ciencia,

Meditação e Bem-Estar

11:26 Vítor Bertocchini 0 Comments

Nas filosofias orientais, assim como na ciência contemporânea, a Meditação é um treino que visa o desenvolvimento pessoal. No Budismo, por exemplo, uma das premissas fundamentais é que a realidade possui uma natureza impermanente, ou seja, transitória, que por sua vez também caracteriza a natureza dos conteúdos mentais. No entanto, postula-se que os seres humanos, em geral, não percebem a realidade desta forma. Consequentemente ocorrem criações mentais, usualmente distorcidas – ilusões – que geram emoções negativas. Surge, então, o sofrimento, o qual resulta de uma super identificação com estes padrões disfuncionais e aflitivos da mente.

A Meditação é considerada uma das ferramentas que justamente possibilita acabar ou reduzir o sofrimento, pois permite que o praticante entre em contato com a verdadeira natureza dos seus estados mentais. O resultado é uma maior lucidez e percepção mais clara de si, dos fatos, e de que é possível libertar-se de emoções consideradas perturbadoras, como apego, raiva, ignorância, e ainda cultivar qualidades positivas, como compaixão, alegria e equanimidade (Rosch, 2007).

Em termos científicos, as investigações também têm mostrado que a meditação pode ajudar a diminuir ou acabar com o sofrimento, uma vez que desencadeia uma série de processos que se associam a uma vida emocional saudável. Há evidências de que através da sustentação da atenção é possível desenvolver maior capacidade auto-regulatória, a qual resulta em melhores habilidades cognitivas e maior controle emocional, como não-reatividade (Tang et al.,2007). O treino de focalização da mente também parece refletir-se numa maior consciência/atenção plena (mindfulness), autoconhecimento, redução dos pensamentos automáticos e descondicionamentos. Além disso, os resultados sugerem que esta prática estimula mecanismos psicofisiológicos que geram benefícios psicossomáticos (Brefczynski-Lewis, Lutz, Schaefer, Levinson, & Davidson, 2007; Brown & Ryan,2003; Shapiro, Schwartz, & Santerre, 2005). Em suma, de uma forma ou outra, os estudos sobre os efeitos da meditação parecem relacionar esta técnica com aspectos emocionais positivos, que caracterizam uma condição de maior saúde mental e bem-estar.



Referências bibliográficas

- Brefczynski-Lewis, J.A.; Lutz, A.; Schaefer, H. S.; Levinson,D.B.; Davidson, R. J. (2007). Neural correlates of attentional expertise in long-term meditation practitioners. Proceedings of the National Academy of Sciences,104(27), p.11483-11488.
- Brown, K. W., & Ryan, R. M. (2003). The benefits of being present: mindfulness and Its role in psychological well-being. Journal of Personality and Social Psychology, 84(4), 822-848.
- Rosch, E. (2007). More than mindfulness: When you have a tiger by the tail, let it eat you. Psychological Inquiry, 18(4), 258-264.
- Shapiro, S. L., Schwartz, G. E., & Santerre, C. (2005). Meditation and positive psychology. In C. R. Snyder & S. J. Lopez (Eds.), Handbook of positive psychology (pp. 632-645). New York: Oxford USA Trade.
- Tang, Y., Ma, Y., Wang, J., Fan, Y., Feng, S., Lu, Q., Yu, Q., Sui, D., Rothbart, M. K., Fan, M., & Posner, M. I. (2007). Short-term meditation training improves attention and self-regulation. Proceedings of the National Academy of Sciences, 104(43), 17152-17156.

0 comentários: