingir a iluminação, porque a iluminação já está em nós. Não temos de procurar em lugar algum. Não necessitamos de um propósito ou um fim. Não praticamos para obter alguma posição elevada. Na ausência de objectivos, vemos que nada nos falta, que já somos aquilo em que nos queremos tornar e o nosso esforço simplesmente pára. Estamos em paz no momento presente, vendo apenas a luz do sol fluindo através da nossa janela ou ouvindo o som da chuva. Não temos de correr atrás de nada. Podemos fruir cada momento. As pessoas falam de entrar em nirvana, mas já estamos lá. Ausência de objectivos e nirvana são um.

Despertando esta manhã, sorrio.
Vinte e quatro horas novinhas em folha estão diante de mim.
Faço votos de viver plenamente em cada momento
e de olhar para todos os seres com os olhos do amor”

- Thich Nhat Hanh, The Heart of the Buddhas’s Teaching, Londres, Ryder, 1999, pp.152-153.



Que o amor aos humanos se estenda aos animais e à natureza. Que o amor aos animais se estenda aos humanos e à natureza. Que o amor à natureza se estenda aos humanos e aos animais. Que quem ama, quem é amado e amar se dissolvam em Amor. Esse Amor será então a-mors, não-morte.


Paulo Borges






“As nossas crianças aprendem na escola a ler, escrever, matemática, ciência e outras matérias que as podem ajudar a ganhar a vida. Mas muito poucos programas escolares ensinam os jovens como viver – como lidar com a cólera, como reconciliar conflitos, como respirar, sorrir e transformar as formações internas [pensamentos e emoções]. Devemos encorajar as escolas a exercitar os nossos alunos na arte de viver em paz e harmonia”

- Thich Nhat Hanh, The Heart of the Buddhas’s Teaching, Londres, Ryder, 1999, p.150.

Uma das bases mais evidentes da falência do actual sistema é a educação. As famílias, ou seja, nós todos, pouco mais fazemos em geral do que orientar as crianças e jovens para se tornarem iguais aos adultos que somos, supostamente mais experientes e conhecedores, mas que na verdade quase só sabemos como competir e trabalhar para sobreviver e consumir, distrairmo-nos de vez em quando para voltar à rotina de sempre e ser infelizes a vida toda. E depois esperamos que a escola continue o mesmo processo. O resultado é, mais do que o insucesso escolar, o insucesso da escola para cumprir uma verdadeira função educativa e o crescente mal-estar nesta civilização, onde as potencialidades mais profundas do ser humano, como a expansão da consciência, a criatividade, a amizade e o amor desinteressados, a generosidade e a partilha, a empatia com a natureza e todas as formas de vida, são recalcados pela pressão familiar, escolar, social e profissional, dando lugar a seres divididos, em luta contra o melhor de si mesmos e por isso em constante conflito com os outros, que morrem com remorsos de não haver vivido plenamente. Necessitamos urgentemente de outras escolas e de outra escola, mas isso não vai acontecer, globalmente, enquanto a sociedade estiver dominada pela economia de mercado e pela ganância capitalista, da qual somos todos cúmplices e responsáveis. Não basta lutar por mudanças sectoriais sem pôr em causa a estrutura fundamental do sistema.
Paulo Borges





"A verdade da vida não é uma meta a alcançar num determinado momento no futuro; é a realidade do passo dado neste preciso instante. Pensar na realidade como uma linha recta, uma progressão linear do princípio ao fim, de causa a efeito, da ideia à realização, é um erro. A realidade é um círculo infinito e cada ponto da sua circunferência é ao mesmo tempo o centro, o ponto de partida e o ponto de chegada"

Mestre Zen Hogen Yamahata



por Vítor Bertocchini

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Idade, Felicidade e Meditação

A crise da “meia-idade” existe realmente? Às vezes parece uma desculpa para se fazer actos pouco normativos e mesmo selvagens, ou seguir uma vida mais solitária. O corpo começa a sentir mudanças físicas e, apesar de os níveis de energia puderem começar a declinar, muitas pessoas são atraídas para a actividade física. Mas estudos recentes têm mostrado que as mudanças da “meia-idade” não são apenas físicas. A pesquisa científica indica que a felicidade varia em função de muitas dimensões, sendo uma delas a idade. Uma descoberta surpreendente na relação entre a idade e a felicidade é que a progressão da idade não leva a um aumento da felicidade ou infelicidade de uma forma linear.


A curva da felicidade em forma de U

Uma descoberta surpreendente é que a felicidade aumenta até, aproximadamente, aos 30 anos de idade. Depois segue uma fase descendente na meia-idade e, em seguida, volta novamente para níveis mais elevados após os 50 anos. Esta curva da felicidade em forma de U permanece em diferentes contextos culturais. As pessoas são menos felizes entre os 40 e 50 anos, com o ponto global mais baixo aos 46 anos. Passada a meia idade a felicidade aumenta nos anos posteriores, independentemente do dinheiro, do estatuto ou filhos. Estes resultados são também confirmados pela pesquisa publicada em 2010 pelos psicólogos Stone, Schwartz e Broderick, que estudaram a distribuição da idade no bem-estar psicológico nos EUA, envolvendo uma pesquisa telefónica de 340.847 pessoas. Os resultados confirmaram a curva-U para o bem-estar global e identificaram mais claramente os sentimentos negativos ao longo da vida. Eles descobriram que, embora existam algumas diferenças na experiência de sentimentos negativos ao longo do tempo, no geral, parecem seguir a curva-U. Mais especificamente, as preocupações e o stress mostram um declínio nas idades dos 20 aos 30 anos. As preocupações aumentam depois dos 30 anos e são mais elevadas na “meia idade” e depois decresce. A tristeza permanece, em média, relativamente estável ao longo da vida.


