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5 Obstáculos à Meditação e 5 Qualidades a Desenvolver

19:10 Vítor Bertocchini 0 Comments

budismo mindfulness

Conseguir uma mente tranquila - É mais fácil dizer do que realizar. Felizmente, os monges budistas descobriram, séculos atrás, como reduzir a dispersão mental e como se concentrar, acalmando a mente. Podemos aprender com eles.


Simplificando, estes cinco obstáculos são tendências da mente que nos afastam da consciência da nossa experiência no momento presente.

1) Desejo (kama-cchanda) - A tendência da mente para elaborar pensamentos sobre objectos de desejo. Surge porque estamos presos aos cinco sentidos. Na meditação, o desejo aparece sob o querer que a nossa experiência seja "melhor" ou mais confortável de alguma forma. Por exemplo, podemos pensar que queremos que o quarto esteja mais quente, ou como nós gostaríamos de ter uma almofada mais confortável ou uma cadeira ou pensar em como poderíamos fazer algo mais divertido. Muito cuidado nos desejos que formulamos. A simples atitude de desejar impede-nos de progredir na prática meditativa. Não esperar paz, iluminação e saúde, etc.. Em vez disso, devemos aprender a desenvolver contentamento com o que temos. Estar em paz no presente momento, com o silêncio e a respiração.


2) Aversão (vyapada) - a tendência da mente para elaborar pensamentos sobre objectos de desagrado ou aversão. Este obstáculo relaciona-se, também, com a resistência, não querendo que as coisas sejam como são e nos sentindo irritados, por exemplo, com os ruídos à nossa volta. Às vezes, com raiva de alguém, outras, não queremos sentir o desconforto nos nossos corpos ou não queremos que as nossas mentes sejam tão activas, ou que sejemos visitados por emoções intensas que podem vir com a meditação.

3) Preguiça e Torpor Mentais (thina-middha) - apatia, sonolência, incapacidade de nos conectarmos com a nossa experiência. É-nos muito familiar e surge como sentimentos de estar desmotivado para a prática, com sono e cansado ou dolorosamente entediado. Por vezes, combater essa preguiça deixa-nos ainda mais exaustos

4) Inquietação e Remorso (uddhacca-kukkucca) - Surge porque não estamos satisfeitos. Não apreciamos o simples facto de “fazer nada”. Devido à inquietação a mente tende a se pensar obsessivamente sobre o passado e o futuro, com sentimentos de preocupação, medo, desapontamento e ansiedade. Somos incapazes de nos libertar dessa tensão.


5) Dúvida e Indecisão (vicikiccha) - Incapacidade para dirigir a nossa energia para o que estamos a fazer. Falta de confiança na prática e nas nossas próprias competências. Manifestam-se com um sentimento de querer saber por que estamos a gastar o nosso tempo a fazer "nada” e que deveríamos estar a fazer algo mais útil ou será que estamos a usar as técnicas correctas.

Muitas vezes, apenas a consciencialização desses obstáculos é suficiente para um maior envolvimento com a meditação. Se o obstáculo persistir, então podemos deliberadamente cultivar um os opostos ou "antídotos".



Cinco qualidades / Antídotos

Estas cinco qualidades da mente trazem a nossa consciência de volta para o momento presente. Elas podem ser usadas como "antídotos" para os cinco obstáculos.

1) Interesse - em tudo o que está a acontecer no momento presente.

2) Bondade e Compaixão - Tendo a consciência compassiva acerca do que está presente na experiência.

3) Relaxamento e Calma – libertação de tensões físicas no corpo e do pensamento compulsivo, permitindo que a mente se torne serena e aberta.

4) Energia e entusiasmo – sintonizar na energia da sensação física do corpo, tentando desenvolver uma atitude de total entrega em tudo o que fazemos.

5) Auto-confiança
– Recordando, por exemplo, o passado, quando a prática meditativa foi mais gratificante. Desenvolver confiança na nossa própria capacidade para a prática. Recordar pessoas que nos inspiram ou as vidas de grandes praticantes.


Essas cinco qualidades também podem ser usadas como um guia genérico para uma vida mais feliz. Nunca esquecendo que, na tradição budista quando nos levantamos, após a meditação formal,  é que começa verdadeiramente a experiência da meditação. Quando somos confrontados com a prova das experiências quotidianas, na interacção com os outros no aqui e no agora sem estarmos perdidos em 1000 pensamentos.

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