O que explica a curva-U da felicidade ao longo da vida?

Por que motivos as pessoas mais velhas, apesar dos crescentes problemas de saúde e menos mobilidade, em média, são mais felizes do que as pessoas mais jovens?

Algumas teorias sugerem:
* Aumento da "sabedoria" em lidar com a vida.
* Menos aspirações e expectativas do Self.
* Sentimento de satisfação e realização.
* Maior apreço pela vida.
* Viver no momento, com menos preocupação relativamente ao futuro.
* A capacidade exclusivamente humana de reconhecer a nossa própria mortalidade e monitorizar os nossos próprios horizontes temporais . Porque as pessoas mais velhas sabem que estão mais perto da morte vivem a vida no momento presente. Eles tendem a focar-se em coisas que importam agora e menos em metas de longo prazo.
* Maior capacidade de regular as emoções do que as pessoas mais jovens
* Menos preocupação em agradar a todos o tempo todo.
* "Efeito" positivo, onde as pessoas mais velhas recordam menos memórias negativas do que os adultos mais jovens.
* Tendência geral para ver situações de forma mais positiva.



A meditação na "meia-idade"

Meditação é uma ferramenta importante para ultrapassar a crise da “meia-idade”, ajudando a cortar o problema pela raiz antes que se torne um sério problema.

Meditação e felicidade duradoura

Auto-consciência (mindfulness, atenção plena) é a chave para a mudança e para a felicidade duradoura.
O primeiro passo para mudar a maneira como criamos a nossa vida é a auto-consciência. Não se pode esperar mudar aquilo que não se está ciente. A auto-consciência proporciona, por exemplo, a clareza para escolher se expressamos emoções de amor ou de ódio. A auto-consciência oferece a possibilidade de pararmos momentos antes de dizer algo destrutivo, ou pensar e acreditar em pensamentos negativos. A auto-consciência é o meio para identificar os nossos padrões inconscientes e criá-los na nossa consciência para que eles possam ser alterados. É através da consciência de si que podemos identificar e alterar as crenças subjacentes que impulsionam comportamentos destrutivos e criar felicidade.


Auto-Consciência é diferente do conhecimento livresco

A auto-Consciência é principalmente uma função de percepção e observação. Ela não pode ser aprendida como disciplinas académicas que enchem a mente com o conhecimento. Ela não pode ser aprendida nos livros que nos dão mais informações para pensar. Aumentar a atenção plena tem mais a ver com o esvaziamento da mente, dos pensamentos tagarelas incessantes para que possamos ver-nos e ver a vida com mais clareza. A auto-consciência é desenvolvida através de exercícios e práticas. A Prática da atenção plena oferece-nos o aqui e o agora. Quando cultivamos a quietude, somos mais capazes de responder em vez de reagir, de libertar as nossas mentes dos pensamentos ruminativos. Deixamos de ir ao passado e permitimos que o futuro continue a ser um mistério. Abandonamos a necessidade de controlar e ficamos mais calmos, mais tranquilos, e mais capaz de ouvir as mais sábias vozes dentro de nós.


Stone, Arthur A., Schwartz, Joseph E., Broderick, Joan E., and Deaton, Angus (2011).
"A snapshot of the age distribution of psychological well-being in the United States." Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America. 17 May 2010.



por Vítor Bertocchini

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A Meditação em tempos de crise


A actual tensa situação "pós-crise" é considerada por muitos intelectuais, políticos e cidadãos como um agravamento simultâneo de anteriores crises económicas, políticas, sociais e ambientais que foram desafiando a comunidade internacional. Tudo está em crise.

Assim, não é surpresa observar-se um número crescente de pessoas a iniciar uma prática meditativa na demanda do verdadeiro EU. E por que não nós? É apenas o uso natural das nossas próprias mentes.Uma prática de meditação eficaz permite mergulhar no nosso harmonia e encontrar harmonia, paz e clareza, ajudando a alcançar a felicidade. A meditação permite uma “nova” visão de nós próprios, das nossas relações com outros seres e com a Natureza e ajuda a dissolver tensões profundas acumuladas que diminuem a saúde física e psíquica.




A meditação pode, então, mostrar quem realmente somos. Não apenas à superfície, mas mais profundamente, espaço onde residem a criatividade e a inteligência, potencialidades inexploradas de coração e de mente.

Com a prática meditativa, as crises podem ser encaradas como uma esperança para o surgimento em cada um de nós de um “novo” paradigma que perspectiva todos os seres humanos não separados - ou qualquer outro ser ou coisa - do meio ambiente natural, que vê o mundo não como uma colecção de objectos isolados, mas uma rede de fenómenos que estão fundamentalmente interconectados e interdependentes.



por Vítor Bertocchini

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Superar a resistência à meditação

budismo mindfulness
De sublinhar que todos os que meditam acabam por sentir alguma forma de resistência à prática, principalmente neste nosso mundo frenético. Basta, então, aceitar e permitir. Devemos continuar a prática, sem valorar, assistir ao surgimento e desaparecimento...
#prática


Talvez seja uma das pessoas que já medita, tendo iniciado a sua prática com grande entusiasmo e com objectivos bem definidos, como sejam a redução dos seus níveis de stress ou ser capaz de se concentrar de forma mais efectiva. Pode, também, ter preparado um lugar e uma altura especial para fazer a sua prática, um espaço e um tempo em que pode ir e estar sozinho de forma tranquila.


Apesar de já ter provado os benefícios da prática meditativa, sente, muitas vezes, dificuldades em lhe dar continuidade, descobre desculpas que o impedem de meditar, sente-se culpabilizado. Perante este cenário, torna-se importante a tomada de consciência não valorativa do que está a acontecer e de que é natural, normal e acontece com todos nós, os que tomam o caminho da meditação.

Quais as causas? Muito provavelmente, será porque a mente quer estar no controlo. A mente cria pensamentos que se sucedem constantemente. Acalmar a mente exige concentração, foco e disciplina.A mente é inquieta e quando assume o comando começamos a acreditar que certos pensamentos são, de facto, verdadeiros. Por exemplo, "A meditação não é boa para mim. Tenho praticado todos os dias por duas semanas e eu ainda não sinto benefícios. O que estou a fazer? Não será melhor estar a tratar de outros assuntos mais importante? Eu não gosto de estar sentado de forma calma. Isso não é bom para o meu corpo. Preciso de movimento, de excitação! E a mente não pára...

De sublinhar que todos os que meditam acabam por sentir alguma forma de resistência à prática, principalmente neste nosso mundo frenético. Basta, então, aceitar e permitir. Devemos continuar a prática, sem valorar, assistir ao surgimento e desaparecimento. "Então é isso que se sente como resistência?"

por Vítor Bertocchini

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Treino para a Felicidade


A prática da meditação pode ser perspectivada como um "treino para a felicidade". Independentemente da nossa idade, não há nunca um momento em que não desejemos ser felizes e livres de sofrimento. A felicidade e o sofrimento são opostos, como a luz e a escuridão. Quanto mais felizes nos tornamos, menos sofremos. A felicidade é parte de quem realmente somos, bem como uma competência que podemos cultivar.

De acordo com os ensinamentos de Buda, a felicidade é um estado de espírito e, portanto, as suas causas reais encontram-
se dentro da mente, não nos objectos externos. A felicidade não depende da pura sorte, nem é um favor divino concedido, por capricho, a alguns escolhidos. Não podemos comprar a felicidade, nem mesmo encontrá-la em qualquer lugar que exista fora da mente. No entanto, cada um de nós possui o potencial para ser feliz, e cada um de nós pode tornar-se feliz e ficar feliz. Como? Ao treinar a nossa mente para que ela seja sempre pacífica e positiva.

A meditação é o meio para encontrar e manter a felicidade na nossa mente, e se estamos felizes na nossa mente, estamos felizes em todos os lugares. A palavra tibetana para meditação é "gom", que literalmente significa "familiarizar."Com o que estamos a familiarizar? Com os estados que são benéficos: concentração, compreensão, compaixão correcta, paciência, humildade, perseverança, etc, ou seja, com os estados mentais positivos que nos fazem felizes. De acordo com essa explicação, a meditação não é algo que simplesmente se faça numa almofada, mas durante todo o curso das nossas vidas.

Como um médico, Buda identificou os estados da mente saudáveis, produtivos que nos fazem tranquilos, contentes, felizes, ou bem-aventurados e os estados insalubres, contraproducentes da mente (ou “delírios”) que nos fazem ansiosos, descontentes, infelizes e deprimidos. Exemplos de mentes positivas são o amor, a compaixão, paciência, bondade e sabedoria. Exemplos de ilusões são "os três venenos mentais" de raiva, apego e ignorância.


Sempre que a nossa mente está livre de “delírios” é naturalmente pacífica e clara. Estamos muitas vezes tão virados para nós mesmos e para os nossos problemas que não conseguimos ver que o padrão natural da nossa experiência é, de facto, ser feliz. Ao aprender a meditar, prestamos atenção às sementes da felicidade dentro de nós. Numa cacofonia urbana somos capazes de ouvir os acordes de uma música que gostamos, e por prestar atenção a essa música, ela torna-se mais alta e mais clara para nossos ouvidos. Da mesma forma, prestando atenção aos pequenos momentos de felicidade que já estão dentro de nós e à nossa volta, de forma gradual e sem forçar a nossa experiência de felicidade ela torna-se mais forte e mais intensa.


por Vítor Bertocchini

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